Quando o assunto é investimento, esteja ciente: não existe retorno sem risco. Inclusive, quanto maior a incerteza, maior tende a ser a recompensa esperada — ou, para usar o jargão financeiro, o “prêmio de risco“.
Esse conceito é importante para quem deseja tomar decisões financeiras mais conscientes e montar uma carteira equilibrada, alinhada não só com o potencial de ganhos, mas também de acordo com a tolerância ao risco.
Se você já investe ou está apenas começando, entender o prêmio de risco é indispensável. E pode ficar tranquilo: neste artigo, você vai encontrar tudo o que precisa saber sobre o tema. Entre as perguntas que serão respondidas estão:
- O que é prêmio de risco?
- Como funciona o prêmio de risco?
- Como calcular o prêmio de risco?
- Como calcular o prêmio de risco do mercado?
- Quais investimentos costumam ter um prêmio de risco maior?
- Como identificar o melhor prêmio de risco?
- O que levar em conta para tomar risco?
- Por que o prêmio de risco é importante?
- Quais cuidados tomar ao escolher investimentos com prêmio de risco alto?
- Quais as consequências do prêmio de risco?
Pronto para entender uma das métricas mais importantes do mercado financeiro? Então, siga comigo!
O que é prêmio de risco?
O prêmio de risco corresponde à diferença entre o rendimento de um investimento mais arriscado e o de uma aplicação considerada “livre de risco”. Dito de outro modo, é como uma recompensa esperada pelo investidor por aportar o seu dinheiro em um ativo com maior probabilidade de perda.
Mas afinal, o que é uma aplicação livre de risco? Na prática, nenhum investimento é totalmente isento de risco. No entanto, na teoria, o referencial mais aceito globalmente são os títulos de curto prazo do Tesouro dos Estados Unidos, considerados os mais seguros do mundo. Em contexto nacional, a referência costuma ser os títulos públicos federais, garantidos pelo Tesouro Nacional.
Sem o prêmio de risco, dificilmente haveria incentivo para diversificar a carteira com ativos mais arriscados. Para que alguém decida investir parte do seu capital em aplicações com algum grau de incerteza, é necessário que exista uma compensação adequada — esse é justamente o papel do prêmio de risco.
Por isso, o prêmio de risco também pode ser entendido como a remuneração extra exigida pelo investidor para manter determinado ativo em seu portfólio, face ao risco adicional que ele representa.
Como funciona o prêmio de risco?
O funcionamento do prêmio de risco é simples e pode ser resumido numa máxima bastante conhecida no mercado financeiro: quanto maior o risco, maior o potencial de retorno.
Pensa comigo: você acha que alguém aplicaria em criptomoedas se o potencial de retorno desses ativos fosse o mesmo da poupança? Claro que não. Afinal, ninguém arriscaria perder dinheiro se não houvesse uma recompensa à altura, isto é, um prêmio de risco atrativo.
Essa lógica vale não só entre diferentes classes de ativos, mas também dentro de uma mesma categoria. É por isso, por exemplo, que CDBs de bancos menores costumam oferecer taxas de retorno de 120%, 150% do CDI: é uma forma de compensar o risco maior e atrair investidores que, de outro modo, provavelmente aplicariam em instituições mais consolidadas.
Em resumo, o prêmio de risco funciona como uma recompensa adicional para que o investidor aceite correr mais risco ao aplicar o seu dinheiro em investimentos menos seguros, quando existem opções mais conservadoras disponíveis no mercado.
Como calcular o prêmio de risco?
O prêmio de risco é igual a diferença de rentabilidade esperada de um investimento e a de um ativo considerado livre de risco. A fórmula é bastante simples:
- Prêmio de risco = retorno esperado – taxa livre de risco
Onde:
- Retorno esperado: rentabilidade estimada de um investimento;
- Taxa livre de risco: rentabilidade de um ativo de baixíssimo risco utilizado como referência — como, por exemplo, os títulos do Tesouro Direto.
Que tal um exemplo para facilitar?
Vamos usar o Tesouro Selic como referência — um investimento garantido pelo Tesouro Nacional e com liquidez diária — que está pagando atualmente 13,35% ao ano.
