Afirmar que a Bolsa de Valores do Brasil (B3) está cada vez mais popular se tornou tão batido, que mesmo quem nunca investiu certamente já ouviu falar sobre esse termo. Entretanto, por mais que as pesquisas apontem, unanimemente, um interesse cada vez maior dos brasileiros no mercado de ações, muita gente ainda não compreende seus fundamentos. Muitos ainda acreditam se tratar de um tema muito complicado e distante, destinado a um grupo seleto de pessoas com alto poder aquisitivo.
Os dados mais recentes comprovam esse cenário: de um lado mostram o avanço inegável do mercado de capitais nacional. Do outro, atestam para a distância da B3 quando comparada com outras bolsas ao redor do mundo.
O número de investidores no Brasil se aproxima de 6 milhões — um aumento de aproximadamente 500% quando comparado aos dados de 2019. Na prática, isso quer dizer que 2,7% da população brasileira possui ações ou outros ativos na Bolsa de Valores. A título de comparação, nos Estados Unidos, esse número corresponde a 58%!
Embora os bancos digitais e as corretoras com isenção de tarifas tenham auxiliado a alavancar o mercado de capitais nacional, a verdade é que a B3 ainda é um assunto que merece ser desmistificado. E é, justamente, a isso que me proponho hoje.
Se você já pensou em investir na Bolsa de Valores, ou mesmo trabalhar com o mercado financeiro, mas sempre teve um pé atrás diante das tabelas, números e gráficos, te convido a seguir comigo. Ao longo deste artigo, te mostrarei que fazer seu dinheiro trabalhar para si é menos complicado do que parece.
De maneira introdutória e objetiva te apresentarei, entre outras coisas, como funciona a Bolsa de Valores, quais suas funções, quais os ativos negociados, como acompanhá-la, e o principal: como investir!
O que é Bolsa de Valores?
A Bolsa de Valores é o ambiente onde se negociam ações de sociedades de capital aberto (públicas ou privadas) e outros valores mobiliários.
Além de ser um espaço que reúne pessoas interessadas em comprar e vender papéis, a bolsa de valores também cumpre a importante função de delimitar os procedimentos para essas operações financeiras. Atuando como mercado organizado, garante a transparência e segurança a cada transação realizada, bem como ao mercado financeiro como um todo.
A Bolsa pode ser organizada ou como sociedade civil sem fins lucrativos, responsável por administrar o sistema eletrônico de transações de títulos mobiliários, ou mais normalmente como sociedade anônima.
O Brasil, que chegou a ter nove bolsas de valores, atualmente conta com apenas uma: a B3 (Brasil, Bolsa e Balcão), uma sociedade de capital aberto, criada em 2017, após a fusão da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e a Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) e a CETIP. A companhia integra, entre outros, os índices Ibovespa, IBrX-50, IBrX e Itag.
Maior bolsa da América Latina, a B3 permite a negociação de diferentes modalidades de ativos, entre eles: ações, Brazilian Depositary Receipt (BDRs), derivativos; Exchange Traded Fund (ETFs); Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs); títulos de renda fixa (públicos e privados), entre outros.
História da Bolsa de Valores
Enquanto a história da bolsa de valores no mundo é bem mais antiga e incerta, no Brasil suas origens remetem ao final do período colonial. Para deixar mais claro, no entanto, separei as duas linhas do tempo.
- Bolsa de Valores no mundo:
- Século XV: embora existam linhas de pesquisa que defendem que a história da bolsa começa no collegium mercatorum da Roma Antiga, e outras que sugerem que sua origem está no emporion da Grécia antiga, as primeiras bolsas com características modernas aparecem no século XV;
- 1487: em Bruges, na Bélgica, a palavra bolsa é cunhada de acordo com seu sentido financeiro. As primeiras negociações ocorriam como encontros entre mercadores e comerciantes que negociavam moedas, letras de câmbio e metais preciosos;
- 1561 a 1639: com a revolução comercial são desenvolvidas bolsas em diferentes cidades da europa, tais como: Antuérpia, Amsterdam, Londres, Paris, entre outras.
