A profissão de gestor de fundos é certamente uma das mais populares do mercado financeiro. Mais do que uma remuneração alta, a rotina nessa carreira requer um contato constante com inúmeros ativos distintos – perfeita para quem curte a complexidade deste setor, seu comportamento e suas possibilidades estratégicas.
Outro grande chamariz dessa forma de atuação é a ampla gama de tipos de fundos de investimentos. Se você não conhece a todos, continue comigo nesse artigo – hoje vou te ensinar tudo o que precisa saber sobre o assunto.
O que são fundos de investimento?
Os fundos de investimento são uma modalidade na qual um conjunto de investidores realiza aplicações coletivas em uma carteira. Ao deter uma parcela do patrimônio total do fundo, cada investidor se torna um cotista. As estratégias para que todo o dinheiro seja alocado nos títulos mais vantajosos ficam a cargo do gestor de fundos.
Outra característica principal dos fundos de investimento é que eles são compostos por diferentes ativos. Para quem investe, portanto, a grande vantagem aqui é a possibilidade de diversificar sua carteira – tornando-a, por consequência, mais segura e mais rentável –, além de contar com a expertise de um profissional em gestão, capaz de adotar estratégias que um investidor com menos conhecimento, por exemplo, não conseguiria.
Existem vários tipos de contratos de fundos de investimentos. Cada um será composto por ativos específicos, a fim de seguir uma estratégia pré-determinada e aceita por todos no momento de adesão ao fundo. Assim, essa modalidade de investimento desdobra-se de várias formas.
Dentre elas, temos os quatro principais tipos de fundos de investimento: renda fixa, de ações, multimercado e cambiais. Nesse artigo, vou me aprofundar nos pormenores de cada um destes, além de outras modalidades possíveis. Por ora, dá uma olhada na explicação básica dos mais importante:
- Fundos de renda fixa: os fundos dessa categoria devem ser compostos por, no mínimo, 80% de ativos em renda fixa;
- Fundos de ações: aqui, a maior fatia dos recursos deve estar aplicada em títulos de ações;
- Fundos multimercado: em vez de trabalhar apenas com renda fixa ou variável, essa categoria estabelece uma mistura entre ambos;
- Fundos cambiais: a maior parte dos fundos é composta por aplicações em moedas estrangeiras, geralmente dólar ou euro.
Qual o melhor tipo de fundos de investimento?
Classificar um fundo de investimento como bom ou não depende unicamente do perfil de investidor de cada cotista, bem como de seus objetivos e expectativas sobre o patrimônio aplicado.
Para quem for mais conservador, ou seja, ter menos tolerância ao risco, naturalmente teremos os fundos de renda fixa como o tipo mais apropriado. Já para os mais experientes e com maiores aportes por fazer, opções cuja rentabilidade é maior – assim como o risco – são mais interessantes.
Seja como investidor ou profissional da área, é importante que você sempre lembre de tomar decisões baseadas em análises consistentes da modalidade de investimento em questão, bem como dos planos do interessado. Reserva de emergência, renda mensal, patrimônio acumulado, se é pessoa física ou jurídica: tudo isso é capaz de mudar os rumos de uma decisão.
Inclusive, para mais dicas sobre como investir de forma segura em fundos, ou como comparar os diversos tipos disponíveis, continua comigo que logo eu toco nesse assunto novamente!
Quais são os 3 tipos de investimentos?
Além das categorias de fundos de investimento baseadas na composição de suas carteiras, outra forma de tipificá-los é utilizando seus prazos. Assim, temos investimentos de curto, médio e longo prazo.
Afinal, no mercado de fundos temos vários perfis de investidores, cada um com objetivos específicos, como resgatar logo o dinheiro aplicado ou deixar o patrimônio rendendo por muito tempo para fins de aposentadoria, por exemplo.
Dentro desse âmbito, portanto, temos:
- Investimentos de curto prazo: o prazo máximo de resgate desse tipo de fundo é de 365 dias. Em geral, é comum que esta modalidade opere com resgates em cerca de 60 dias. A maior parte dos ativos é de renda fixa e, apesar de ser um investimento mais seguro que os demais, sua rentabilidade pode não ser a mais vantajosa, dependendo de outros fatores econômicos;
- Investimentos de médio prazo: os fundos de investimento também contam com opções de resgate que não são nem imediatas, nem longas demais. Esse tipo de prazo é comumente encontrado em contratos multimercados;
- Investimentos de longo prazo: aqui, as aplicações têm prazos sempre superiores a 365 dias. Como esse tipo de fundo resulta em lucros mais atrativos, seus riscos também são maiores. Por isso, não é recomendado que um investidor opte por essa modalidade para fins de construção de reserva de emergência, por exemplo, mas sim para objetivos de aproximadamente cinco anos ou mais, como aposentadorias.
