Dentre todas as atividades de um profissional do mercado financeiro, a análise de riscos é, sem dúvidas, uma das mais importantes. Estes, inclusive, podem ser variados – e hoje eu trouxe um específico para te ensinar: o risco de liquidez. Vamos aprender?

O que é risco de liquidez?

Primeiramente, permita-me relembrar o que é a liquidez. Da forma mais simples possível, resume-se esse conceito como a capacidade de transformar um bem em dinheiro. É bem fácil entender: quando você compra um carro novo, por exemplo, certamente não considera que vá ficar com ele pra sempre, mas que talvez no futuro você o venda. Esta venda, então, seria o conceito de liquidez.

O risco de liquidez, portanto, é o risco de ter prejuízo na operação – vender algo por um preço menor do que aquele praticado na hora de comprar.

Exemplos de risco de liquidez

O exemplo do carro é bem simples e serve para entendermos, sem muitas delongas, o conceito de liquidez. Entretanto, para profissionais do mercado e estudantes de certificação (principalmente da CPA-10 e da CPA-20), precisamos nos ater a exemplos mais específicos.

Pensemos, então, em um investidor do mercado imobiliário. Se esta pessoa adquirir três apartamentos e um galpão comercial, qual pode apresentar maior risco de liquidez? Neste nicho, é muito mais fácil conseguir inquilinos para morar em um apartamento residencial do que conseguir alguém que alugue um galpão – o tipo de ambiente que geralmente requer uma empresa muito específica para se interessar pelo imóvel. Logo, esse galpão apresentaria um risco de liquidez maior.

Temos ainda o clássico exemplo dos títulos de investimento. Se alguém retirar seus rendimentos antes do prazo combinado, vai arcar com o risco da liquidez, já que receberá menos dinheiro do que estava previsto. Uma ação cujo preço caiu em relação ao momento da compra também é uma forma de encontrar o risco de liquidez.

Qual a diferença entre risco de mercado e risco de liquidez?

Ambos os riscos andam juntos, mas referem-se a conceitos diferentes. O risco de mercado consiste em todos os fatores externos que podem afetar negativamente o setor financeiro e causar prejuízo aos seus investidores.

Uma chuva forte que cause prejuízo em uma safra, por exemplo, vai afetar o agronegócio. Seguindo a mesma lógica, podemos ter problemas políticos, movimentos nas taxas de juros etc.

Se um agente causador de reações adversas entra em ação, o risco de liquidez pode ser uma consequência – um ativo que perdeu seu valor devido a fatores externos, por exemplo.

Como funciona o risco de liquidez?

A classificação de ativos é bem simples: eles podem apresentar risco alto ou baixo de liquidez. Novamente, fatores externos podem interferir no seu valor. Mesmo assim, normalmente o tempo é o que mais exerce influência sobre eles. 

Vamos entender melhor?

Alto risco de liquidez

Um ativo vai apresentar esse risco alto se:

  • Só puder ser resgatado em um futuro distante;
  • Necessitar que seu preço seja dramaticamente reduzido para vendê-lo;
  • Demandar muito tempo até que seja vendido.

Voltemos ao exemplo do carro: se o dono tiver pressa em vendê-lo, provavelmente vai baixar bastante o seu preço para atrair possíveis compradores rapidamente. Um ativo de renda fixa que é resgatado antes do prazo, por outro lado, também vai ter sua rentabilidade afetada negativamente. 

Eu posso citar novamente o mercado imobiliário também. Um imóvel pode levar muito tempo para ser vendido, já que essa operação não é tão simples – o que gera, portanto, o alto risco de liquidez. Aqui, inclusive, entram os fundos imobiliários, que são uma opção melhor para quem se interessa pelo mercado, mas não deseja arcar com um risco muito alto.

Baixo risco de liquidez

Aqui, a ideia geral é bem simples: se o ativo pode ser vendido rapidamente, então o seu risco de liquidez será baixo. 

CDBs com liquidação diária ou títulos do Tesouro Nacional com marcação a mercado, por exemplo, sofrem pouquíssimas oscilações e oferecem baixo risco de liquidez.

Quais os tipos de risco de liquidez?

Como você viu até aqui, o risco de liquidez pode acabar sendo uma consequência de outros fatores. Por isso, agora eu quero te explicar alguns tipos de risco que você deve saber para sua vida profissional e para suas provas de certificação:

Risco de Liquidez de Mercado

Esse risco de liquidez é o mesmo que vimos neste mesmo artigo. Vamos relembrar o que ele representa?

Aqui, temos a interferência negativa de fatores externos sobre um ativo. Crises políticas e problemas climáticos são dois exemplos bem comuns. 

