Nenhum investimento é 100% seguro, nem mesmo aqueles adequados para quem tem perfil conservador. Isso significa que você ou seus clientes precisam sentir medo de investir? É claro que não!

O risco financeiro existe para ser analisado e minimizado. Por funcionar como uma espécie de indicador de desempenho, ele tem o propósito de nos orientar a fim de tomarmos decisões mais assertivas ao aplicar nosso patrimônio, ou ao gerir os recursos de terceiros.

Sem mais delongas: neste artigo, eu vou te ensinar tudo o que você precisa saber sobre o assunto.

O que é risco financeiro?

O risco financeiro é a probabilidade que um investimento ou transação tem de resultar em retorno abaixo do esperado ou prejuízo

Assim, quem aplica seu patrimônio sem calcular a relação entre o risco e o retorno de um ativo, corre um grande risco de tomar uma péssima decisão.

O risco financeiro, aliás, não se resume somente aos investimentos. Eles se fortalecem, na verdade, toda vez que deixamos uma ponta solta e adotamos estratégias inconsequentes. 

Para que você compreenda melhor o conceito de risco financeiro, eu trouxe alguns cenários bem comuns:

Deu para notar como os riscos podem ser variados e apresentar dimensões diferentes também, não é? Pois bem, agora, eu quero te mostrar os principais no mercado financeiro.

Quais tipos de riscos financeiros?

Eu separei aqui os principais tipos – aqueles que estarão presente na maioria das operações que você vai realizar ao longo de sua carreira.

Riscos de crédito

Este aqui é bastante comum e acontece quando uma das partes envolvidas na transação não paga o que deve. Uma empresa que permite o pagamento parcelado, por exemplo, corre o risco de crédito.

É por isso que os bancos submetem clientes em busca de concessão de crédito por uma análise prévia, antes de ceder algum recurso. Essa é uma tática para tentar amenizar esse risco específico. 

Riscos de liquidez

Refresque a memória comigo rapidinho: liquidez é a capacidade que um bem tem de ser transformado em dinheiro. Assim, o risco de liquidez implica na possibilidade de:

  • Não obter o retorno esperado ao vender um bem ou ativo;
  • Ter prejuízo ao efetuar a operação;
  • Sofrer dificuldades ao tentar vender um bem ou ativo.

Se estivermos falando de uma empresa, então o risco de liquidez também aponta para sua capacidade (ou incapacidade) de cumprir com suas obrigações financeiras, como pagamento de dívidas e funcionários.

Riscos de mercado

O mercado financeiro oscila com frequência. Commodities, ações, aspectos econômicos nacionais e internacionais, política… Todos esses fatores podem afetar o desempenho de investimentos e empresas.

Essa interferência pode, naturalmente, trazer lucros ou prejuízos. Por isso, aplicar dinheiro em algum título antes de observar as flutuações do mercado não é uma boa ideia.

Riscos operacionais

Nesse caso, temos falhas humanas ou tecnológicas – quando um sistema dá erro, por exemplo. Dentre todos os riscos que eu listei até agora, esse é, provavelmente, um dos mais difíceis de prever.

Apesar de a tecnologia nos prover plataformas seguras para realizar operações no mercado financeiro, e das próprias instituições – como a Bolsa de Valores – estarem protegidas por esquemas bastante sólidos de segurança, ainda há uma pequena porcentagem de risco operacional.

Riscos legais

Estes riscos dizem respeito aos acordos e operações realizadas sem um contrato. Dessa forma, elas não têm nenhum respaldo jurídico ou garantia de reembolso.

Basicamente qualquer combinado informal ou feito na base da palavra coloca todos os envolvidos em risco legal. É por isso, inclusive, que temos tantas instituições financeiras reguladoras do mercado. Dessa forma, é possível diferenciar as organizações confiáveis do setor daquelas que não o são.

Riscos cambiais

Qualquer negociação feita entre moedas diferentes está sujeita ao risco de câmbio. Aqui, o Dólar é a moeda estrangeira mais presente nesse tipo de operação, como você já deve saber.

Assim, uma empresa que trabalha com importações, por exemplo, precisa utilizar instrumentos de proteção – como o hedge – para prevenir possíveis grandes prejuízos dada a oscilação constante da moeda. 

Exemplos de riscos financeiros

Agora que já temos os conceitos dos principais riscos financeiros, eu quero trazer alguns exemplos que vão te ajudar a entender melhor os efeitos de cada um dentro desse mercado.

Primeiramente, um cenário fictício clássico: suponha que determinado investidor aplicou uma parte de seu patrimônio em um título de renda fixa a longo prazo. Seu objetivo não era retirar o dinheiro antes do combinado, mas um imprevisto estragou seus planos e, agora, será necessário vender esse título antecipadamente.