Outro ponto importante a ser observado no que diz respeito aos prazos de cada tipo de fundo de investimento é a incidência de impostos – geralmente o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O IR, por exemplo, deve incidir sobre a rentabilidade de um fundo. Além disso, essa tributação seguirá uma tabela regressiva. Assim, quanto mais tempo os recursos permanecerem aplicados, menor serão os efeitos do imposto.
Ainda temos a cobrança do IR em fundos de curto e longo prazo para observar, já que além de ser feita no momento do resgate, também é semestral. Dessa forma, no último dia de maio e de novembro, cabe ao administrador do investimento calcular o valor do imposto devido pelo investidor, considerando a menor alíquota de cada categoria. Essa cobrança, aliás, é o que popularmente chamamos de “come-cotas” – uma vez que ela acontece a partir do recolhimento de cotas do fundo.
Para fundos de ações, a incidência do Imposto de Renda é muito mais simples. Nesse caso, há apenas uma alíquota de 15% sobre o rendimento total, cobrada no momento do resgate. O IOF, por sua vez, só incidirá sobre resgates realizados em um período inferior a 30 dias após a aplicação. Dependendo do prazo, a alíquota pode ser de 96% a 0%.
Quais são os fundos de investimentos?
Como você já sabe, os fundos de investimentos dividem-se em categorias distintas que consideram principalmente os ativos que os compõem. Estes serão os principais pontos a serem observados por aqueles que buscam investir nessa modalidade e que você, como profissional do mercado, deverá conhecer de forma completa.
Além daqueles quatro principais (renda fixa, ações, multimercados e cambial), ainda temos outras opções. Vamos conhecê-las mais a fundo?
1. Fundos de renda fixa (FIRF)
Como você já sabe, um fundo de renda fixa deve ser composto por, no mínimo, 80% de ativos desta modalidade – como CDB, LCI, LCA e afins. Por essa razão, os maiores riscos desse tipo de operação se devem à variação da taxa de juros ou do índice de preços.
Esse tipo de fundo divide-se em três formas de aplicação:
- Fundos de renda fixa DI: suas aplicações baseiam-se quase que exclusivamente em títulos do Governo Federal, com o objetivo de acompanhar a rentabilidade da taxa do CDI. Os riscos dessa operação são bastante baixos, tornando-os opções bem populares entre os investidores;
- Fundos de renda fixa de crédito privado: os títulos que compõem o fundo serão, em sua maioria, papéis emitidos por empresas. Ou seja, privados. Para ser considerado como tal, a quantidade destes ativos deve ser maior do que 50%. Apesar de oferecerem rendimentos mais altos, esses fundos ainda não são tão populares no Brasil, assim como acontece com os fundos DI;
- Fundos de debêntures incentivadas: como seus papéis também são emitidos por empresa, pode-se considerar este como um tipo de fundo de crédito privado. A principal diferença, nesse caso, é que esta modalidade está isenta da cobrança do Imposto de Renda. No Brasil, a sua popularidade tem aumentado notoriamente.
É importante ressaltar, aliás, que um fundo de renda fixa não pode ter nenhum ativo de renda variável ou de câmbio – nem mesmo uma parcela minoritária.
Do ponto de vista do investidor, esta modalidade é excelente para diversificar a carteira de forma segura, já que a aplicação de recursos e escolha dos papéis fica a cargo de um especialista no mercado, o gestor de fundos.
2. Fundos de ações (FIA)
Estes fundos são compostos majoritariamente por ações e podem incluir outros títulos também. Esse tipo de investimento é recomendado para aqueles que têm maior tolerância ao risco e buscam por lucros mais altos, em prazos mais longos.
Aqui, aliás, também temos subdivisões que, nesse caso, se diferem de acordo com o foco de cada fundo. Olha só:
- Crescimento: fundo voltado para empresas com potencial de escalar;
- Dividendos: para empresas cujo histórico de dividendos seja otimista;
- Small caps: foco em empresas de menor capitalização;
- Sustentabilidade: exclusivo para empresas com boas práticas de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG);
- Índice ativo: fundos cujo objetivo seja superar um índice pré-estabelecido;
- Setoriais: aplicações realizadas somente em empresas do mesmo setor;
- Livres: nenhum pré-requisito listado, deixando a estratégia totalmente sob a responsabilidade do gestor.
Para os investidores, aplicar em um fundo de ações tem as mesmas vantagens propostas pelos fundos de renda fixa. Ou seja, é possível diversificar a carteira em uma operação de maior risco com a segurança que apenas o conhecimento de um especialista proporciona.
Outra diferença é que, ao aplicar diretamente em ações, fora de um fundo, haverá a apuração mensal do Imposto de Renda. Ademais, embora esta forma direta de investir garanta mais autonomia na tomada de decisão por parte do investidor, há custos que nem sempre chegam até esta pessoa – como emolumentos da bolsa ou taxas de custódia.
3. Fundos imobiliários (FII)
Esses fundos voltam-se para investimentos no mercado imobiliário. Temos, portanto, condomínios residenciais, salas comerciais, galpões, hotéis e hospitais, por exemplo. Os imóveis, que aqui são os ativos, podem estar em construção e já existirem, em qualquer meio – urbano ou rural.
Embora cada contrato de FII tenha especificidades distintas, é comum a todos a impossibilidade de resgatar recursos antes do prazo combinado. Assim, o investidor que deseja ter o seu dinheiro de volta precisa vender sua cota a outro interessado.
O mesmo acontece com quem deseja comprar uma cota: é possível adquiri-la de um investidor que a esteja repassando, ou durante a oferta pública do fundo, que acontece na B3.
A estrutura, a estratégia e a composição exata de cada fundo imobiliário varia de acordo com seu tipo. Veja só:
- Fundos de tijolo: a maior parte de seus ativos é composta por imóveis físicos, com o objetivo de encontrar interessados em utilizar esses locais. Portanto, o cotista estará investindo no aluguel, na construção ou na aquisição de imóveis comerciais, como prédios, agências bancárias e faculdades. Os lucros virão em forma de uma renda mensal de aluguel, que deverá ser distribuída entre todos os investidores do fundo;
- Fundos de papel: em vez de imóveis físicos, temos, nesse caso, o investimento em títulos financeiros do mercado imobiliário, como LCI, CRI e cotas de outros FII. Aqui, os rendimentos originam-se a partir dos dividendos e juros pagos pelo título em questão, ou por sua venda;
- Fundos de Fundos (FOFs): quem investe em FOFs está aplicando seus recursos nas cotas de outros fundos imobiliários – sejam eles de papel, tijolo ou outra categoria. Como isso possibilita que o cotista consiga investir em vários FIIs de uma vez só, há a grande vantagem de obter diversificação para a carteira.
No que tange aos riscos, os fundos imobiliários apresentam alguns bem específicos, além dos tradicionais. O risco de inadimplência, por exemplo, existe caso um inquilino não pague o seu aluguel. Já quem investe em galpões, por exemplo, pode correr o risco de enfrentar uma dificuldade para encontrar um interessado em ocupar o lugar, o que causa danos grandes à sua rentabilidade.
4. Fundos multimercado (FIM)
Um fundo multimercado abrangerá ativos de diversos níveis de risco, construindo um mix entre renda fixa e renda variável. Aqui, o gestor não tem nenhum compromisso quanto à concentração de cada tipo.
Além de trabalhar simultaneamente com ações e títulos de renda fixa, por exemplo, ainda há a presença de derivativos para fins de alavancagem. Em outras palavras, o gestor faz uso de uma técnica bastante parecida com um endividamento, que serve tanto para proteger a carteira, quanto para aumentar a rentabilidade.
Essa costuma ser uma opção bastante atrativa para investidores, já que oferecem essa liberdade de composição de carteira e, ainda, geram lucros maiores do que fundos mais conservadores.
Um fundo multimercado pode ser gerido a partir de cinco estratégias principais:
- Macro: a estratégia visa o médio e longo prazo;
- Long and short: trabalha com compras e vendas em renda variável;
- Trading: analisa operações a curto prazo;
- Juros: seus lucros originam-se a partir da marcação a mercado;
- Livre: nenhuma dinâmica específica é pré-estabelecida.
5. Fundos cambiais
Os investimentos dos fundos cambiais são compostos por, no mínimo, 80% de operações com moedas estrangeiras – geralmente fortes, como dólar e euro, deixando o restante livre para qualquer outra aplicação. Essa, inclusive, é uma determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
As suas dinâmicas de funcionamento são, geralmente, abertas e de longo prazo. Isso significa, em termos mais simples, que uma pessoa pode se tornar cotista a qualquer momento, porém a rentabilidade só vale a pena quando se deixa o recurso aplicado por um bom tempo.
