Você ainda guarda todo o seu dinheiro na Poupança — ou pior, deixa em casa, embaixo do colchão? Isso até pode parecer seguro, mas a verdade é que você está perdendo dinheiro sem perceber.
E não é exagero. Com o tempo, o dinheiro parado perde valor por causa da inflação. Basta lembrar: no começo dos anos 2000, R$100 enchiam um carrinho de supermercado. Hoje, mal dão para uma cestinha. Não é impressão — é realidade.
Em pouco mais de 20 anos, o real já perdeu mais de 76% do seu valor. O que antes custava R$100, hoje pode sair por R$425. Assustador, não?
É por isso que, mais do que poupar, é preciso investir. E vai por mim: ao contrário do que muita gente imagina, você não precisa ser rico, entender tudo de finanças ou correr grandes riscos para começar a investir bem. Existem muitas opções simples, seguras e com rendimento muito superior ao da tradicional caderneta de poupança.
Quer saber mais? Então siga a leitura. Este artigo foi pensado especialmente para quem está começando a investir. Aqui, você vai aprender:
- Qual é a importância de investir dinheiro
- Dicas essenciais para quem está começando a investir
- Os melhores investimentos para iniciantes
- Como montar uma carteira de investimentos
- Quais são os principais riscos e como lidar com eles
- Os erros mais comuns de quem está começando
Preparado para fazer o seu dinheiro trabalhar por você?
Qual é a importância de investir dinheiro?
Existe motivo mais importante para investir do que tirar seus sonhos do papel? Ao aplicar o seu dinheiro — em vez de deixá-lo parado ou gastá-lo sem planejamento —, as suas metas começam a ganhar contornos de realidade. Aquela viagem ao exterior, o carro novo, o próprio negócio, os estudos: tudo isso deixa de ser apenas um desejo distante e passa a ser um plano possível.
E se isso, por si só, não for suficiente para te convencer, saiba que existem muitas outras razões pelas quais todos deveriam começar a investir. Para citar algumas:
- Proteger o seu dinheiro contra a inflação: deixar o dinheiro parado faz ele perder valor com o tempo. Investindo, você evita que seu patrimônio seja corroído pela inflação e mantém (ou até mesmo aumenta) seu poder de compra;
- Crescimento do patrimônio: ao aplicar com regularidade, o dinheiro não só rende — ele se multiplica com o tempo graças aos juros compostos, que fazem o valor acumulado render sobre ele mesmo;
- Montar uma reserva de emergência: ao investir, você se prepara para imprevistos sem recorrer a empréstimos ou cartões de crédito. Nessas horas, depender de crédito agrava o problema. Os juros são altos e, se já estiver endividado, a dívida pode virar uma bola de neve;
- Garantir a estabilidade financeira: ao investir em ativos que pagam juros, dividendos ou aluguéis, você começa a gerar renda passiva — dinheiro entrando sem precisar trabalhar. Com o tempo, essa renda pode substituir o seu salário.
Portanto, investir é uma forma de dar um destino mais inteligente às suas poupanças, de modo que o dinheiro que você tem guardado se multiplique. A ideia é que lá na frente, esse valor acumulado ajude a bancar suas escolhas, especialmente quando sua renda diminuir ou parar completamente.
Dica: quanto mais tempo os juros compostos tiverem para agir, maior será o retorno. Ou seja: quanto antes você começar, melhor. Mas isso não significa que quem já tem mais idade perdeu o bonde — nunca é tarde para começar a investir.
Quer mais dicas? A seguir, separei várias orientações práticas para quem quer investir com segurança, mesmo começando do zero.
Dicas essenciais para iniciantes investirem
Já se convenceu da importância de investir seu dinheiro? Então, antes de apresentar os melhores investimentos para iniciantes, deixa eu compartilhar algumas dicas e conceitos essenciais para quem está começando.