Suponha que um investidor esteja considerando aplicar em um Fundo de Investimento Imobiliário (FII), com retorno estimado de 16,50% ao ano.
Para calcular o prêmio de risco desse fundo, basta aplicar os dados na fórmula:
- Prêmio de risco = 16,50% (retorno esperado)- 13,35% (taxa livre de risco)
- Prêmio de risco = 3,15%
Ou seja, o prêmio de risco desse FII é de 3,15%. Essa é a recompensa adicional que o investidor pode esperar por optar por esse investimento, em vez de aplicar em um título considerado livre de risco, como o Tesouro Selic.
Vale a pena? Essa resposta depende do investidor. Dos seus objetivos pessoais e, especialmente, de quanto risco está disposto a assumir em busca de uma rentabilidade maior.
Como calcular o prêmio de risco do mercado?
O prêmio de risco de mercado corresponde ao ganho adicional de uma carteira de mercado em comparação à taxa livre de risco. Em outras palavras, é o retorno extra que os investidores esperam obter ao aplicar num mercado volátil — como o de ações, por exemplo —, em vez de investir em ativos conservadores de renda fixa.
A fórmula do prêmio de risco de mercado é a seguinte:
- Prêmio de risco de mercado =retorno esperado do mercado – taxa livre de risco
Onde:
- Retorno esperado do mercado: é o retorno esperado de uma carteira que representa o mercado como um todo, como um índice de ações (por exemplo, o Ibovespa no Brasil ou o S&P 500 nos EUA);
- Taxa livre de risco: é o retorno de um investimento considerado praticamente sem risco, como os títulos do Tesouro (exemplo: o Tesouro Selic no Brasil ou os treasury bonds nos EUA).
Como exemplo, desta vez, vamos utilizar o retorno médio do índice S&P 500 ao longo de 30 anos (1994–2023). Nesse período, o principal indicador do mercado acionista norte-americano teve um desempenho médio de 10,1% ao ano. Já os treasury bonds renderam, em média, 4,1% ao ano.
Logo, o prêmio de risco do mercado neste caso é:
- 10,1% – 4,1% = 6%
Observação: cabe ressaltar que o prêmio de risco de mercado não é uma métrica adequada para avaliar uma ação isoladamente. Ele representa o risco agregado de investir no mercado como um todo.
Quais investimentos costumam ter um prêmio de risco maior?
Em teoria, quanto mais arriscado um investimento mais alto o potencial de retorno. Logo, os ativos com maior prêmio de risco são aqueles conhecidos por sua imprevisibilidade e volatilidade. Alguns bons exemplos incluem:
- Small caps: são ações de empresas com pequeno valor de mercado, de menor liquidez e histórico mais curto. Por serem mais suscetíveis a oscilações e riscos operacionais, oferecem um prêmio maior que o de ações de empresas consolidadas;
- Criptomoedas: um dos ativos mais voláteis que existem, as criptos são altamente arriscadas e, portanto, contam com um prêmio de risco bastante elevado. Não é incomum que esses ativos valorizem ou desvalorizem dois dígitos em um só dia;
- Fundos de crédito privado: investem em títulos de dívida emitidos por empresas, como debêntures e CRIs/CRAs. Como esses papéis não contam com garantia do governo, oferecem retornos mais altos como compensação ao risco de crédito;
- Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs): embora muitos sejam considerados de risco moderado, FIIs que investem em imóveis de nicho ou projetos em desenvolvimento, por exemplo, costumam oferecer prêmios de risco mais altos;
- Fundos multimercado: combinam diversas estratégias e ativos, podendo assumir riscos mais altos — especialmente os de perfil agressivo ou com alavancagem —, o que exige um prêmio de risco maior.
É importante observar que cada um desses ativos se comporta de maneira distinta. Expor-se a um ou mais deles pode aumentar o potencial de retorno de uma carteira — assim como os riscos assumidos. Por isso, é essencial conhecer o seu grau de tolerância ao risco e buscar formar um portfólio equilibrado entre ativos de renda fixa, com taxa livre de risco, e ativos de renda variável, com diferentes prêmios de risco.
Como identificar o melhor prêmio de risco?