Quem trabalha com fundos cambiais precisa necessariamente compreender dois conceitos fundamentais: moeda de referência e taxa de câmbio.
- Taxa de câmbio: é o preço de uma moeda estrangeira em comparação com a moeda nacional. Se o euro, por exemplo, estiver valendo R$5,60, esta é a taxa de câmbio a ser paga caso alguém deseja trocar moedas, uma vez que para comprar €1 será necessário R$5,60.
- Moeda de referência: esta moeda é sempre o dólar. Esse é, inclusive, um legado deixado pelo acordo de Bretton Woods. Embora a história seja longa, posso resumi-la a partir da hegemonia dos Estados Unidos no pós-guerra. À época, a Conferência que originou o acordo havia vinculado o ouro (que até então cumpria esse papel de referência) ao dólar, o que destacou a moeda a nível global. Na década de 1970, entretanto, o governo dos EUA desvinculou o mineral de si, o que manteve o dólar como referência de câmbio.
6. Fundos de previdência
Este fundo é de longo prazo e, como seu nome indica, volta-se para a aposentadoria de seus cotistas. Dessa forma, os investidores realizam aplicações com o objetivo de acumular e fazer render um patrimônio que será utilizado no momento em que se aposentarem.
A frequência de aplicações dependerá do que estiver estabelecido em contrato. Assim, há fundos que requerem aportes periódicos e outros que trabalham com apenas um aporte. Corretoras, bancos e seguradoras são as instituições financeiras que ofertam essa modalidade – ou seja, empresas privadas.
No momento do resgate, o cotista pode escolher entre usufruir de seu patrimônio por meio de parcelas mensais, periódicas ou de um saque único.
Esse tipo de fundo pode se apresentar em dois planos, cuja diferença está na incidência de impostos de cada um:
- PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre): possibilita o benefício fiscal caso o valor bruto do patrimônio seja declarado no Imposto de Renda;
- VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre): não permite dedução. Portanto, o imposto incide sobre a rentabilidade, não sobre o valor total do patrimônio investido.
7. Fundos de dívida externa
Nesse caso, a composição do fundo é de pelo menos 80% em títulos de dívida do Brasil. Ou seja, títulos negociados no mercado internacional. A sua rentabilidade é gerada por meio da taxa de juros dos títulos, o desempenho dos ativos no exterior e a taxa de câmbio entre real e dólar.
Uma peculiaridade desse fundo é a cobrança da taxa de performance. Afinal, esse valor normalmente é restringido às aplicações feitas por investidores altamente qualificados – mas o fundo de dívida externa é uma exceção à regra.
Logo, caso o rendimento do patrimônio seja maior do que o indicador econômico que serve como referência, o cotista deve pagar uma quantia sobre a porcentagem extra do lucro.
8. Fundo de Investimento em Cotas (FIC)
Em vez de investir diretamente em vários fundos diferentes, é possível optar por um Fundo de Investimento em Cotas. Nessa dinâmica, a aplicação é direcionada para a carteira de outros fundos, nacionais ou não – isso mesmo: um fundo que investe em fundos.
Como eu já expliquei por aqui, essa pode ser um caminho vantajoso para quem não deseja trabalhar diretamente com diferentes títulos, ou se tornar cotista de vários fundos ao mesmo tempo.
Segundo a CVM, 95% dos fundos dessa modalidade devem ser compostos pelas cotas dos principais ativos, enquanto os outros 5% podem ser destinados a outros papéis do mercado.
Alguns dos tipos de FIC são:
- Fundo de hedge;
- Investment trust;
- Private equity.
Um Fundo de Investimento em Cotas normalmente conta com mais de um gestor, uma vez que a rotina de trabalho necessária para manter as aplicações rendendo é bastante intensa. Por isso, as taxas para seus investidores costumam ser mais altas do que de costume.
9. Fundos de índices (ETF)
O funcionamento desta modalidade é simples: o fundo utiliza um índice como referência. Assim, o gestor deverá realizar os aportes nos mesmos ativos deste indicador, para que o resultado acompanhe seu desempenho. Por isso, ao contrário de outros tipos, o gestor, aqui, não precisa traçar estratégias mais complexas ou montar uma cartela.
Se um dos ativos que fazem parte do fundo pagam dividendos, então esse valor extra será utilizado para a compra de novas ações. Em resumo, é outra estratégia para garantir que a aderência ao índice seja fortalecida.