Com essa introdução, você vai se sentir mais seguro para fazer boas escolhas e dar os primeiros passos com confiança. Olha só:
- Situação financeira: antes de tudo, organize suas finanças. Se tiver dívidas, concentre-se em quitá-las primeiro. Assim, você evita decisões precipitadas e não precisa resgatar o dinheiro antes da hora;
- Planejamento financeiro: com as contas em dia, é hora de planejar. Saiba exatamente quanto entra e quanto sai por mês — só assim você consegue definir quanto pode investir de forma realista;
- Reserva de emergência: essa deve ser sua primeira meta. Ela protege você de imprevistos como desemprego ou gastos inesperados. Guarde o equivalente a pelo menos seis meses dos seus custos fixos;
- Renda fixa e variável: estude as diferenças entre renda fixa e renda variável e conheça os produtos de cada categoria. Isso vai te ajudar a entender os riscos e escolher melhor;
- Perfil de risco: faça um teste de suitability para descobrir qual é o seu perfil de investidor. Isso facilita na hora de saber quais investimentos combinam com você — e quais evitar;
- Horizonte de tempo: cada objetivo tem um prazo. Juntar dinheiro para uma viagem é mais rápido do que para comprar um imóvel, por exemplo. O tipo de investimento deve acompanhar o prazo da sua meta;
- Liquidez: alguns investimentos não permitem resgates imediatos. Se você pode precisar do dinheiro em breve, escolha opções com liquidez alta, de preferência diária;
- Diversificação: não coloque todo o dinheiro em um só investimento. Se ele for mal, o prejuízo pode ser grande. Diversificar é uma forma simples de reduzir riscos e proteger seu capital.
Anotou tudo?
Então agora sim: chegou a hora de conhecer os investimentos mais indicados para iniciantes. Vamos nessa?
Qual é o melhor investimento para iniciantes hoje?
Embora cada investidor seja único, há um consenso: os melhores investimentos para quem está começando são aqueles que oferecem mais segurança, são acessíveis, fáceis de entender e permitem resgate rápido. Afinal, é natural testar a temperatura da água com a ponta dos dedos antes de mergulhar de vez.
Que investimentos são esses?
Geralmente, os chamados investimentos de renda fixa. Eles se destacam pela previsibilidade — uma característica valiosa para quem ainda está dando os primeiros passos.
Na prática, isso significa que quem aplica em um produto de renda fixa sabe, desde o início, como, quando e quanto o investimento pode render. Mesmo quando o retorno não é pré-definido, o investidor conhece as regras de rentabilidade, o que permite estimativas bastante confiáveis.
É o oposto dos ativos de renda variável, como as famosas ações, cujo preço muda constantemente. Uma hora estão em alta, outra em queda — e não há como prever com precisão.
Mas afinal, quais são os investimentos de renda fixa?
O leque é amplo, e é importante conhecer pelo menos os principais. Cada um tem suas particularidades e pode servir para objetivos diferentes.
Pode ficar tranquilo: abaixo, explico cada um deles de forma direta e simples, para te ajudar a entender melhor por onde começar.
CDB (Certificado de Depósito Bancário)
O CDB é um título de dívida emitido por bancos para financiar suas atividades de crédito, como empréstimos e financiamentos.
Ao investir em um CDB, você está, na prática, emprestando dinheiro ao banco. Em troca, recebe o valor investido com juros, que podem ser prefixados, pós-fixados ou híbridos (explicarei isso mais adiante).
Uma vantagem importante do CDB é a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que cobre até R$250.000,00 por CPF e por instituição, em caso de falência ou problemas financeiros do banco.
Dica: CDBs de bancos menores costumam oferecer taxas mais atrativas — é uma forma de chamar a atenção dos investidores. Além disso, quanto maior o prazo do investimento, maior tende a ser o retorno.
Tesouro Direto
Também chamados de títulos públicos federais, os títulos do Tesouro Direto são certificados de dívida emitidos pelo Tesouro Nacional.
Isso significa que, ao adquirir um destes títulos, você está emprestando dinheiro para o governo, que o utilizará para pagar despesas e financiar projetos públicos.