O melhor prêmio de risco não é, necessariamente, o mais alto. Afinal, quanto maior a recompensa prometida, mais arriscado tende a ser o investimento — e cada pessoa tem o seu próprio grau de tolerância ao risco. O que quero dizer com isso? Que o “melhor” prêmio de risco é aquele que está alinhado ao seu perfil de investidor, aos seus objetivos financeiros e ao seu horizonte de tempo.
Um produto que promete retornos elevados pode parecer tentador, mas se ele causa ansiedade, noites mal dormidas ou prejuízos com os quais você não conseguiria lidar, talvez não seja a melhor escolha para ti.
A boa notícia é que existem algumas orientações básicas que podem te ajudar na identificação dos produtos com o melhor prêmio de risco para você. Veja a seguir:
Avalie a relação risco-retorno
Entre dois investimentos com o mesmo potencial de retorno, a melhor opção é aquele com menor risco. Já entre investimentos com o mesmo nível de risco, a escolha ideal é o que oferece maior retorno. Simples, não é?
Na prática, contudo, essa lógica raramente pode ser aplicada de forma tão direta. O mais comum é que o investidor tenha que escolher entre um ativo mais rentável e outro mais seguro. Nesse caso, qual é o melhor? Um dilema difícil, concorda?
Felizmente, existem diferentes formas de resolver essa questão — e todas apontam para a mesma resposta: o melhor investimento é aquele que apresenta o melhor equilíbrio entre risco e retorno. Ou, parafraseando o Nobel da Economia William Forsyth Sharpe, “o melhor investimento é aquele com o maior retorno e o menor risco possível”.
Mas como chegar a esse equilíbrio? O primeiro passo é saber até que ponto você pode — e está disposto a — correr riscos, e respeitar esse limite. A partir daí, é possível usar alguns indicadores financeiros que ajudam a avaliar quão bem um investimento — ou uma carteira — combina esses dois fatores. Os dois mais conhecidos são:
- Índice de Treynor: divide a diferença entre o retorno de um investimento e a taxa livre de risco pelo coeficiente beta — indicador que mede a sensibilidade do ativo às variações do mercado (risco sistemático);
- Índice de Sharpe: divide a diferença entre o retorno de um investimento e a taxa livre de risco pelo desvio padrão, o qual mede o quanto o valor de um ativo varia para cima ou para baixo em relação à média.
Considere o horizonte de investimento
Outro fator fundamental ao avaliar o prémio de risco é o tempo. A lógica aqui é clara — olha só:
- Tempo e risco: quanto maior o prazo do investimento, maior a exposição a incertezas, como mudanças nos juros, na economia ou na política. Por isso, ativos de longo prazo tendem a ser mais voláteis e arriscados;
- Tempo e retorno: por outro lado, quem investe por mais tempo espera ser compensado por esse risco adicional. Em geral, quanto mais longo o prazo, maior o retorno potencial — é o chamado prêmio de risco pelo tempo.
Avalie as condições de mercado
As condições de mercado — incluindo taxa de juros, inflação, instabilidade política ou crises internacionais — afetam o apetite do mercado por riscos, influenciando, por conseguinte, no prêmio de risco de diferentes ativos.
Quando o mercado está em alta — ou seja, os preços dos investimentos estão subindo e o clima é positivo — os investidores ficam mais confiantes e dispostos a correr riscos. Nesse cenário, o prêmio de risco tende a ser mais baixo.
Já em um mercado em baixa — quando os preços estão caindo e há mais incerteza — os investidores ficam mais cautelosos. Para aceitar riscos, exigem uma compensação maior, ou seja, o prêmio de risco costuma subir.
Para exemplificar, imagine uma ação com retorno esperado de 18% ao ano. Se a taxa livre de risco é 13%, o prêmio de risco é de 7%.
- Em um mercado otimista (em alta), muitos investidores podem considerar esse prêmio atrativo e entram com mais facilidade;
- Em um mercado pessimista (em baixa), esse mesmo prêmio pode não ser suficiente. Isso significa que os investidores vão exigir um retorno maior para correr o mesmo risco.
Em suma: em momentos de incerteza, só vale a pena correr riscos se o retorno extra for mesmo muito compensador. Já em mercados otimistas, é possível aceitar prêmios mais baixos — desde que dentro do teu perfil.