Assim, se um ativo tem seu valor reduzido, por consequência seu investidor pode sair no prejuízo quando tentar vendê-lo.

Risco de liquidez de financiamento

Se uma empresa não tem condições de arcar com suas obrigações, então temos um risco de liquidez em jogo. Isso costuma acontecer quando uma instituição não consegue captar todos os recursos financeiros que tinha planejado, ou quando a sua saúde financeira já não vai muito bem.

Em ambos os casos, é nosso papel como profissionais executar essa investigação com antecedência, a fim de tentar prevenir esse tipo de risco.

Como medir o risco de liquidez?

Felizmente, contamos com alguns indicadores que podem nos ajudar a analisar todos esses riscos. São eles:

Liquidez corrente

Este indicador mede a capacidade de uma instituição em honrar seus compromissos de curto prazo. Para isso, se utiliza essa fórmula:

Liquidez corrente = ativo circulante / passivo circulante

Para constatarmos que uma empresa tem liquidez corrente – em outras palavras, recursos para pagar suas dívidas a curto prazo – o resultado deve ser maior que 1.

Liquidez seca

O conceito deste se parece bastante com o anterior. No entanto, este indicador considera o valor de estoque – algo que não aparece no cálculo da liquidez corrente. A fórmula é esta:

Liquidez seca = (ativo circulante – estoque) / passivo circulante

Novamente, o resultado precisa ser maior que 1 para indicar que o capital da empresa, bem como suas obrigações, equivalem.

Liquidez imediata

Como o próprio nome indica, este indicador de liquidez existe para analisar se uma empresa tem recursos (investimentos, contas bancárias, reservas etc.) suficientes para efetuar pagamentos de forma imediata. Outra forma de definir o seu propósito é: a dita empresa conseguiria se virar em situações de emergência financeira?

Para este indicador, temos uma fórmula também:

Liquidez imediata = disponibilidades / passivo circulante

Dessa vez, para o resultado ser positivo – ou seja, demonstrar que os recursos em caixa são suficientes para arcar com emergências – este deve ser igual a 1.

Liquidez geral

Por fim, temos um indicador que considera todos os ativos e passivos que fazem parte do patrimônio de uma empresa, sejam eles de curto ou longo prazo. Dessa forma, podemos avaliar se, nos últimos anos, uma instituição teve sua liquidez aumentada ou reduzida.

Eis aqui a fórmula para este caso:

Liquidez geral = (ativo circulante + realizável a longo prazo) / (passivo circulante + não-circulante)

Assim como no indicador anterior, o resultado ideal deve ser igual a 1.

Como é gerenciado o risco de liquidez?

Pensou que eu ia responder a essa pergunta com alguma solução mirabolante e complexa? Nada disso! O gerenciamento do risco de liquidez pode ser feito com excelência a partir de uma estratégia bastante conhecida no mercado financeiro: ter uma cartela de investimentos diversificada.

A lógica é bem fácil de entender: se surgir uma situação de emergência, o investidor pode vender os ativos com maior liquidez. Assim, não arrisca ter prejuízo tentando vender os ativos que apresentam maior risco nessa negociação.

Como evitar risco de liquidez?

Primeiramente, precisamos entender que o risco de liquidez sempre vai existir, em maior ou menor grau. 

No que diz respeito à necessidade de evitá-lo, mais uma vez a solução é bem simples. Se o investidor tiver objetivos a longo prazo – em outras palavras, não deverá precisar do dinheiro tão cedo – então os ativos com maior risco de liquidez podem ser escolhidos.

Já se a intenção é criar uma reserva de emergência, ou ainda qualquer outro cenário no qual o dinheiro seja requerido em um prazo curto, é mais seguro optar por ativos de maior liquidez – que podem ser vendidos mais facilmente, sem grandes perdas.

Em resumo, evitar o risco de liquidez requer planejamento. A partir do momento em que um profissional conhece os objetivos e as especificidades de seu cliente, dominando os indicadores e fórmulas que mostrei aqui, fica mais fácil traçar estratégias que minimizem os impactos deste risco.

Quais os riscos em operar em um mercado sem liquidez?

Existem, sim, mercados com pouca ou nenhuma liquidez. Contudo, os riscos que eles apresentam podem ser bem maiores do que apenas ter que lidar com a tarefa de estabelecer um planejamento para avaliar a eficiência de outros mercados.

Por quê, Kléber? Bem, nesse tipo de ambiente, as negociações podem ser facilmente manipuláveis. E isso pode acontecer, por exemplo, dessa forma: alguém com grande influência pode efetuar uma operação enorme que vai alterar o valor de um ativo em seu benefício próprio. 

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