Embora sejam indicados para todos os perfis de investidor, esses títulos são especialmente recomendados para iniciantes, por várias razões:
- Segurança: são considerados os investimentos mais seguros do país, pois tem a garantia do próprio governo federal;
- Liquidez diária: podem ser resgatados a qualquer momento, independentemente do prazo;
- Acessibilidade: os títulos do Tesouro Direto são vendidos de forma fracionada, o que permite começar a investir com cerca de R$30,00.
O Tesouro Direto oferece diferentes tipos de títulos, com regras, prazos e rentabilidades específicas, conforme resumido na tabela abaixo:
Nome do título | Como funciona | Para quem é indicado | Principais benefícios |
Tesouro Prefixado | O investidor sabe exatamente quanto vai receber no vencimento | Quem quer previsibilidade e pode deixar o dinheiro alocado até o fim | Rendimento fixo e previsível |
Prefixado com juros semestrais | Igual ao anterior, mas com o pagamento de juros a cada 6 meses | Quem quer complementar a renda regularmente | Renda periódica + valor fixo no vencimento |
Tesouro IPCA+ | Garante um rendimento fixo acima da inflação . A rentabilidade é híbrida, formada por uma taxa fixa e outra atrelada ao IPCA | Quem quer proteger o dinheiro da inflação no longo prazo | Ganho real e preservação do poder de compra |
IPCA+ com juros semestrais | Mesmo que o IPCA+, mas com pagamento semestral de juros | Quem quer renda extra regular + proteção contra inflação | Renda periódica + ganho real |
Tesouro Selic | A rentabilidade segue a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, com poucas oscilações | Quem quer reserva de emergência ou segurança | Liquidez diária e estabilidade |
Tesouro RendA+ | O investidor aplica agora e recebe renda mensal por 20 anos no futuro | Quem quer planejar a aposentadoria | Renda complementar protegida contra inflação |
Tesouro Educa+ | Parecido com o RendA+, mas voltado para gastos com educação | Quem quer pagar faculdade ou estudos futuros | Renda mensal no período escolar ou universitário |
Dica: embora o Tesouro Direto garanta a recompra diária desses títulos, o ideal é evitar o resgate antecipado se não quiser correr o risco de receber menos do que investiu. Por isso, escolha sempre títulos compatíveis com seus objetivos e com o tempo que pretende deixar o dinheiro aplicado.
LCI (Letra de Crédito Imobiliário)
As Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) funcionam de forma parecida com o CDB: o investidor empresta dinheiro ao banco e recebe juros em troca.
A diferença é que, nesse caso, o dinheiro arrecadado pelo banco deve ser usado especificamente para financiar atividades do setor imobiliário — como a concessão de crédito para compra ou construção de imóveis.
A maioria das LCIs têm rentabilidade pós-fixada e, em geral, pagam juros um pouco menores do que os CDBs, mas com um diferencial importante: por financiarem um setor considerado estratégico para o desenvolvimento do país, são isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas.
Além disso, as LCIs também contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que cobre até R$250 mil por CPF e por instituição, em caso de falência do banco.
LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)
As Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) funcionam de maneira quase idêntica aos LCIs. São investimentos de renda fixa, isentos de Imposto de Renda e com proteção do Fundo Garantidor de Crédito.
A grande diferença está na finalidade do dinheiro: como é possível deduzir, nas LCAs, os recursos arrecadados pelo banco devem ser usados para financiar atividades do setor do agronegócio — como produção agrícola, compra de máquinas ou insumos.
Debêntures
As debêntures são títulos de renda fixa emitidos por empresas privadas. Ao investir em uma debênture, você está emprestando dinheiro para a empresa em troca de uma remuneração (juros).
Esses recursos são usados pelas empresas para tirar projetos do papel, expandir operações ou pagar dívidas, sem precisar recorrer a bancos ou emitir ações na bolsa.
Como incentivo para atrair investidores, as debêntures costumam oferecer juros mais altos do que títulos de bancos (como CDBs) ou do governo (como o Tesouro Direto). Em alguns casos, também oferecem benefícios adicionais, que variam conforme o tipo de debênture:
Tipo de Debênture | Como funciona | Observações |
Simples ou Ordinárias | Pagam apenas os juros combinados, que podem ser prefixados, pós-fixados ou híbridos | São as mais comuns, não oferecem vantagens extras |
Incentivadas | Usadas para financiar projetos de infraestrutura. São isentas de IR para pessoas físicas | Costumam ter prazos maiores |
Conversíveis | Podem ser convertidas em ações da empresa em vez de serem pagas em dinheiro | Úteis para quem quer participar do crescimento da empresa |
Cupom Zero | Não pagam juros ao longo do tempo — você recebe tudo (juros + principal) apenas no vencimento | Pode ser vantajosa para quem não precisa de renda no curto prazo |
Participativas | Além dos juros, o investidor tem direito a parte do lucro da empresa | Mais arriscadas, pois dependem do desempenho da empresa |
Permutáveis | Podem ser trocadas por ações de outra empresa ligada ao grupo emissor | Pouco comuns, misturam características de renda fixa e variável |
Com warrants | Dão o direito de comprar ações da empresa no futuro a um preço previamente definido | Combinação entre investimento fixo e aposta no crescimento da empresa |
Atenção: as debêntures são, ao mesmo tempo, um dos investimentos mais arriscados e com maior potencial de retorno dentro da renda fixa. Por isso, costumam ser vistas como uma espécie de “ponte” entre a renda fixa e a renda variável.
Esses títulos não contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Ou seja, se a empresa emissora passar por dificuldades financeiras, há o risco de não receber os juros prometidos ou até perder o valor investido.
Por isso, as debêntures são mais indicadas para investidores moderados ou com alguma experiência, que já entendem os riscos e sabem avaliar a saúde financeira da empresa antes de investir.
Fundos de investimentos de renda fixa
Os Fundos de Investimento (FIs) em renda fixa são uma das formas mais práticas de começar a investir — principalmente para quem ainda não tem muita familiaridade com o mercado.
Na prática, eles funcionam como uma vaquinha: várias pessoas aplicam seu dinheiro juntas, e um profissional chamado gestor fica responsável por investir esse montante em títulos de renda fixa (como Tesouro Direto, CDBs, entre outros), de acordo com as regras do fundo.
Ou seja: ao comprar cotas de um fundo, você está confiando seu dinheiro a um especialista que irá buscar as melhores oportunidades. Os rendimentos (ou perdas) são divididos entre os investidores proporcionalmente à quantidade de cotas que cada um possui.
Por segurança, a atuação do gestor segue regras rígidas, tanto definidas pela política interna do fundo quanto por órgãos reguladores. No caso dos fundos de renda fixa, pelo menos 80% do patrimônio deve ser investido em ativos relacionados à taxa Selic, CDI, IPCA ou uma combinação deles.
Existem diferentes tipos de Fundos de Renda Fixa. Os mais comuns são:
Tipo de fundo | Como funciona | Para quem é indicado |
Fundo simples | Investe em ativos de baixo risco e com alta liquidez | Quem quer segurança e pode precisar de acesso rápido ao dinheiro |
Fundo referenciado | Acompanha de perto o desempenho de um indicador específico, como o CDI ou Selic | Quem busca rendimento previsível, com baixa oscilação |
Fundo de curto prazo | Aplica em títulos que vencem em até 2 ano | Investidores com objetivos de curto prazo |
Fundo de longo prazo | Investe em títulos com vencimentos acima de 2 anos | Ideal para metas mais distantes e com maior tolerância a oscilações |
Fundo de crédito privado | Compra títulos de empresas (como debêntures e CDBs) | Quem quer rentabilidade maior, mas aceita mais risco |
Fundo de dívida externa | Investe em títulos emitidos por outros países (bonds) | Investidor que busca diversificação geográfica e exposição internacional |
Atenção: os fundos de renda fixa não contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Além disso, o valor das cotas pode oscilar para cima ou para baixo, especialmente nos fundos de longo prazo ou que investem em crédito privado.
Outro ponto importante: esses fundos costumam cobrar taxas de administração (pelo trabalho do gestor) e, em alguns casos, taxas de performance — um valor extra cobrado quando o fundo supera determinado rendimento. Esses custos afetam diretamente o seu retorno, por isso é importante avaliá-los antes de investir.
LC (Letras de Câmbio)
A Letra de Câmbio (LC) é um título de renda fixa muito parecido com o CDB. A diferença é que, em vez de ser emitida por bancos, ela é oferecida por outras instituições financeiras, como financeiras e cooperativas de crédito.
Um ponto positivo é que as LCs também contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Por outro lado, seus rendimentos estão sujeitos à cobrança de Imposto de Renda, que segue uma tabela regressiva: quanto mais tempo o dinheiro ficar investido, menor será a alíquota do imposto.
Dica: as LCs costumam oferecer boas taxas de retorno, especialmente em instituições menores. Apenas lembre-se de verificar o prazo de vencimento e o risco da instituição antes de investir.
CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários)
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) são investimentos de renda fixa privada, emitidos por securitizadoras.
Os CRIs representam valores que empresas do setor imobiliário têm a receber no futuro — como prestações de imóveis vendidos a prazo — e que são antecipados por meio da emissão desses papéis no mercado financeiro.
Em outras palavras: você empresta dinheiro hoje e, em troca, passa a ter o direito de receber parte desses pagamentos futuros. Assim como as LCIs, os CRIs também são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que pode tornar a rentabilidade líquida mais atrativa.
Atenção: como são investimentos atrelados a empresas privadas, os CRIs não têm a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Além disso, costumam ter baixa liquidez — ou seja, é difícil resgatar o dinheiro antes do vencimento. Por isso, são investimentos voltados ao longo prazo.
Em compensação, esses riscos geralmente vêm acompanhados de rentabilidades superiores às de outros investimentos de renda fixa mais tradicionais.
CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio)
Os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) são investimentos de renda fixa privada, muito parecidos com os CRIs. A única diferença é o setor de origem: enquanto os CRIs estão ligados ao mercado imobiliário, os CRAs estão associados a atividades do agronegócio.
Esses títulos representam valores que empresas do agro têm a receber no futuro, como pagamentos por vendas de grãos, insumos ou máquinas agrícolas.
Como montar uma carteira de investimentos?
A carteira de investimentos — também chamada de portfólio — é o conjunto de aplicações financeiras que você possui. Montar uma carteira significa organizar e distribuir o seu dinheiro entre diferentes tipos de investimento, levando em conta o seu perfil de risco e os seus objetivos financeiros.
E, sim, eu entendo: para quem está apenas começando a conhecer os produtos de investimento, pensar em dividir o dinheiro entre diferentes papéis pode mesmo parecer coisa demais para dar conta. Mas respira fundo: não é preciso ser um especialista para montar uma boa carteira.
Tá precisando de um empurrãozinho? Então olha só essas dicas que separei para te ajudar:
- Comece com um colchão de segurança: antes de qualquer coisa, monte sua reserva de emergência — um valor guardado para imprevistos. Ela deve estar em investimentos de fácil acesso e com baixo risco, como o Tesouro Selic ou fundos DI;
- Oriente-se pelo tempo: se o seu objetivo é para logo, busque investimentos mais conservadores e com liquidez diária. Se for para o longo prazo, você pode incluir ativos com maior potencial de retorno (e mais risco);
- Não invista no que você não entende: se um produto parece complicado demais, dê um passo atrás. Estude, pergunte, pesquise;
- Reinvista seus retornos: em vez de resgatar todo seu lucro, sempre que possível, reaplique os rendimentos. Isso pode acelerar o crescimento do seu patrimônio graças aos juros compostos;
- Acompanhe, mas sem ansiedade: você não precisa (e nem deve) checar seus investimentos todos os dias. Avalie sua carteira a cada três ou seis meses, faça ajustes se necessário e siga seu planejamento;
- Diversifique: espalhe seu patrimônio entre diferentes tipos de investimento — quanto mais diversa a carteira, melhor. Se possível, escolha ativos com baixa correlação, ou seja, que não se comportam da mesma forma em momentos de crise.
Dica adicional: comece com o básico (Tesouro, CDB, fundos de renda fixa simples), estude aos poucos, e vá ajustando a carteira conforme sua experiência cresce.
Se você tem um perfil muito conservador, inicie com uma carteira 100% em renda fixa. Com o tempo, exponha parte do seu portfólio a produtos de renda variável, buscando aumentar seus rendimentos. Parte de 10% ou 20% e vá crescendo, sempre respeitando sua tolerância a risco e cuidando para nunca ficar mais exposto do que deveria.
Quer um exemplo de carteira para iniciantes?
Ativo | % da carteira | Notas |
Tesouro Selic | 40% | Baixa volatilidade e liquidez razoável;Pouco ou nenhum risco de perda no curto prazo;Foco em investimentos cobertos pelo FGC. |
CDBs de bancos grandes e médios | 30% | |
LCIs / LCAs | 15% | |
Fundos de renda fixa simples | 10% | |
Fundos multimercado leves | 5% |
Observação: esta tabela não deve ser interpretada como uma recomendação de investimento. As alocações apresentadas têm caráter meramente ilustrativo, com o objetivo de exemplificar possíveis composições de carteira para um investidor iniciante. As decisões de investimento devem sempre considerar os seus objetivos pessoais, horizonte de tempo e perfil de risco.
Como funciona o ganho de dinheiro com investimentos?
Para entender como você ganha dinheiro na renda fixa, pense que está emprestando seu dinheiro para alguém — pode ser o governo, um banco ou uma empresa.
Esse “alguém”, chamado de emissor, usa o seu dinheiro por um período e, em troca, se compromete a devolver o valor investido acrescido de juros, em uma data combinada. É assim que funcionam os títulos de renda fixa.
O quanto você vai ganhar depende de como essa taxa de juros é calculada. Existem três formas principais:
- Prefixada: você sabe exatamente quanto vai receber no vencimento, porque a taxa de juros já é definida no momento da aplicação. Se for 10%, esse será o seu retorno;
- Pós-fixada: a rentabilidade está atrelada a um indicador econômico, como o CDI ou a taxa Selic. O rendimento final só será conhecido no momento do resgate, pois depende da variação desse índice ao longo do tempo;
- Híbrida: combina uma taxa fixa com outra atrelada à inflação (IPCA). A parte fixa representa o ganho real, enquanto a parte variável protege o poder de compra do seu dinheiro.
E na renda variável?
Nos investimentos de renda variável, o retorno é imprevisível. Ativos como ações, fundos imobiliários do tipo tijolo (que investem em imóveis físicos) ou criptomoedas estão sujeitos a oscilações constantes — e não há limites nem para a alta nem para a queda. Nesses casos, o lucro pode vir de duas formas principais:
- Ganho de capital: quando você vende o ativo por um preço maior do que pagou;
- Dividendos: distribuição de parte dos lucros feita por empresas ou fundos aos investidores.
Em resumo: na renda fixa, o investidor conta com mais segurança e previsibilidade, já que conhece, desde o início, as regras que determinam a rentabilidade do investimento. Já na renda variável, ocorre o contrário: os retornos são incertos e podem oscilar bastante, conforme as condições e os humores do mercado.
Quais são os riscos dos investimentos?
Todo investimento envolve algum grau de risco — uns mais, outros menos. Mesmo as opções mais conservadoras, indicadas para iniciantes, não estão isentas. A depender do produto, alguns riscos comuns incluem: liquidez, mercado, crédito, inflação, cambial, volatilidade e riscos não sistemáticos, só para citar os mais conhecidos.