Considere a diversificação
Tenha você um perfil conservador ou mais arrojado, montar uma carteira com diferentes tipos de ativos é uma estratégia inteligente para proteger seu patrimônio e, ao mesmo tempo, potencializar seus ganhos. Em outras palavras, é uma forma de melhorar a relação entre risco e retorno da sua carteira.
O raciocínio é simples: ao compor um portfólio equilibrado com ativos não correlacionados ou com correlação negativa, sempre que um investimento tiver um desempenho ruim, outro pode compensar a perda. Ou seja: você ganha — ou pelo menos não perde — independentemente de o mercado estar em alta ou em baixa.
A proporção entre ativos de maior ou menor risco, claro, deve ser ajustada de acordo com o seu perfil de investidor.
Busque orientação profissional
Apesar de básicas, a soma das dicas apresentadas aqui pode parecer coisa de mais para absorver, principalmente se você está apenas começando a estudar sobre investimentos.
Por isso, contar com a ajuda de um profissional qualificado — como um consultor ou planejador financeiro — pode fazer toda a diferença. Ele pode te ajudar a identificar os investimentos com o prêmio de risco mais adequado para o seu perfil, objetivos e momento de vida.
Por que o prêmio de risco é importante?
O prêmio de risco está no cerne da própria lógica do mercado, no funcionamento e na atratividade da maioria dos investimentos.
Sem o prêmio de risco, ninguém teria razões para aplicar capital em papéis mais arriscados. O dinheiro de todo mundo ficaria guardado na caderneta de poupança e pronto.
Ao compensar os riscos com promessas de retornos mais atrativos, o prêmio de risco faz com que os investidores se sintam motivados a buscar oportunidades fora da zona de conforto, impulsionando o financiamento de empresas, projetos e economias inteiras.
Além disso, o prêmio de risco influencia diretamente a precificação de ativos, impacta a oferta e demanda por investimentos e serve como base para modelos financeiros que orientam decisões no mercado, desde a alocação de carteiras até o valor justo de ações e títulos.
O que levar em conta para tomar risco?
Antes de correr riscos financeiros, o mais importante é entender até onde você realmente pode — e está disposto a — perder dinheiro. Afinal, quanto maior o prêmio de risco, maior também tende a ser a incerteza do investimento.
Lembre-se: retornos acima da taxa livre de risco são, muitas vezes, uma forma de emissores mais instáveis atraírem investidores. Por isso, desconfie de promessas de rentabilidade muito fora da curva.
Considere também o prazo do investimento. Quanto maior o tempo até o vencimento, maior a exposição a oscilações e imprevistos.
E, acima de tudo, saiba que um prêmio de risco maior nem sempre significa uma melhor escolha. O segredo está em encontrar o equilíbrio certo entre risco e retorno — de acordo com o seu perfil e os seus objetivos.
O que são investimentos de alto risco?
Investimentos de alto risco são aplicações financeiras com comportamento imprevisível, grande volatilidade e, por isso, alto potencial de retorno. Esses ativos são muito sensíveis às condições do mercado e não oferecem garantia de ganho — é possível, inclusive, perder parte ou todo o capital investido. Exemplos comuns incluem ações, criptomoedas e fundos multimercado.
Justamente por essas características, não são recomendados para investidores iniciantes ou com perfil conservador. Pelo contrário: são mais indicados para quem tem um perfil agressivo, prioriza rentabilidade e está disposto a assumir perdas no caminho para buscar ganhos maiores.
Quais cuidados tomar ao escolher investimentos com prêmio de risco alto?
Para evitar arrependimentos, é preciso cautela ao escolher investimentos com prêmio de risco alto. De forma geral, existem três cuidados básicos a se tomar: o perfil do investidor, o horizonte do investimento e a liquidez.
A seguir explico cada um deles de forma individual e didática:
Considere seu perfil de investidor
Engana-se quem pensa que a melhor aplicação é sempre a que promete o maior retorno. Na prática, quanto mais alta a recompensa, maior também é o risco de perda — e nem todo mundo está preparado para perder dinheiro. Para saber até onde você pode arriscar e em quais tipos de investimento, é essencial descobrir o seu grau de tolerância ao risco. Mas como fazer isso?