Essa decisão tem um preço: a retirada vai causar um prejuízo em seus rendimentos. Aqui, temos um caso no qual o risco de liquidez afetou negativamente os lucros de um investidor.

O risco de mercado também é bastante comum e é uma das principais razões pelas quais eu recomendo tanto que investidores apostem em carteiras diversificadas de ativos.

Quando investimos em commodities, vamos supor, temos que lidar com alguns riscos bem específicos, já que essas matérias-primas e insumos (como milho, soja e trigo) podem ser afetadas por condições climáticas, dentre outros fatores. 

Assim, se uma safra sofrer alguma intempérie e este investidor fictício tiver essa commodity como a maior parcela de sua carteira, então, provavelmente o seu prejuízo será enorme.

Partindo para o Dólar, imagine a seguinte situação: uma indústria importa seus insumos e os paga nessa moeda. Seu produto final, porém, circula no mercado nacional, ou seja, são adquiridos pelo público em Reais.

Caso a nossa moeda desvalorize, o empresário pode ter prejuízos. Se essa queda for brusca, o pagamento dos fornecedores, por exemplo, pode estar comprometido.

Como você pode ver, os riscos financeiros são variados e podem se manifestar de formas distintas, dependendo de cada ocasião específica, de cada tipo de investimento e investidor e de cada mercado.

O que é um risco não-financeiro?

Um risco não-financeiro é aquele que não está diretamente ligado ao dinheiro, mas a outros fatores. Ou seja: acidentes, fenômenos da natureza, incêndios e perdas de funcionários, por exemplo.

Note que, apesar de serem designados como não-financeiros, esses riscos estão intimamente atrelados a este mercado. O risco operacional, por exemplo, poderia ser classificado dessa forma, já que não refere-se ao dinheiro em si, mas a uma falha humana ou tecnológica.

Como identificar um risco financeiro?

Pois bem, eu já comentei com você que os riscos financeiros podem se manifestar de diferentes formas, dependendo da situação específica. Dada essa complexidade, como identificá-los?

Há várias formas de prever possíveis problemas e alguns sinais bem emblemáticos de risco financeiro são:

  • Quantidade muito alta de dívidas;
  • Alta exposição às variações de câmbio;
  • Má administração financeira;
  • Tomada de decisões sem embasamento teórico ou pesquisa prévia;
  • Aplicação em títulos de renda variável;
  • Aplicação grande de recursos em apenas uma modalidade de investimento.

Esses são alguns sinais clássicos que nos ajudam muito a identificar um risco, seja como investidores ou como profissionais do setor. 

Alguns indicadores econômicos também nos ajudam nessa missão. Em resumo, eles são como termômetros, bastante úteis para avaliar o momento financeiro atual do país. O preço do dólar, o Ibovespa e a Selic são três grandes exemplos.

Por que a análise de risco financeiro é importante?

Já que, até aqui, tivemos um panorama geral do que são os riscos financeiros e algumas das situações mais comuns que indicam a sua probabilidade, deixa eu me aprofundar um pouco mais na importância desse tipo de conhecimento para a sua carreira e até para a sua vida pessoal.

Garante maior eficiência

Uma carteira de investimentos eficiente é aquela que também é segura. Ou seja, caso um título apresente um desempenho ruim, outros manterão a saúde financeira da estratégia. 

Para chegar em uma carteira assim – forte, diversificada e lucrativa – é preciso analisar o risco de cada ativo e compreender a dimensão de todos eles, juntos, somados às suas respectivas rentabilidades.

Auxilia na tomada de decisão

Cada investimento é uma decisão. Ao longo da sua carreira, você perceberá que essas escolhas dependerão de muitos aspectos, principalmente dos objetivos de seus clientes, sejam eles pessoas físicas ou empresas.

  Antes de optar por qualquer ativo, não tem como fugir: é fundamental encarar os seus riscos e definir estratégias para minimizá-los. Apenas dessa forma é possível garantir que os resultados serão positivos.

Ajuda a prevenir novos riscos

Já ouviu falar de “risco em cadeia”? Este configura-se pelo efeito dominó que apenas um risco causa a uma operação inteira.

Imagine, por exemplo, uma empresa que depende de determinada matéria-prima ou fornecedor para fabricar seu produto. Se um incêndio afetar seus recursos ou se um imprevisto atrasar ou impossibilitar sua entrega, toda a linha de produção será afetada. 

Por isso, analisamos riscos: para mitigar não somente as chances de um problema acontecer, mas para garantir a segurança de toda uma estratégia.

Como fazer análise de risco financeiro?

