Já sei: você está estudando sobre Renda Fixa ou pensando em investir em Títulos Públicos Federais (TPF) e acabou se deparando com o termo Preço Unitário (PU). Acertei?

Apesar de poder gerar confusão, não há muito mistério: o PU nada mais é do que o preço de negociação de um título inteiro do Tesouro em uma determinada data. Fácil, não é mesmo?

Mas, claro, essa é apenas uma simplificação. Você sabia, por exemplo, que o PU de um título de renda fixa pode variar? Ou ainda, como o preço de um título de dívida pública é definido? Não? Então fica claro que, para realmente entender esse conceito tão fundamental para os investidores, é preciso ir um pouco mais a fundo.

Mas calma! Neste artigo, vou responder de forma acessível e objetiva essas e outras questões essenciais sobre o Preço Unitário. Você sairá daqui sabendo:

  • O que é o Preço Unitário (PU);
  • Como calcular o PU;
  • Qual a diferença entre PU e marcação a mercado;
  • Como acompanhar o valor unitário dos títulos do Tesouro Direto.

Vamos nessa?

O que é um preço unitário?

O Preço Unitário (PU) é simplesmente o preço atual de uma unidade de um título público — aqueles emitidos para captar recursos e financiar as atividades do Governo Federal — negociado na plataforma do Tesouro Direto em uma data específica.

O PU é dividido em duas categorias:

  • Preço Unitário de compra: é o preço que um investidor precisaria pagar para adquirir uma unidade de um título público negociado no Tesouro Direto;
  • Preço Unitário de venda: é o valor bruto que o investidor recebe caso decida vender um título do Tesouro antes do vencimento.

Aqui, vale um ou dois adendos. Primeiro: os títulos públicos são negociados em frações. Ou seja, o investidor não precisa adquirir um título inteiro. A quantidade mínima de investimento corresponde a 1% do título. Assim, o preço do investimento deve ser ajustado conforme a quantidade desejada ou detida.

Segundo: os títulos públicos têm liquidez diária. O Tesouro Nacional garante a recompra desses papéis pelo valor de mercado do momento, ou seja, pelo PU da data de venda. Se o investidor mantiver o título até o vencimento, receberá exatamente a rentabilidade combinada no momento da compra, independentemente do preço de mercado naquele instante.

Exemplo de preço unitário

Um dos melhores exemplos para entender o preço unitário são os títulos públicos prefixados, como as Letras do Tesouro Nacional (LTN).

O valor de face (valor nominal) desses papéis é padronizado e fixado em R$1.000,00. Isso significa que, no vencimento, essa será a quantia a ser recebida pelo investidor, caso mantenha o título até essa data. Como regra, esses títulos são sempre vendidos com um desconto sobre esse valor.

Em outras palavras, cada unidade de LTN comprada concede ao investidor o direito de receber R$1.000,00 em um momento futuro determinado. O rendimento corresponde à diferença entre o preço de compra e o valor resgatado.

Por exemplo, se uma LTN for adquirida por R$650,00 e mantida até o vencimento, o investidor receberá o capital aplicado mais R$350,00 de lucro. Esse valor, importante mencionar, representa a rentabilidade bruta — antes dos descontos de Imposto de Renda (IR) e da taxa de custódia da B3.

Para ilustrar na prática, veja os preços unitários de alguns títulos públicos disponíveis no Tesouro Direto em 1º de abril de 2025:

TítuloRentabilidade anualInvestimento mínimoPreço UnitárioVencimento
Tesouro Prefixado 202814,60%R$ 6,88R$ 688,5601/01/2028
Tesouro Prefixado 203214,88%R$ 3,94R$ 394,2201/01/2032
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 203514,94%R$ 7,88R$ 788,1301/01/2035
Tesouro IPCA+ 2029IPCA + 7,83%R$ 32,90R$ 3.290,4915/05/2029
Tesouro Selic 2028SELIC + 0,0588%R$ 162,82R$ 16.282,8501/03/2028
Tesouro Renda+ Aposentadoria Extra 2050IPCA + 7,12%R$ 4,49R$ 449,5015/12/2069
Tesouro Educa+ 2030IPCA + 7,61%R$ 26,54R$ 2.654,5415/12/2034

Atenção: diferentemente do Tesouro Prefixado 2028 e do Tesouro Prefixado 2032, os demais títulos não possuem um valor de face fixo de R$1.000,00, como no exemplo anterior. Isso ocorre porque são títulos híbridos, cuja rentabilidade combina uma taxa fixa de juros com a variação de um indicador de mercado, como a Selic ou o IPCA. Mas como o PU é calculado nesses casos? Como então o PU é calculado nesses casos? Sobre isso falarei a seguir.

Como calcular o PU?

O PU é calculado pelo Valor Presente do valor de face, descontado a uma taxa fixa de juros até o vencimento. O valor de face dos títulos prefixados é sempre R$1.000,00 no vencimento. Assim, o preço unitário no presente é ajustado pela taxa de juros, refletindo o valor presente desse pagamento futuro. Desse modo, quando o PU está alto, a taxa fica baixa — e vice-versa.

Para quem não conhece, a fórmula do Valor Presente (PV) é a seguinte:

  • VP = VF(1 + i)t

Onde: 

  • VP: valor presente;
  • VF: valor futuro (valor de face);
  • i: taxa de juros vigente;
  • t: período de tempo entre primeiro e segundo período.