Mas calma, não precisa sair correndo. A ideia aqui não é assustar, e sim te preparar. Entender os riscos é o primeiro passo para investir com consciência, definir até onde você está disposto a ir e escolher os produtos certos para o seu perfil.
Tenha em mente que não investir também é arriscado. Deixar o dinheiro parado na poupança ou guardado no cofre pode significar perder poder de compra com o tempo.
Para que você entenda melhor, vale aqui apresentar o que são cada um desses riscos. Olha só:
- 1. Risco de mercado (ou risco sistemático): refere-se às oscilações nos preços dos ativos financeiros por conta de fatores que afetam todo o mercado como crises financeiras, pandemias, guerras, mudanças nas taxas de juros ou na inflação;
- 2. Riscos não sistemáticos (ou riscos específicos): afetam um setor, uma empresa ou um ativo específico. Por exemplo, uma má gestão em uma empresa ou problemas regulatórios em um setor. Esse risco pode ser diluído com diversificação;
- 3. Risco de crédito (ou risco de calote): é a chance de o emissor do investimento (um banco, empresa ou até o governo) não pagar o valor prometido. Esse risco está presente até em títulos públicos — embora o risco do governo seja considerado quase nulo;
- 4. Risco de liquidez: é o risco de não conseguir vender um ativo com facilidade ou só conseguir vendê-lo a um preço bem abaixo do esperado;
- 5. Risco de inflação: é a possibilidade de a inflação corroer o poder de compra dos seus rendimentos. Se seu investimento render menos do que a inflação no período, você terá perdido dinheiro;
- 6. Risco cambial: presente em investimentos com exposição ao dólar ou a outras moedas estrangeiras. É o risco de prejuízo por conta da variação cambial, mesmo que o ativo em si esteja indo bem no exterior;
- 7. Risco de volatilidade: está relacionado à intensidade e frequência das variações de preço de um ativo. Quanto maior a volatilidade, mais imprevisível é o comportamento do investimento.
Quais são os principais erros de investidores iniciantes?
Você já deve ter ouvido que “é errando que se aprende”, certo? Mas isso não significa que os erros precisam ser seus. Conhecer as falhas mais comuns cometidas por investidores iniciantes é uma forma inteligente de evitar armadilhas e proteger o seu dinheiro.
A seguir, veja os deslizes mais frequentes de quem está começando e como evitá-los:
- Não se planejar: Investir exige planejamento. É fundamental conhecer seus objetivos, prazos e tolerância ao risco. Sem metas claras para te orientar, pode ser difícil manter o hábito de poupar e tomar boas decisões ao longo do caminho;
- Cair em promessas de retorno rápido: se um investimento parece bom demais para ser verdade, provavelmente é. Desconfie de promessas de retornos rápidos ou com rentabilidade exorbitante — elas podem esconder fraudes ou riscos elevados;
- Não ter uma reserva de emergência: a reserva de emergência deve ser seu primeiro objetivo financeiro. Ao investir sem um colchão de segurança, você pode acabar tendo que resgatar dinheiro na hora errada — e com prejuízo;
- Aplicar todo dinheiro em um só produto: concentrar tudo em um só investimento é um risco para seu patrimônio. Caso esse título, por algum motivo, enfrente problemas, você pode acabar perdendo dinheiro;
- Deixar-se levar pela emoção: evite decisões impulsivas. Muitos investimentos oscilam bastante, o que pode levar à compra por empolgação ou à venda por pânico. Investir exige disciplina e pensamento de longo prazo;
- Dar um passo maior que a perna: assumir riscos que você não entende ou aplicar mais dinheiro do que pode perder pode comprometer suas finanças. Vá devagar e sempre.
Um erro mais para fechar? Não estudar.
Quando o assunto é investimento, acredite: conhecimento é dinheiro. Para investir melhor, é preciso aprender continuamente. Conheça os produtos, entenda os riscos e acompanhe o mercado. Isso faz toda a diferença nos seus resultados.
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Comentários
Ótimo, gostei.