- Século XIX: são registradas as primeiras negociações de ações e as primeiras bolsas com operações de valores mobiliários;
- 1792: a primeira bolsa da América é criada com a assinatura do Buttonwood Agreement, um acordo entre 24 corretoras, em Nova York. Funcionando como clube fechado, os membros desse grupo negociavam apenas entre si, com uma comissão de 0,25%;
- 1817: os 24 corretores abrem a New York Stock Exchange (NYSE), atualmente a maior do mundo, reunindo empresas como: Google, Disney, Coca-Cola, Facebook, entre outras.
- Dias atuais: o portal tradinghours, que compila informações de bolsas de valores de todo o mundo, conta com uma lista com quase 1.000 dessas sociedades em seus dados. O número de empresas negociadas, ultrapassa 630 mil. As cinco maiores bolsas em valor de mercado, atualmente, são: NYSE, NASDAQ, Shanghai Stock Exchange, Euronext, e a Shenzhen Stock Exchange.
- Bolsa de Valores no Brasil:
- 1843: é criada a Bolsa de Valores do Rio pelo então Ministro da Fazenda, Alves Branco, com o objetivo de negociar títulos públicos;
- 1890: o empresário Emílio Rangel Pestana cria a Bolsa Livre, que oferta outros papéis além de títulos públicos. Essa sociedade dura somente um ano, sendo fechada devido às especulações de mercado;
- 1895: a bolsa reabre com o nome de Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo;
- 1935: após mudanças estruturais, a bolsa é renomeada como Bolsa de Valores de São Paulo. Essa é a origem, portanto, da Bovespa;
- 2000: as bolsas de São Paulo e Rio de Janeiro dão início ao processo de unificação das nove bolsas existem no país na época;
- 2007: a Bovespa lança sua oferta pública inicial de ações (IPO). Um ano após, ela se funde à Bolsa de Mercadorias & Futuros, passando a se chamar BM&F Bovespa;
- 2017: a BM&F Bovespa se junta à Cetip (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos). É originada a B3, se tornando assim, a única bolsa de valores brasileira e a maior da América Latina.
Quais as funções da Bolsa de Valores?
A Bolsa de Valores funciona como um mercado financeiro organizado para negociação de ativos financeiros. Sua principal função, se resume, portanto, em oferecer um espaço de encontro entre investidores que buscam vender e comprar ativos, bem como regular essas operações.
Para além disso, as bolsas de valores também exercem outras funções, tais como:
- Lançamento de IPOs: as bolsas de valores possibilitam um canal de captação de recursos para novas empresas de capital aberto. Para garantir segurança e transparência ao mercado, a Bolsa estabelece as regras e exigências para que uma companhia interessada possa fazer o lançamento de sua “initial public offering” — ou “oferta pública inicial”, em português. Uma dessas regras, por exemplo, é a apresentação de um prospecto que permita que o investidor conheça a empresa e seus ativos;
- Custódia de títulos: a Bolsa cumpre, ainda, a importante tarefa de tutela de títulos negociados por investidores;
- Clearing: uma vez que as instituições que asseguram a transparência de operações no mercado financeiro são conhecidas como agentes de clearing, a Bolsa cumpre esse papel em negociações de derivativos e de títulos de renda fixa variável.
Qual a diferença entre B3 e Ibovespa?
De maneira bastante direta, a B3 é a sigla pela qual é conhecida a única bolsa de valores do Brasil, enquanto a Ibovespa (IBOV) é o seu principal índice.
Representando as empresas responsáveis por aproximadamente 80% de todas as ações negociadas no pregão, o índice IBOV é visto como o termômetro da B3.
A confusão entre os termos e seus significados se deve, em boa parte, às mudanças de nomenclatura da bolsa e as suas fusões ao longo da história.
Antes de 2017, a B3 se chamava BM&F Bovespa. Sua atual denominação foi criada após a fusão com a Cetip. O índice Ibovespa, porém, manteve sua nomenclatura.
Quais os benefícios da Bolsa de Valores?
Ao criar um caminho para que empresas captem recursos e ampliem suas operações, a Bolsa de Valores cumpre um papel de grande relevância na economia de um país. De maneira objetiva, é possível afirmar que sua operação resulta em benefícios tanto para quem está interessado em vender quanto em comprar ativos.
Afinal, além de facilitar o desenvolvimento de companhias, ela permite que investidores se tornem sócios de empresas consolidadas, obtendo rendimentos, sem a exigência de conhecimentos administrativos complexos.
Os benefícios dessa forma de organização de mercado, porém, merecem ser melhor detalhados. Para isso, te mostro abaixo os principais entre eles.
- Capitalização para investimentos: a Bolsa de Valores possibilita um espaço seguro e transparente para que empresas que optem pela abertura de capital, captem recursos para a expansão de seus negócios, seja pela emissão de ações, debêntures ou notas promissórias;
- Auxílio no desenvolvimento das empresas: além da captação de recursos para projetos de expansão, as empresas podem se valer da bolsa para aumentar seu capital social e seu valor de mercado;
- Mobilização de poupanças em investimentos: o investimento de longo prazo em capital social de uma empresa resulta em uma lógica benéfica ao desenvolvimento do país, uma vez que a expansão produtiva de uma companhia vem acompanhada da oferta de novos empregos e alocações na economia;
- Redistribuição de renda: a lógica da Bolsa de Valores pode abrandar a desigualdade de distribuição de renda, uma vez que permite que pequenos investidores se tornem acionistas de empresas consolidadas e compartilhem, por meio da distribuição de dividendos, de seus lucros;
- Aprimoramento da governança corporativa: de maneira orgânica, empresas listadas na Bolsa tendem a ser melhores administradas do que aquelas que não são negociadas no mercado de capitais. Isso porque elas são fiscalizadas de perto por órgãos governamentais, pelos acionistas e pelos regramentos do próprio mercado;
- Criação de oportunidade a pequenos Investidores: este ambiente pode ser uma oportunidade de renda extra para poupadores de todos os tamanhos, uma vez que não é necessário uma grande renda para se tornar acionista de uma companhia e participar de seus lucros;
- Termômetro da economia: diferentemente do que ocorre no mercado convencional, os ativos presentes na bolsa de valores são negociados milhares e milhares de vezes ao longo do dia, o que desencadeia em reações muito mais rápidas. Uma crise setorial, por exemplo, pode levar a uma queda quase instantânea nos valores de determinados ativos na B3, ao passo que isso tende a demorar até meses para chegar aos ativos físicos. Dessa forma, a Bolsa funciona como um parâmetro espontâneo e em tempo real da economia;
- Auxílio financeiro a projetos sociais: os governos federal, estadual e municipal também se valem da Bolsa, sobretudo para o financiamento de grandes projetos de infraestrutura. Nesse caso, o levantamento de recursos se dá pela negociação de títulos públicos. Essa é uma alternativa para bancar o desenvolvimento, sem a necessidade de aumento de taxações. Vale citar, também, que a maior parte das empresas de infraestrutura brasileiras são listadas na bolsa.
Como funciona a Bolsa de Valores?
A Bolsa de Valores funciona como um mercado organizado que propicia o encontro entre investidores que buscam comprar ou vender ações, além de ser um espaço para que empresas públicas ou privadas financiem projetos de expansão.
Para que fique mais claro como se dá o funcionamento desse sistema, vou listar abaixo todo o percurso de uma ação, desde a sua emissão até a negociação entre investidores:
- Lançamento da IPO: O primeiro passo para uma empresa que pretende buscar recursos por meio da bolsa de valores é abrir seu capital. Esse processo tem início com a efetivação de uma oferta pública inicial (IPO), ou seja, o lançamento das primeiras ações da empresa no mercado.
Esse processo, vale citar, é bastante complexo, sendo exigido, entre outras coisas, o registro e análise da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) — entidade autárquica responsável por regular e fiscalizar o mercado de capitais —, além de elaboração de um prospecto que apresente os dados acerca da companhia e de seus ativos;
- Mercado primário: uma vez anunciado o IPO, as ações da empresa passam a ser negociadas no pregão da B3, podendo ser adquiridas por qualquer investidor interessado, sempre com o intermédio de uma corretora;
- Mercado secundário: após a obtenção de ações lançadas pela primeira vez, os compradores podem negociá-las com outros investidores. Os papéis, desse modo, podem ser revendidos de investidor para investidor de forma perpétua. Esse, vale destacar, é o mercado que apresenta o maior volume da Bolsa de Valores.
Quais os serviços da Bolsa de Valores?
Muito além de servir de espaço para negociação de ativos entre investidores, a B3 oferece uma estrutura complexa de serviços ao mercado de capitais. Como exemplos, é possível citar:
- Abertura de capital;
- Lançamento de ofertas públicas de renda variável;
- Negociação de commodities, moedas,renda fixa privada e pública, e renda variável;
- Registro de derivativos de balcão, de valores mobiliários e duplicatas;
- Sistema de registro de garantias sobre veículos automotores
- Serviços de clearing;
- Serviço de central depositária e gestão de garantias;
- Empréstimo de ativos.
A relação completa dos serviços que presta, bem como os detalhamentos de cada um deles, podem ser acessados no portal da Bolsa de Valores.
Quais os ativos negociados na Bolsa de Valores?
A B3 conta com uma grande variedade de opções de produtos de renda fixa e renda variável, oferecendo oportunidades de retorno para todos perfis de investidores. Abaixo enumero alguns dos ativos mais comuns negociados na bolsa brasileira:
- Ações: certamente a modalidade de ativo mais conhecida da B3, as ações são papéis que representam uma pequena parcela do capital social de uma empresa. Ao comprar uma ação, o investidor se torna sócio da companhia emissora, recebendo uma participação sobre seus lucros: os dividendos.
Atualmente, mais de 400 empresas dos mais distintos ramos e em diferentes fases de maturação estão listadas na B3. Cada qual pode servir a uma estratégia distinta de aplicação: perfis mais arrojados, que não se importam com riscos e esperam retornos a longo prazo, podem apostar em uma carteira de small caps (ou seja, empresas novas em seus segmentos ou representativas de um setor econômico ainda em expansão, que podem resultar em retornos maiores); enquanto investidores mais conservadores podem investir nas blue chips (as grandes empresas da bolsa);
- CRIs e CRAs: os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e os certificados de recebíveis imobiliários (CRAs) são títulos de renda fixa, emitidos como antecipação de recebíveis para empresas do setor imobiliário e do agronegócio, respectivamente. Esse tipo de ativo conta com isenção do Imposto de Renda (IR), o que permite retornos superiores aos de outros investimentos de renda fixa. Esses certificados não contam, porém, com proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC);
- Debêntures: títulos de renda fixa emitidos por companhias de capital fechado ou aberto que buscam captar recursos. Distinto das ações, o comprador desses papéis não se torna sócio da empresa, mas um credor.
Na prática, é como se o investidor emprestasse seu dinheiro a companhia, recebendo uma taxa de juros como remuneração. Da mesma forma que os CRIs e CRAs, também são isentas de IR e não são protegidas pelo FGC;
- Brazilian Depositary Receipts (BDRs): representam ações de empresas estrangeiras negociadas em reais. É, portanto, uma maneira de aplicar em gigantes internacionais como Apple, Netflix, Tesla e outras, sem a necessidade de mandar dinheiro para fora do país;
- Exchange Traded Funds (ETFs): são fundos que têm por objetivo acompanhar o desempenho de índice ou ativos financeiros do mercado, como o Ibovespa, MSCI, S&P 500). Essa é, portanto, uma forma mais prática de diversificar a carteira, do que adquirir ativos de maneira individual;
- Fundos Imobiliários (FIIs): os FIIs é uma possibilidade de investir no mercado imobiliário sem a necessidade de comprar um imóvel. Funcionando como outros fundos, os fundos imobiliários reúnem o montante dos recursos de diferentes cotistas para alocá-lo em imóveis ou em títulos de operações imobiliárias. A remuneração segue algum indicador pré-determinado, e o retorno é dado em forma de dividendos proporcionais a aplicação;
- Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC): por mais que funcione de maneira semelhante a um fundo de investimento, o FIDC conta com particularidades tais como: a divisão de cotas em três categorias, segundo seu grau de risco; sua restrição a investidores profissionais (aqueles com mais de R$10 milhões investidos no mercado financeiro) ou qualificados (aqueles com mais de R$1 milhão investido ou certificados pelo CVM como tal);
- Letras Financeiras (LFs): título de renda fixa emitido por instituições financeiras como bancos e cooperativas de crédito. Esse tipo de ativo oferece rentabilidades superiores, uma vez que possui um prazo de resgate maior e que não pode ser antecipado.
Como acompanhar a Bolsa de Valores?
Ativos como ações são sujeitos a volatilidade do mercado, ou seja, suas cotações podem variar muitas vezes ao longo dos dias, sendo impactados por diversos fatores econômicos e mesmo políticos. É por isso que acompanhar a bolsa de valores em tempo real é tão importante. Felizmente, devido à tecnologia, essa tarefa é bem mais simples do que pode parecer.
Hoje, existem diversas formas de fazer esse acompanhamento, como por exemplo:
- Site da B3: nada mais fácil do que beber da fonte original, não é mesmo? Como não poderia deixar de ser, é possível fazer esse acompanhamento diretamente pelo site da B3. Para acessar esse serviço, basta clicar na seção “Acompanhar as cotações”, selecionar “ações” e então digitar o ticker ou nome da empresa em “IBOV”.
Uma vez feito isso, você terá acesso a gráficos completos sobre a companhia pesquisada: seu histórico de preços desde seu ingresso na bolsa, intervalo do dia, variação das últimas 52 semanas, valor de mercado da empresa, dividendos distribuídos e claro: ofertas de compra e venda de ativos;
- Home broker de sua corretora: elo entre o investidor e a bolsa de valores, as corretoras oferecem a seus clientes suas próprias plataformas de home broker. Por meio delas ou do aplicativo da instituição em questão, é possível acompanhar as cotações da B3, além de emitir ordens de compra e venda, podendo, assim, aproveitar oportunidades únicas;
- Google: uma maneira bastante prática para consultas eventuais de cotações específicas, é simplesmente digitar o ticker da ação ou Ibovespa na barra de procura do navegador. Com isso, você terá acesso ao preço atualizado do ativo pesquisado, além de um resumo de informações referentes a ele, na própria página do buscador, sem a necessidade de acessar algum outro site;
- Aplicativos: ademais dos softwares disponibilizados pelas corretoras a seus clientes, não é complicado encontrar aplicativos para sistemas Android, iOS ou Windows Phone na Google Store e na Apple Store. Essa é uma boa alternativa, sobretudo, para quem não pode estar em frente ao computador ao longo dia.
Como qualquer produto adquirido online, vale ler as opiniões dos demais usuários para encontrar a opção que melhor se adeque às suas necessidades;
- Sites: além do sistema disponibilizado pela B3 ou do navegador do Google, também existem muitos sites especializados em acompanhar as cotações da bolsa de valores em tempo real. Outra vez, vai de você pesquisar e encontrar o que lhe parecer mais propício ou fácil de compreender.
Independentemente do caminho escolhido para acompanhar a cotação de uma ação e os movimentos do mercado, é preciso que você atente a algumas informações fundamentais como:
- Preço de mercado: corresponde ao último valor negociado pela ação;
- Variação de preço: a diferença percentual da cotação do ativo entre um dia e o outro;
- Melhor compra e melhor venda: por fim, certas ferramentas digitais ainda demonstram quanto o melhor comprador está propenso a pagar por determinada ação no momento.
Embora existam muitos outros dados importantes a acompanhar, com essas três informações em mão, já é possível que você comece a formular uma ideia aproximada do valor de uma ação específica para operações futuras.
Como investir na Bolsa de Valores?
Se as suas pesquisas e curiosidade te trouxeram até esse artigo, você já está mais perto de ver o seu dinheiro começar a trabalhar para si, ou até de trabalhar neste ramo. Afinal, o primeiro passo para investir é compreender os fundamentos operacionais da B3.
Agora, é hora de aprofundar um pouco mais e conhecer o resto do caminho.
Abra uma conta em uma corretora
Para fazer aplicações em ações listadas na bolsa de valores, o investidor necessita obrigatoriamente ter uma conta em uma corretora de valores, instituição autorizada a operar no pregão. Atuando como intermediária entre o investidor e a B3, essas instituições recebem as ordens de compra ou de venda e as executam na bolsa, em nome de seus clientes.
Além disso, essas empresas também têm a função de auxiliar o investidor a compreender o mercado, definir metas e encontrar os produtos que melhor se encaixam em seu perfil (como demonstrarei logo mais).
Para escolher uma corretora, é importante considerar fatores como: taxa de corretagem, a praticidade de seus sistemas de negociação, a disponibilização de relatórios e auxílio quanto a aplicações, entre outros.
Caso você não tenha nenhuma instituição em mente, um bom começo é acessar o site da B3. Lá é possível ter acesso a lista de todas as corretoras de investimento autorizadas a operar na bolsa brasileira. Uma vez com a conta ativa, é possível fazer transferências — via TED ou DOC — para que seus recursos sejam aplicados em ações.
Defina seu perfil de investidor
Antes de fazer sua primeira aplicação é altamente recomendado fazer um teste de suitability, para encontrar seu perfil de investidor e, dessa forma, definir quais os produtos financeiros disponíveis na B3 que melhor se encaixam a seus objetivos.
Esse teste — que pode ser solicitado a própria corretora ou a profissionais do mercado, como consultores de investimentos — foca em identificar qual o grau de tolerância a risco de cada cliente, os classificando entre:
- Conservadores: prezam, primeiramente, pela segurança de seus recursos. Tendem a preferir aplicações com baixo retorno a investimentos que podem render mais, mas que implicam em maiores riscos ao patrimônio. As aplicações mais indicadas para esse perfil são títulos de renda fixa, como CDBs, LCIs e LCAs, por exemplo;
- Moderados: ainda se guia pela segurança, mas a depender da oportunidade, pode aceitar correr pequenos riscos para alcançar melhores rendimentos. Assim como os conservadores, tende a ter uma carteira composta essencialmente por títulos de renda fixa, entretanto, está disposto a alocar parte de seu dinheiro em produtos de renda variável como fundos imobiliários;
- Arrojados ou agressivos: diferentemente dos outros perfis, busca a maior rentabilidade possível, sem se ater aos riscos. Geralmente, é um investidor com experiência e conhecimento do mercado e de seus produtos. Sua carteira pode ser composta por ativos como ações e fundos multimercados.
Planeje suas finanças
Uma vez aberta sua conta em uma corretora e definido o seu perfil de investidor, é o momento de fazer seu planejamento financeiro, estabelecendo valores a serem alocados, expectativas de retorno, objetivos e prazos.
Esse pode ser um documento bem simples com uma coluna para entrada de capital e outra para a saída. Mais que te auxiliar a fazer suas primeiras aplicações, esse planejamento te ajudará a mantê-las sob controle.
Uma vez definidos seus objetivos, também é importante que seu planejamento considere os prazos para alcançá-los:
- Curto prazo: metas a serem realizadas em menos de um ano;
- Médio prazo: metas que podem levar entre um e cinco anos para serem concretizadas;
- Longo prazo: metas com mais de cinco anos.
Com base nisso, é possível identificar se as aplicações estão correspondendo às expectativas e, se necessário, repensar suas estratégias e alocações.
Caso queira ter um controle maior de seus recursos, é possível encontrar aplicativos de finanças que te auxiliem com essa tarefa.
Tenha um reserva para emergências
Por mais que seu planejamento seja muito bem estruturado e rígido, o mercado de capitais e a própria vida são suscetíveis a situações inesperadas. É por isso que todo investidor necessita possuir uma reserva de emergência, que garanta a segurança de seu patrimônio em eventuais crises de ordem financeira ou pessoal.
Um bom começo é ter guardado ao menos o suficiente para cobrir três meses de gastos fixos. Somente assim será possível tomar decisões acertadas quanto à tomada de risco ou diversificação da carteira.
Conheça os produtos disponíveis
Embora as ações sejam sempre os produtos mais lembrados quando se fala da Bolsa de Valores, é preciso lembrar que esse não é o único tipo de ativo negociado na B3.
Após traçar seu perfil de investidor, é preciso se aprofundar sobre todas as opções de aplicação disponíveis no mercado. Afinal, cada uma delas conta com riscos, prazos e retornos específicos.
Uma boa maneira para começar a estudá-las mais a fundo é dividir os produtos entre renda fixa e renda variável. Assim fica mais fácil focar nas oportunidades que melhor atendem suas necessidades e a sua capacidade no momento:
- Renda fixa: são produtos mais previsíveis e, portanto, mais seguros. A remuneração dessas aplicações é feita por meio de uma taxa de juros pré-estabelecida. Entre as opções estão: certificados de depósitos bancários, debêntures, títulos públicos do Tesouro Direto, entre outros;
- Renda variável: são produtos mais voláteis e suscetíveis às movimentações do mercado. Aqui estão os produtos com maior possibilidade de retorno, embora mais arriscados, como as small caps.
Escolha seus ativos
Se você já conhece todos os produtos do mercado e suas especificidades, esse é o momento de escolher os ativos para compor sua carteira. Para isso, é importante se valer de estratégias que te auxiliem a encontrar as melhores oportunidades.
Existem duas ferramentas amplamente utilizadas no mercado que podem te auxiliar nesse processo:
- Análise fundamentalista: metodologia que estuda a saúde e a performance financeiras de uma companhia, por meio da compilação de dados econômicos, estruturais, políticos, entre outros. Por meio dela é possível estimar o valor da empresa, sua capacidade de gerar receitas, seu potencial de expansão de expansão de margens de lucro e sua capacidade de gerenciar custos;
- Análise técnica: metodologia que busca antever o comportamento de um ativo com base em seu histórico, demonstrado em gráficos. Esse estudo avalia, assim, as tendências de variação do preço ao longo do tempo.
Amparado pelos resultados apresentados por essas metodologias, o investidor pode ser mais assertivo ao definir o momento de comprar, manter ou vender um ativo.
Vale citar, que embora possam ser complementares, a análise fundamentalista é a mais utilizada para operações de médio e longo prazo, enquanto a análise técnica é mais pontual, sendo uma ferramenta voltada a operações de curto e curtíssimo prazo.
Diversifique sua carteira
Você já ouviu o ditado “não coloque todos os ovos na mesma cesta“? Se essa é a primeira vez que o lê, tenho certeza que não será a última. Essa expressão, repetida tantas vezes no mercado financeiro, serve de conselho para os investidores iniciantes e lema para os experientes. E não é por menos!
Uma das dicas mais conhecidas entre os agentes do mercado é justamente não alocar todos seus recursos em um só produto. Em outras palavras, é preciso montar uma carteira de investimento diversificada.
Isso porque, ao investir em somente um ativo, você corre o risco de colocar sua rentabilidade a perder. Caso todo o seu dinheiro esteja aportado em uma ação em específico e ela desvalorize, seu prejuízo será certo.
Ao fazer aplicações em diferentes produtos, a eventual perda de valor de um deles, não afetará significativamente o seu patrimônio. A valorização dos demais produtos irá suprir a perda e, muitas vezes, superá-la.
Em suma, diversificar sua carteira diminui seus riscos e aumenta seus rendimentos.
Faça o rebalanceamento de sua carteira
Se você já concluiu seu planejamento, estabeleceu suas metas e prazos, e montou uma carteira adequada às suas expectativas, o último passo é acompanhar seus resultados de perto.
Novamente, vale frisar que o mercado é volátil, e pode ser que alguma de suas aplicações não esteja rendendo como esperado ou, ainda, pelo contrário, talvez algum produto esteja valorizando mais do que o imaginado . Esse é o momento de equilibrar a balança. Em outras palavras: rebalancear sua carteira, realocando seus recursos.
O rebalanceamento da carteira, a depender da situação, pode ser feita de duas formas: comprando novos produtos ou vendendo seus ativos, para aplicar esses recursos de outra forma.
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