Outra característica relevante é que os ETFs são abertos. Na prática, isso significa que novas cotas podem ser abertas para que o fundo se torne maior. Ao mesmo tempo, uma cota existente pode ser cancelada para que o fundo seja reduzido. Em caso de cancelamento, portanto, o cotista receberá o valor equivalente a esta parte.
10. Fundos de criptomoedas
Por fim, temos os fundos cujos ativos são digitais. No Brasil, a Bitcoin e a Ethereum são as criptomoedas mais frequentemente eleitas para este fim.
Para investidores individuais e de varejo, esta modalidade precisa ser composta por 20% de criptomoedas e 80% em renda fixa. Já para os qualificados (aqueles cujo patrimônio investido ultrapassa R$1 milhão) e para os profissionais (mais de R$10 milhões) a porcentagem de criptomoeda pode variar entre 40% e 100%.
Na prática, um fundo de criptomoeda é, na verdade, um fundo multimercado. Isso porque este último, como você já sabe, permite a mistura de ativos de renda fixa e variável. Para que nunca haja nenhum equívoco sobre a composição das cotas é obrigatório que constem, nos contratos vigentes, os ativos escolhidos e a estratégia adotada pelo gestor.
Como saber o tipo de fundo de investimento?
O tipo de fundo de fundo de investimento sempre está representado por uma sigla. FIC para fundos de cotas, FIRF para renda fixa, FIA para ações e assim por diante.
Reparou que, ao longo desse artigo, muitas modalidades estavam acompanhadas por estas siglas? Estas são as mesmas que servirão de identificadores para quem estiver interessado em investir.
Vamos recapitular as siglas vistas até aqui e algumas novas que não vimos?
- CP: fundos de curto prazo;
- FIM: fundos multimercado;
- FIC: fundos de cotas;
- FII: fundos imobiliários;
- REF: fundos referenciados, ou seja, que acompanham um indicador de desempenho;
- RF: outra sigla para fundos de renda fixa;
- FI: significa simplesmente “fundo de investimento”;
- FOF: fundos de fundos;
- FIP: fundo de investimento em participações ou de private equity;
- FIP-IE: fundo de investimento em participações de infraestrutura;
- FIDC: fundo de investimento em direitos creditórios.
Na dúvida, saiba que as informações sobre cada fundo de investimento devem constar no contrato. Assim, tudo o que for relevante ao investidor estará listado neste documento.
Como comparar e escolher fundos de investimentos?
Embora os fundos de investimento sejam uma modalidade de investimento por si só, cada tipo serve a diferentes propósitos. Por isso, para escolher o fundo ideal, é preciso considerar: perfil de investidor, prazo de resgate, nível de risco, incidência de taxas, rentabilidade e pormenores do seu regulamento, por exemplo.
Para te mostrar de forma mais efetiva o que esses aspectos alteram em um fundo, vem comigo analisar cada tópico:
1. Prazo de resgate
Diferentes fundos de investimento podem disponibilizar prazos de resgate distintos. Fundos multimercados e de renda variável, por exemplo, tendem a aparecer com prazos mais longos. Ao mesmo tempo, há até opções cujo resgate é diário.
Ao investidor, é importante saber interpretar a nomenclatura utilizada para indicar os períodos de antecipação de rendimentos, comumente apresentada como D + n, onde n é a quantidade de dias até a conclusão do prazo.
Dessa forma, se um fundo for classificado como D0, o resgate pode ser feito no mesmo dia. Se for D+2, por exemplo, então o processo de liquidação (quando o investidor recebe o montante de volta) será feito em dois dias após o pedido. Naturalmente, há fundos com prazos maiores, como os D+30, nos quais é possível resgatar as cotas adquiridas em 30 dias a partir da solicitação.
Além dessa nomenclatura, alguns detalhes devem ser observados no contrato do fundo em relação ao seu prazo de resgate. Olha só:
- Os prazos podem ser contados em dias úteis ou dias corridos. Se for apenas dias úteis, é preciso ter em mente que feriados, fins de semana e demais dias nos quais a Bolsa não funciona não serão considerados nessa contagem;
- Além do prazo em si, há também uma hora limite para efetuar a solicitação de resgate. Se o investidor não iniciar o processo a tempo, contudo, não há grandes problemas: basta tentar novamente no dia seguinte.