Como exemplo, consideremos os dados do Tesouro Prefixado enquanto escrevo este artigo (01 de abril de 2025):

  • Valor de Face = R$ 1.000,00
  • Taxa de juros = 14,60% ao ano (0,1460)
  • t (tempo até o vencimento) = Aproximadamente 3 anos até 01/01/2028

Aplicando esses dados à fórmula:

  • VP = 1.000(1 + 0,1460)3

Logo, o Preço Unitário (PU) do Tesouro Prefixado 2028 é de aproximadamente R$664,43 na data calculada.

No caso dos títulos híbridos, como o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA, contudo, o cálculo é um pouquinho mais complexo, já que o valor futuro não é fixo em R$1.000,00 por unidade. Mas não se apavora! Na sequência explico como funciona o cálculo do PU em cada um desses casos.

Cálculo de PU de títulos atrelados à Selic:

O preço unitário dos títulos atrelados à taxa Selic (LFTs) é atualizado diariamente com base na variação da taxa Selic diária.

Como a Selic varia ao longo do tempo, não há um desconto fixo como nos títulos prefixados. O preço unitário cresce ao longo do tempo conforme os juros compostos da Selic diária.

A fórmula aqui é a seguinte:

  • PU = PUo x  (1 + Taxa Selic)t

Onde:

  • PU₀ = valor base do título;
  • t = tempo até o vencimento.

Atenção: a variação do PU ocorre com base nos juros compostos diários da Selic, acumulados ao longo do tempo.

Cálculo de PU de títulos atrelados ao IPCA:

O preço unitário dos títulos atrelados ao IPCA (NTN-B e NTN-B Principal) é ajustado diariamente pela inflação acumulada desde a emissão do título.

Além disso, o PU considera o Valor Presente do fluxo de pagamentos futuros (juros semestrais ou valor total no vencimento) descontado por uma taxa de juros real do mercado.

Nesse caso, o cálculo é o seguinte:

  • PU = Valor de Face(1 + Taxa Real)t x (1 + IPCA acumulado)

Note: o primeiro fator da fórmula representa o valor presente descontado pela taxa de juros real. Já o segundo fator corrige o valor pela inflação acumulada desde a emissão do título.

Esses cálculos todos, contudo, servem mais a título de curiosidade, já que na prática, como falarei melhor dentro em pouco, o PU desses e outros mais de 900 ativos são calculados diariamente pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). 

Qual a diferença entre preço unitário e preço global?

O preço unitário e o preço global são formas diferentes de calcular o valor de um serviço ou produto em um contrato. O preço unitário é quando o valor é definido com base na quantidade de itens ou serviços prestados. 

Por exemplo, se uma empresa for contratar a pintura de um prédio e o contrato for por preço unitário, o pagamento será feito de acordo com cada metro quadrado pintado. Assim, se for preciso aumentar a quantidade, o custo total do contrato também aumenta.

Já o preço global significa que o valor total do contrato é fixo e não muda, independentemente da quantidade de trabalho ou material utilizado. Usando o mesmo exemplo da pintura, se o contrato for por preço global, a empresa pagará um valor fechado pelo serviço completo, independentemente da área total a ser pintada. 

Qual a diferença entre PU e marcação a mercado?

Embora interligados, o Preço Unitário (PU) e a marcação a mercado não são a mesma coisa:

  • PU: corresponde ao valor de compra ou venda de um título em uma data específica, sendo calculado com base no fluxo de pagamentos futuros descontado a uma taxa de juros;
  •  Marcação a mercado: é um processo de ajuste diário que atualiza o preço de um título de acordo com as condições do mercado, especialmente as variações nas taxas de juros. Esse ajuste reflete o preço pelo qual o título poderia ser negociado naquele momento.

A relação entre os dois conceitos é clara: a marcação a mercado ajusta o PU ao longo do tempo, garantindo que ele reflita as condições atuais do mercado. Isso significa que, mesmo sem comprar ou vender o título, o investidor pode observar oscilações no valor do PU dos papéis em sua carteira.

Dessa forma, ainda que sejam investimentos de renda fixa, os títulos sofrem variações de preço. Quando a taxa básica de juros sobe, novos títulos são emitidos com rendimentos mais elevados, tornando os antigos menos atrativos e reduzindo seu preço no mercado secundário. Já quando as taxas caem, ocorre o inverso: os títulos emitidos anteriormente, que oferecem retornos maiores, tornam-se mais valorizados.

Sempre lembrando que essas oscilações só afetam o investidor caso ele decida vender seus títulos antes do vencimento. Se mantiver o investimento até a data acordada, ele receberá exatamente o valor contratado no momento da compra, independentemente das variações do mercado.

Como acompanhar o valor unitário dos títulos do Tesouro Direto?

Se você deseja investir em títulos públicos federais, pode conferir o preço unitário e demais condições diretamente na plataforma do Tesouro Direto. Lá, também é possível fazer simulações para estimar o rendimento de cada título.

Já para quem pretende vender um título antes do vencimento e quer verificar o preço atualizado pela marcação a mercado, os relatórios da Anbima são uma referência. A Anbima ajusta esses valores diariamente com base em uma metodologia própria, considerando dados do mercado secundário, informações de corretoras e negócios realizados.

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E aí, conseguiu entender o que é o Preço Unitário (PU)? Se sim, você já sabe como ele é calculado, por que varia e qual a sua relação com a marcação a mercado, não é mesmo?

 Esses conceitos são fundamentais para entender os títulos de renda fixa e são frequentemente abordados em provas como a CEA, CGA e CNPI.

Se você está se preparando para essas certificações, aproveite para conhecer cursos preparatórios Top, que mais aprovam no Brasil e também para conferir o canal da TopInvest no YouTube. Lá, você encontra centenas de conteúdos gratuitos sobre os principais temas que caem nas provas. Vem com a TopInvest!

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