Para colocar tudo isso em prática e aprender de verdade como analisar um risco, eu te trago três teorias principais:

1. Análise Preliminar de Risco (APR)

Eis aqui uma ferramenta incrível para mensurar riscos: a APR. Com ela, é possível organizar os riscos em uma tabela, que pode representar as diferentes fases da implantação de um projeto, por exemplo.

A Análise Preliminar de Risco ainda organiza causas e consequências – em resumo, ela facilita o processo de visualizar a dimensão de um risco. 

2. What if

Em português, “e se”. O método é bastante simples e consiste unicamente em formular perguntas que comecem com “e se…”.  Por exemplo:

  • E se o dólar aumentar?
  • E se as ações dessa empresa caírem?
  • E se meu cliente precisar resgatar a aplicação antes do prazo?

É importante destacar que essa é uma ferramenta de análise preliminar e não deve ser empreendida sozinha, mas sim com o suporte de outros métodos também.

3. FMEA (Failure Mode and Effects Analysis)

Esse é um método desenvolvido pela Nasa que se baseia em uma técnica de engenharia. Para prevenir prejuízos financeiros, segue-se essa lista de passos:

  • Identificar riscos;
  • Classificá-los;
  • Eliminar possíveis falhas.

Ao aplicar essas etapas, devem ser consideradas fórmulas que sirvam para categorizar os riscos em um ranking, ordenados de acordo com sua frequência e graus de severidade.

Dessa forma, aqueles que forem considerados mais graves devem receber atenção prioritária na hora de desenvolver estratégias para minimizá-los.

É possível prevenir um risco financeiro?

É possível trabalhar para minimizá-los, sim. Contudo, é impossível estar completamente imune aos riscos financeiros. 

Por essa razão, a prevenção consiste, na verdade, na adoção de um conjunto de estratégias que te impeça – ou impeça seus clientes – de sofrer grandes impactos negativos sobre seus investimentos.

Uma maneira clássica de prevenir riscos, por exemplo, é a famigerada reserva de emergência. Assim, se um imprevisto acontecer, ninguém é pego desprevenido. Mais uma vez reforço, também, o hábito de não deixar todos os seus ovos em uma cesta só: ou seja, não concentrar todo o patrimônio disponível em apenas uma modalidade de investimento.

Como controlar um risco financeiro?

Apesar de não ser possível nos tornarmos completamente imunes aos riscos financeiros, é verdade que podemos adotar várias estratégias a fim de minimizar seus estragos. Aqui, eu separei alguns dos principais.

Mapeie os riscos

Essa etapa é básica. Para cada investimento, é necessário analisar quais riscos ele oferece e quais riscos financeiros podem afetá-lo – até mesmo aqueles que parecem improváveis.

Organize todas essas informações e faça uso de ferramentas de gestão que te ajudem a visualizar esses dados de forma mais clara. Lembre-se: uma decisão tomada sem esse mapeamento tem alta probabilidade de acarretar em prejuízo.

Faça uma análise dos riscos e dos danos

Após mapeados, analise as possíveis consequências de cada risco: que tipo de prejuízo eles podem trazer? Qual a dimensão das possíveis perdas? Há chances de acontecer uma reação em cadeia?

Dentro dessa análise, não se esqueça de considerar, também, o momento econômico atual do país e a influência de indicadores econômicos importantes – tudo isso pode alterar o desempenho de um ativo.

Elabore um plano estratégico

Ao passar por estas duas etapas anteriores, você terá reunido informações suficientes para ter uma ampla visão sobre o “comportamento” de determinado risco, digamos assim. Mais do que isso, vai poder nomeá-los a fim de entendê-los melhor – há risco de liquidez? De mercado? 

Agora, portanto, é o momento de definir as estratégias que vão proteger o investidor desses riscos. Seja através da diversificação de carteira ou de uma escolha específica de ativos, é necessário tomar medidas específicas para cada situação e cada cliente.

Monitore os resultados

Fatores macro e microeconômicos podem afetar o desempenho de um investimento a qualquer momento. Por isso, além de elaborar e implementar uma estratégia baseada nos riscos específicos de cada ativo, é preciso monitorar suas ações constantemente, a fim de averiguar se elas necessitam ou não de melhorias.

Novamente a tecnologia traz benefícios ao profissional do mercado financeiro, já que muitos softwares nos auxiliam a efetuar esse acompanhamento de forma mais ágil e precisa.

Quer continuar aprendendo com a Top?

Os riscos financeiros são conteúdos frequentes em muitas provas de certificação e, sem compreendê-los de verdade, é impossível escalar nessa carreira. Por isso, para ir ainda mais fundo nesse tema, eu recomendo que você dê uma olhada nos cursos preparatórios para certificações financeiras da TopInvest – uma plataforma completa para você atingir os seus objetivos e se tornar um profissional fora da curva! 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *