A popularização do assunto finanças trouxe consigo um conceito que não sai da cabeça de quem busca por liberdade financeira: a renda passiva. Afinal, quem não gostaria de receber — mensalmente, por exemplo — um bom dinheiro garantido na conta, sem ter que trabalhar para isso?

Colocada dessa forma, a ideia parece até utopia, ou uma espécie de promessa falsa. No entanto, a renda passiva não tem nada de misteriosa: ao compreender a forma como determinadas aplicações se comportam e pagam juros aos investidores, é possível montar um portfólio que não gera lucros somente no final dos prazos combinados.

E você, tem interesse em se valer dessa estratégia, ou é um profissional do mercado financeiro que deseja compreender este conteúdo para aprimorar as técnicas que utiliza ao administrar a carteira de clientes? Seja qual for a sua resposta, esse artigo que preparei sobre o tema certamente vai te ajudar. Dá uma olhada no que você vai aprender aqui:

  • O que é a renda passiva;
  • Quais os tipos que existem;
  • Qual o melhor investimento de renda passiva;
  • Diferenças entre renda ativa e passiva;
  • Qual é a importância de gerar renda passiva;
  • Como calcular a renda passiva e viver de dividendos.

Vamos lá?

O que é renda passiva?

A renda passiva é o dinheiro que você ganha regularmente sem precisar trabalhar ativamente para isso. É como se fosse um fluxo de rendimentos que continua a entrar, mesmo que você não esteja fazendo nada ativamente para ganhá-lo. Ela pode vir de várias fontes, como aluguéis de imóveis, dividendos de ações e fundos, ou outros produtos de investimento no mercado financeiro.

A ideia por trás da renda passiva é que você faz um esforço inicial para criar uma fonte de renda, e depois ela continua a gerar lucros ao longo do tempo. Basicamente, se trata de uma forma bastante inteligente de garantir uma entrada de fundos contínua na conta.

Renda passiva é o mesmo que renda extra?

Não! Enquanto a renda passiva é uma quantia de dinheiro que entra regularmente na conta, proveniente de dividendos ou aluguéis, a renda extra é meramente uma entrada de dinheiro ocasional recebida, complementar à renda principal, e que vem de esforços de trabalho, como bicos de fim de semana, empregos temporários ou atuação como freelancer

Embora os conceitos sejam relativamente parecidos, é importante não confundi-los. Inclusive, vale a pena lembrar que a renda extra também é muito importante para a saúde financeira de um indivíduo. Isto é, o valor pode ser utilizado para complementar os aportes realizados em um investimento, por exemplo, aumentando a renda passiva gerada por um ativo que paga dividendos periódicos.

Quais são os tipos de renda passiva?

A renda passiva pode vir de várias fontes, como investimentos em ações, Fundos Imobiliários, aluguéis de imóveis e o Tesouro Direto. A escolha, então, vai depender do perfil do investidor em questão, já que cada uma delas apresenta diferentes níveis de risco financeiro e performance de rendimento.

Para você entender melhor, explico elas separadamente. Vem comigo. 

1. Investimentos em ações

Algumas ações listadas na Bolsa de Valores pagam dividendos periódicos aos acionistas. Ou seja, é uma parcela do lucro das empresas emissoras. 

No Brasil, a legislação prevê que essas companhias têm liberdade para determinar o percentual dos ganhos repassados aos investidores — em geral, se compartilha 25% do lucro líquido com os acionistas, e o valor pode variar um pouco, para cima ou para baixo.

Além de ser vantajoso para quem investe, os dividendos também são benéficos às empresas. Afinal, esse pagamento periódico é uma forma de atrair novos investidores, o que, entre outros fatores, tem o poder de manter os papéis valorizados no mercado.

No que diz respeito à frequência com a qual os valores são repassados, esta pode variar de acordo com a empresa. Abaixo, listo as dinâmicas mais comuns na Bolsa, bem como alguns exemplos de companhias que os seguem:

  • Trimestral: Vale, Banco do Brasil, Engie Brasil e Gerdau;
  • Quadrimestral: Petrobrás;
  • Semestral: Carrefour, Usiminas, Copel e TAESA;
  • Anual: Ambev, Bradesco, Iguatemi, Localiza, Petz e Fleury.

Vale lembrar que ações são títulos de renda variável, por isso, os rendimentos não são garantidos. Logo, são recomendados para perfis moderados, agressivos e arrojados.

2. Fundos Imobiliários

Os Fundos Imobiliários (FIIs) são modalidades coletivas de investimento, nas quais um gestor reúne os aportes de todos os cotistas e aplica em ativos diversos — nesse caso, atrelados ao mercado imobiliário.

O patrimônio do FII pode, então, ser aplicado em títulos de dívida de crédito imobiliário (CRIs e LCIs), ou em imóveis físicos, como prédios comerciais, galpões, armazéns, apartamentos, etc. Além disso, é possível até que a aplicação seja feita nas cotas de outros FIIs. 

Os retornos pagos por estes Fundos são repassados periodicamente aos cotistas, de maneira proporcional aos aportes feitos inicialmente. Em outras palavras, quanto maior for a quantia de dinheiro que um investidor aplicou no FII, maior será a sua renda passiva.

Para que você entenda de onde vem o lucro dos Fundos Imobiliários, trago aqui as duas formas mais comuns:

  • Quando atrelados a imóveis físicos, os FIIs rendem a partir da venda, da locação ou do arrendamento desses espaços. Aqui, inclusive, temos a manifestação de um risco bem específico, que existe quando um local permanece desocupado, ou quando os inquilinos não pagam o aluguel;
  • Se atrelados a títulos de dívida, então os FIIs vão render de acordo com a diferença de preço de compra e venda dos ativos.

Aqui, temos novamente uma aplicação de renda variável. No entanto, é uma opção bastante buscada por aqueles que desejam se aproveitar da valorização do mercado imobiliário, sem necessariamente comprar um imóvel — como é o caso do próximo tipo de renda passiva que eu tenho para te apresentar.

3. Aluguel de imóveis

A dinâmica aqui é bem simples: o investidor compra um imóvel e obtém uma renda passiva por meio do aluguel desse espaço. Aqui, a ideia também é se valer da valorização desse mercado, investindo, por exemplo, em áreas de grande potencial futuro ou na reforma dos ambientes.

Embora a estratégia seja válida e muito inteligente para quem deseja multiplicar o patrimônio, é fato que a opção é mais complicada do que simplesmente investir em um Fundo de Investimento Imobiliário. Afinal, é preciso lidar com as burocracias envolvidas na aquisição de um imóvel, regularizar o espaço, aprimorá-lo (se necessário) e encontrar um inquilino.

4. Tesouro Direto

O Tesouro Direto é uma modalidade de investimento na qual o investidor “empresta” dinheiro para o Governo Federal. Este, por sua vez, o devolverá com o acréscimo de juros — e é aí que entra a renda passiva

Aplicações desse tipo são de renda fixa, já que é possível ter certa previsibilidade dos ganhos futuros. Logo, é uma opção interessante para quem está começando a investir, e ainda não se sente confortável em arriscar títulos mais ousados.

Alguns papéis do Tesouro Direto oferecem pagamentos semestrais de juros, e os aportes mínimos são bem acessíveis, de R$30. Além disso, hoje a plataforma conta com outras opções: o Renda+ e o Educa+.

A proposta de ambos é fazer com que o investidor acumule o patrimônio investido até determinado período, enquanto o valor é corrigido por uma taxa. Depois desse prazo, passa a receber rendimentos mensais. A novidade, vale mencionar, é uma forma de fomentar uma renda extra na aposentadoria (Renda+), ou ajudar a população a custear os estudos (Educa+).

Caso você tenha curiosidade sobre quanta determinada quantia de dinheiro renderia semestralmente, pode utilizar o simulador do Tesouro Direto para explorar possibilidades de aplicação.

Qual o melhor investimento de renda passiva?

A resposta para essa pergunta depende exclusivamente do perfil de investidor em questão. Afinal, cada tipo de aplicação que proporciona uma renda passiva pode apresentar dinâmicas distintas de liquidação, risco e performance, por exemplo, sendo de renda fixa ou variável.

Logo, escolher o melhor investimento de renda passiva é uma tarefa que deve vir acompanhada de muito autoconhecimento e compreensão sobre as diferentes modalidades disponíveis no mercado. 

Aqui, listo algumas das opções mais populares de quem já investe com o objetivo de receber pagamentos periódicos:

  • Ações que pagam dividendos: como dito, algumas empresas pagam dividendos periodicamente aos acionistas e, por serem papéis de renda variável, podem gerar uma boa renda passiva ao investidor. Para quem ainda é iniciante, mas deseja se valer dos benefícios da renda variável, uma boa estratégia é começar aplicando em grandes companhias, de histórico mais sólido e oscilações mais suaves no mercado;
  • Tesouro Direto: como recém mencionado, essa é uma opção extremamente segura para quem deseja utilizar a renda fixa como forma de incrementar as entradas de dinheiro na conta. Para os que desejam proteger o patrimônio da inflação, o mais recomendado é apostar em títulos pós-fixados, pois acompanham um índice econômico e, caso a inflação suba com o passar do tempo, o poder de compra é preservado;
  • Fundos de Investimento: aqui, há muitas opções que pagam dividendos mensalmente, e cada Fundo pode operar com dinâmicas distintas, se tornando acessível para vários tipos de investidores. Além disso, há a vantagem de ter um gestor profissional por trás das aplicações, alocando o patrimônio dos cotistas nas melhores posições do mercado, sempre em busca das rentabilidades mais altas.

Quais são as diferenças das rendas passiva e ativa?

A principal diferença entre renda passiva e ativa está no esforço necessário para obter a renda. Enquanto na passiva os lucros vêm sem esforço, na ativa é necessário que o indivíduoindíviduo trabalhe para ganhar dinheiro.

A lógica é, afinal, bastante simples, e os salários que recebemos são os maiores exemplos de renda ativa que há — em geral, se vende tempo e habilidades em troca de um rendimento mensal.

Em geral, a forma mais eficaz de multiplicar o seu patrimônio de maneira constante e significativa é mesclar os dois tipos de renda, utilizando os lucros da renda ativa para aplicar em títulos que gerem renda passiva.

Qual é a importância de gerar renda passiva?

Sabia que, segundo dados de 2023 da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 76,6% das famílias brasileiras estão endividadas? Também trago aqui um levantamento, do mesmo ano, do Instituto Locomotiva e MFM Tecnologia (chamado “Raio-X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência”). Nele, é possível observar algumas causas do problema com as dívidas — falta de planejamento financeiro, gastos acima do orçamento e descontrole estão entre elas.

Nesse cenário, temos a renda passiva como uma forma extremamente eficaz de garantir a tranquilidade financeira, proporcionar uma vida mais confortável e assegurar um futuro livre de dívidas.

Além disso, essas entradas regulares de dinheiro servem para proteger o seu estilo de vida e reduzir impactos financeiros caso você perca o emprego, por exemplo, ou passe por qualquer imprevisto que aumente as suas despesas recorrentes.

Não menos importante, a renda passiva é o principal instrumento de quem deseja liberdade financeira, ou seja, quem almeja ter a capacidade de possuir recursos suficientes para viver confortavelmente, sem depender exclusivamente de um emprego ou de uma fonte de renda específica.

Como viver de renda passiva?

Viver de renda passiva pode até parecer impossível à primeira vista, mas não é. Além de conhecer as principais modalidades de investimento que geram esse tipo de pagamento, é importante ter estratégia e disciplina para atingir o objetivo.

Para ajudar, listei um passo a passo de como chegar lá. Veja:

  1. Faça um planejamento financeiro de longo prazo, que inclua a quitação das dívidas atuais, a criação de uma reserva de emergência e uma boa estratégia de cortes de gastos desnecessários;
  1. Quando conseguir fazer sobrar uma parcela dos seus rendimentos mensais (obtidos por meio de renda ativa, ou seja, por meio do trabalho), defina o seu perfil de investidor e explore as possibilidades que listei anteriormente, que pagam juros periódicos de acordo com as suas expectativas e necessidades financeiras;
  1. Estude e aposte na estratégia de reinvestimentos. Ou seja, de separar uma parte da sua renda passiva para investi-la novamente em títulos distintos, a fim de multiplicar o pagamento de juros que recebe;
  1. Construa uma carteira de investimentos diversificada e segura, alocando o seu patrimônio em papéis de diferentes classes, a fim de equilibrar os graus de risco assumidos. Dessa maneira, se um ativo performar mal, outro pode “segurar as pontas” e manter as suas entradas seguras;
  1. Aprenda mais sobre o mercado econômico e de capitais, se mantenha atualizado e avalie o desempenho do seu portfólio regularmente. Sempre que houver necessidade — quando o seu perfil de investidor mudar, por exemplo — redefina a estratégia empregada para que ela se torne mais adequada às suas demandas e expectativas atuais.

É possível se aposentar com renda passiva?

Sim, é possível se aposentar com renda passiva. No entanto, o caminho é longo e requer bastante disciplina. 

Primeiramente, é importante lembrar que não existe apenas um caminho exato para este fim. Afinal de contas, diferentes pessoas terão diferentes condições financeiras, perfis de investidor e objetivos futuros. Logo, os aportes realizados e o tempo de aplicação, por exemplo, podem variar muito de um caso para outro.

Se este for o seu objetivo, é importante definir, antes de tudo, qual o tamanho da aposentadoria você deseja ter futuramente. Em 2024, por exemplo, a regra definida pelo INSS é que o valor dos pagamentos mensais não pode ser inferior ao salário-mínimo vigente, nem maior que o teto de R$7.087,22.

Naturalmente, quem opta pela renda passiva almeja lucros maiores. Por isso, o planejamento para alcançar esse objetivo deve considerar aportes altos de dinheiro, ou algumas décadas de aplicação — já que estamos falando de uma renda vitalícia, que manterá o seu estilo de vida quando você decidir não trabalhar mais.

Como calcular a renda passiva para viver de dividendos?

Esse cálculo é bastante subjetivo, já que vai depender exclusivamente do tamanho da renda passiva que você busca, das suas condições financeiras atuais e de quais ativos vai escolher para obter esse dinheiro.

De qualquer forma, separei alguns passos que podem ajudar você nessa missão:

  • Estime as suas despesas mensais: comece calculando os seus gastos fixos, incluindo moradia, alimentação, transporte, saúde, entre outros. Certifique-se de incluir qualquer despesa adicional que você possa ter, e de considerar também gastos com lazer e supérfluos;
  • Determine a sua taxa de retirada segura (Safe Withdrawal Rate – SWR): a SWR é a porcentagem de seu portfólio de investimentos que você pode retirar anualmente sem esgotar seu capital quando decidir não trabalhar mais. Uma taxa comumente usada é de 3% a 4%, mas isso pode variar dependendo de diversos fatores, como expectativa de vida, tolerância ao risco, entre outros;
  • Calcule a renda mensal necessária: multiplique as suas despesas mensais pelo inverso da sua SWR para obter a renda passiva necessária por ano. Se os seus gastos, por exemplo, são de R$5.000 e você usa uma SWR de 4%, a renda anual necessária seria de R$5.000 * (1 / 0.04) = R$ 125.000;
  • Calcule o valor do investimento necessário: para determinar esse valor, você deve dividir a renda anual necessária pelo rendimento médio dos dividendos das ações que possui. Dessa maneira, se você espera, vamos supor, um rendimento médio de dividendos de 5%, então o valor do investimento necessário seria R$125.000 / 0.05 = R$2.500.000;
  • Diversifique o seu portfólio de investimentos: para reduzir o risco, é importante diversificar o seu portfólio de investimentos em uma variedade de ações pagadoras de dividendos de diferentes setores e regiões geográficas. Além disso, pode se valer da estratégia de alocar uma parte do patrimônio em papéis de renda fixa, para aumentar a segurança da carteira.

Aqui, vale o reforço de que todas essas dicas são apenas estimativas, uma vez que os valores reais devem ser adaptados à sua realidade e as suas expectativas para a renda passiva que deseja obter. 

Além disso, nunca é demais lembrar que o mercado de capitais é volátil, e isso impacta o rendimento dos títulos de diferentes formas. Ao investir em ações que pagam dividendos periódicos, por exemplo, não é possível prever com exatidão quais serão as suas entradas de dinheiro, e esse fator deve ser levado em consideração quando começar o seu planejamento.

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