Ainda, vale reforçar alguns termos presentes nos contratos dos fundos de investimento e que devem ser corretamente compreendidos, já que são etapas do processo de resgate da aplicação:
- Prazo de cotização: refere-se ao tempo que o gestor do fundo leva para transformar o dinheiro dos investidores em ativos, ou seja, em cotas. O mesmo termo também é utilizado para indicar o prazo que o gestor tem para vender os títulos e transformá-los outra vez em dinheiro (em outras palavras, o prazo que tem para liquidá-los;
- Prazo de liquidação: esse é o prazo necessário para que o investidor receba o dinheiro de volta em sua conta, após o pedido de resgate;
- Prazo de resgate: refere-se a todo o período de cotização e liquidação.
2. Nível de risco
Fundos de investimento nada mais são, como você agora já sabe, uma modalidade coletiva de investimentos, onde os recursos de todos os cotistas são depositados em ativos diversos, a depender do que estiver especificado em contrato. Em termos mais práticos, o investidor que participar do fundo estará aplicando o seu dinheiro em vários ativos, não somente em um. Consequentemente, os riscos financeiros assumidos serão variados também.
Para que você compreenda melhor, considere a seguinte afirmação: investir em um fundo de renda variável é mais arriscado do que aplicar em uma ação individualmente. A razão é a seguinte: este fundo trabalha com várias ações ao mesmo tempo. Assim, temos também mais riscos sendo assumidos ao mesmo tempo: de mercado, imobiliário, macroeconômico… Possibilidades, em suma, que vão variar de acordo com a seleção de ações do fundo.
Tudo isso está estabelecido em contrato e é imensamente importante que o investidor saiba qual é o seu perfil e esteja ciente de qual é a especialidade do fundo que deseja se tornar cotista. Assim, é possível assumir unicamente os riscos a que esta pessoa está disposta a lidar.
Muitas corretoras de valores, inclusive, fornecem orientação completa sobre a relação entre o risco de determinado fundo e o perfil de investidor do interessado em comprar suas cotas. Assim, é perfeitamente possível utilizar esses dados no momento de comparação e decisão.
3. Taxas e custos
Outro ponto de atenção para quem deseja comparar diferentes fundos são as taxas praticadas pela aplicação. Elas podem se apresentar de duas formas principais:
- Taxa de administração: é uma taxa fixa que existe para compensar o trabalho do gestor do fundo. Em contratos, você a verá expressa de forma percentual (%) e anual. No entanto, ela costuma ser cobrada proporcionalmente, a cada 6 meses ou quando o cotista solicita resgate. O valor dessa taxa varia conforme o tipo de fundo, geralmente estando entre os 0,5% e 3%. Importante mencionar, também, que sua incidência considera o patrimônio total, ou seja, capital e rendimentos;
- Taxa de performance: essa taxa é bastante comum em fundos de gestão ativa (quando o objetivo da carteira é superar o desempenho de um índice). No Brasil, seu valor costuma ser, em média, 20%. Assim, a porcentagem irá incidir sobre a fatia do retorno que ultrapassar o desempenho do índice. Olha só esse exemplo: se o Ibovespa render 100% e o fundo 130%, a taxa de performance considerará unicamente os 30% de diferença.
Além dessas duas taxas principais, outros custos devem ser analisados em contrato:
- Taxa de entrada: embora não seja comum, é uma pequena porcentagem cuja incidência acontece no momento da aplicação. Assim, o valor investido é imediatamente reduzido;
- Taxa de saída: também incomum, fica na casa dos 5% e incide sobre o montante na hora do resgate. Essa taxa também pode servir como uma espécie de penalidade para os investidores que solicitarem o dinheiro de volta antes do período combinado em contrato;
- Impostos: aqui, falo do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A incidência de ambos acontece dessa forma:
- IOF: a porcentagem da alíquota varia conforme o número de dias que o valor permaneceu aplicado na cota, indo de 0% a 96% sobre o total do rendimento. O imposto não é cobrado sobre o patrimônio que fica investido por mais de 30 dias;
- IR: a cobrança do imposto é feita no momento do resgate e incide unicamente sobre os rendimentos. Além disso, a tributação pode ser feita de forma antecipada por meio do come-cotas. A porcentagem da alíquota do IR varia de acordo com o tipo de fundo.
- Come-cotas: este se trata de um desconto antecipado do Imposto de Renda sobre o rendimento do fundo, como você acabou de aprender. Normalmente, é aplicado duas vezes no ano, em maio e novembro. Essa medida serve como uma forma de facilitar a compreensão dessa cobrança por parte do investidor, ao mesmo tempo em que também diminui o valor da cota, é claro. Fundos de renda fixa, multimercado e cambiais são as categorias sujeitas ao come-cotas.
4. Investimento mínimo
Os fundos de investimento, assim como tantas outras modalidades de ativos, exigem um valor mínimo para a aplicação. Esse valor varia de contrato para contrato e geralmente é mais alto nos fundos cujo risco financeiro é maior. Além disso, algumas carteiras ainda demandam aportes periódicos específicos.
O investidor que deseja analisar determinada opção deve, portanto, prestar atenção nestes termos do contrato:
- Aplicação inicial: como você deve imaginar, é a quantia mínima que o investidor precisa aplicar no fundo pela primeira vez;
- Movimentação mínima: essa exigência destina-se àqueles que já são cotistas do fundo e estabelece o valor mínimo exigido para cada movimentação — aplicação ou resgate;
- Saldo mínimo de permanência: se trata do valor mínimo que o investidor precisa manter aplicado no fundo para permanecer como cotista. Isso significa que se um determinado resgate feito por este investidor deixar no fundo um saldo restante menor do que o exigido, o cotista deve então limpar a conta em um resgate total.
5. Relatório gerencial e regulamentação
Este documento é o que fornece ao investidor todas as informações importantes sobre o fundo, como performance, alocação de recursos, gerenciamento de riscos, estratégias, entre outros. Relatórios assim são bem detalhados e analisá-los com atenção é crucial para que o futuro cotista tome uma decisão assertiva sobre onde aplicar seu patrimônio.
Os relatórios gerenciais estão disponíveis para cada fundo. Alguns pontos específicos para você observar são:
- Gráficos de desempenho;
- Valor da cota;
- Número de investidores;
- Análises sobre o cenário doméstico e internacional;
- Análise sobre o setor específico, a depender do tipo de fundo;
- Distribuição de rendimento.
Além disso, temos, é claro, o regulamento do fundo de investimento. Todas as informações que vimos até aqui estarão listadas neste documento, como aplicação mínima, tipo de fundo, taxa aplicada, estratégia adotada e tributação de impostos.
Outra informação relevante desses papéis diz respeito a quem é o gestor do fundo. Averiguar os seus resultados e expertise é uma boa forma de embasar ainda mais a decisão sobre qual tipo de fundo escolher.
6. Rentabilidade
Fundos de investimento têm estratégias e composições variadas. Por esse motivo, é natural que a rentabilidade de um não seja a mesma que a de outro. Logo, é importante que o investidor verifique os gráficos de rentabilidade do fundo, bem como suas expectativas de ganho.
Um fundo de renda fixa, por exemplo, terá rentabilidade menor, ao passo que também oferece mais segurança. Dadas essas características, vale até dizer que são opções mais baratas para o investidor. Já um fundo de renda variável, cujos riscos são maiores, também possibilitam lucros mais atrativos.
A forma de gestão também serve como um indicador da rentabilidade do fundo. Afinal, a gestão passiva (quando o gestor apenas acompanha o desempenho de um índice) não almeja retornos altos, enquanto que a ativa (quando o gestor busca superar esse desempenho) requer uma estratégia mais agressiva em prol de ganhos melhores.
7. Índice de Sharpe
Tipicamente usado para comparar diferentes fundos de investimentos, o Índice de Sharpe serve para avaliar a relação entre a rentabilidade do portfólio e o risco que o gestor precisa assumir para obtê-la.
É aquela velha história: investimentos mais altos significam riscos mais altos também. Esse cálculo, então, vem para ajudar o investidor a avaliar esses riscos e julgar se o fundo em questão é adequado para o seu perfil e objetivos.
Por falar em cálculo, a fórmula do Índice de Sharpe é essa aqui:
Índice de Sharpe = (Rp – Rf)/OP
Considere que:
- Rp: retorno do portfólio ou do ativo;
- Rf: siginifica Risk Free Ratio em inglês, ou seja, a taxa livre de risco. No Brasil, essa taxa é a Selic;
- OP: desvio padrão da performance do fundo. Em termos mais simples, é a volatilidade do ativo.
Como é de praxe no mercado financeiro, não existe uma resposta universal que indique se um fundo de investimento vale a pena ou não, especialmente porque essa decisão depende de muitos fatores (perfil do investidor, aporte mínimo, objetivos de curto e médio prazo etc.). De modo geral, pode-se dizer que se o Índice de Sharpe for maior que 0,5, o fundo pode ser interessante e merece uma análise mais minuciosa.
Ao considerar todos esses aspectos, mantenha em mente duas recomendações clássicas para quem deseja investir: o retorno passado não garante remuneração futura e os ganhos esperados devem estar em relação de equilíbrio com a volatilidade da carteira.
8. Nomenclatura dos Fundos
Por fim, temos um aspecto básico mas extremamente importante de ser identificado antes de aplicar qualquer quantia em um fundo de investimento: a sua nomenclatura. FIRF (fundos de renda fixa), FIA (de ações) e FIM (multimercados) costumam ser as siglas mais frequentes.
Como você já sabe, essas siglas indicam a composição de determinado fundo de investimento e, por isso, acabam sendo o primeiro critério a ser considerado por um cotista. Isso porque a sua categoria serve para que se possa visualizar para quais ativos os recursos serão direcionados e qual o perfil do fundo.
A nomenclatura desse tipo de investimento também costuma trazer consigo o nome de sua gestora. Com esse dado, o futuro cotista pode checar sua procedência e reputação antes de seguir em frente.
É seguro investir em fundos?
Do ponto de vista legal, sim! Fundos de investimento devem obrigatoriamente ser registrados junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) antes mesmo de serem oferecidos ao público. Por outro lado, temos a atuação da Anbima, cuja responsabilidade é definir critérios e boas práticas a serem seguidos na hora de compor as carteiras.
Para ter plena certeza de que o fundo é seguro, então, recomenda-se que o investidor cheque o seu registro e também o de sua corretora emissora.
Já no que diz respeito à relação entre risco e retorno, a segurança do fundo vai depender de sua estratégia e da classe de ativos na qual aloca seus recursos. Essa é a razão, inclusive, pela qual eu reforcei tantas vezes ao longo deste artigo que o investidor tenha clara consciência de seu perfil, sua situação financeira atual e objetivos. E que, além disso, ainda faça o dever de casa de investigar quem é o gestor do fundo, qual a corretora emissora e ler com atenção todos os documentos relacionados ao fundo em questão.
Quais são as vantagens de investir em fundos?
Diversificação, gestão profissional e possibilidade de aplicar em ativos que, de outro modo, seriam menos acessíveis: essas são algumas das principais vantagens encontradas nos fundos de investimentos.
Eu te explico os detalhes de cada um desses atrativos:
1. Diversificação
Ter uma carteira de investimentos equilibrada e diversificada é uma das principais estratégias adotadas para proteger o investidor e seu patrimônio. Dessa forma, com um fundo é possível evitar a exposição a riscos desnecessários e manter o rendimento estável, especialmente a longo prazo.
Isso se deve à sua dinâmica, na qual o gestor aloca os recursos de todos os cotistas em ativos diversos. Ao realizar essas aplicações, obviamente tomará o cuidado de distribuir o dinheiro de forma que o conjunto performe de maneira equilibrada e com a menor incidência de riscos possíveis.
2. Gestão especializada
Basicamente, a única tarefa que cabe ao investidor é buscar o melhor fundo para o seu perfil e realizar os aportes necessários. O gestor, por sua vez, é quem vai acompanhar e analisar o mercado financeiro a fim de manter o desempenho da carteira dentro do esperado. Quando cabível, esse profissional ainda pode implementar alterações na estratégia do fundo, de modo a equilibrar a relação entre risco e retorno.
Em cenários de crise, por exemplo, o cotista pode ficar mais tranquilo do que estaria se fosse o único responsável pela sua carteira: gestores são profissionais especializados que não somente observam o mercado a fim de tentar prever eventos do tipo, como também têm capacidade técnica de contornar prejuízos.
Para um investidor, sozinho, talvez seja difícil chegar a uma combinação de ativos tão específica e eficaz. Afinal, essa tarefa requer bastante tempo, esforço e conhecimento. Nesse caso, então, a gestão ainda serve ao cotista como uma boa oportunidade de usufruir dos rendimentos e da relativa segurança e boa performance de uma carteira completa em apenas uma modalidade de investimento.
3. Acesso indireto a produtos “especiais”
Existem alguns ativos que geralmente não estão disponíveis para investidores comuns, como aqueles de origem estrangeira, ou ainda títulos cujo investimento mínimo é bastante alto. Por mais que, à primeira vista, estas pareçam ser opções inacessíveis de investimento, com um fundo elas são possíveis.
Ambas as modalidades podem ser incluídas em fundo, assim que o cotista pode, obviamente, se beneficiar de seus rendimentos. Para ações de altíssimo custo unitário, por exemplo, se tem a oportunidade de aproveitá-las sem precisar desembolsar grandes quantias — como seria o caso se o investidor tentasse, sozinho, realizar essa aplicação individualmente.
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