Calma, é menos subjetivo do que parece. Basta fazer um teste de suitability, um questionário que avalia suas características pessoais, objetivos financeiros, horizonte de investimento e reação a perdas. Esse teste é obrigatório por lei e pode ser feito facilmente pelo seu banco ou corretora, na hora de abrir uma conta ou ao começar a investir.
Com base nas suas respostas, o investidor é classificado em três perfis:
- Conservador: prefere segurança à rentabilidade. Prioriza a preservação do capital e evita oscilações, investindo majoritariamente em produtos de renda fixa;
- Moderado: aceita um pouco mais de risco em troca de retornos maiores no médio ou longo prazo. Sua carteira costuma misturar renda fixa e variável;
- Agressivo: prioriza a rentabilidade, mesmo com grandes oscilações e riscos de perda. Investe com foco no longo prazo e em produtos mais voláteis, como ações e fundos multimercado.
Defina os seus objetivos financeiros
Como cada investimento tem prazos diferentes de resgate e pode ser mais ou menos líquido, é muito importante que os produtos escolhidos para compor a sua carteira estejam alinhados com os seus objetivos e com o seu planejamento financeiro.
Se o seu objetivo é juntar dinheiro para uma viagem de turismo no fim do ano, não faz sentido aplicar num título que só vence daqui a cinco anos, certo? Além disso, como já vimos, o tempo também é um fator de risco importante.
Investimentos mais voláteis, como ações e fundos multimercado, tendem a ter melhor desempenho no longo prazo. São ideais para quem pode manter os ativos por vários anos, com foco em ganhos maiores no futuro — estratégia conhecida como buy and hold.
Já no curto prazo, o mais prudente é escolher ativos mais estáveis e com liquidez diária, como títulos de renda fixa. São perfeitos para metas imediatas ou para compor a sua reserva de emergência.
Verifique a liquidez do investimento
A liquidez de um ativo representa o quão rápido e fácil ele pode ser convertido em dinheiro sem perda significativa de valor. Quanto maior a liquidez, mais simples é resgatá-lo quando necessário.
Papéis como o Tesouro Selic, por exemplo, têm liquidez diária, o que significa que podem ser vendidos a qualquer momento — o próprio Tesouro Nacional garante a recompra pelo valor de mercado do dia.
A liquidez também influencia o prêmio de risco. Ativos com baixa liquidez, como algumas ações de small caps, oferecem retornos potenciais mais altos justamente por serem mais difíceis de negociar rapidamente. Já as blue chips, empresas grandes e consolidadas com alto volume de negociação, tendem a oferecer menor prêmio de risco.
Mais uma vez, aqui vale observar o seu planejamento financeiro. Para objetivos de curto prazo ou situações imprevistas, prefira ativos com alta liquidez. Já para metas de longo prazo, pode fazer sentido incluir ativos menos líquidos, mas com maior potencial de valorização.
Quais as consequências do prêmio de risco?
O prêmio de risco não serve apenas como um parâmetro individual para ajudar investidores a avaliar se vale a pena aplicar num ativo — ou seja, se o retorno potencial compensa o risco envolvido. Observado desde uma perspectiva mais ampla, o prêmio de risco também gera consequências importantes para todo o mercado, como:
- Influência no comportamento dos investidores;
- Impacto na formação de preços;
- Reflexo na economia real;
- Efeitos sobre a política monetária.
Quer entender melhor como isso acontece? Deixa comigo: abaixo explico cada uma dessas consequências.
Influência no comportamento dos investidores
O prêmio de risco é o que direciona o apetite ou a cautela dos investidores. Quando o retorno compensa bem o risco, mais pessoas se sentem motivadas a aplicar — mesmo em ativos arriscados. Por outro lado, se o prêmio for baixo, a preferência tende a recair sobre opções mais seguras.
Vale lembrar que a atratividade do prêmio também depende do cenário. Em momentos de otimismo, como num bull market, os investidores aceitam prêmios menores. Já em tempos de crise ou incerteza, exigem uma compensação maior para assumir riscos.
Impacto na formação de preços
O prêmio de risco impacta diretamente no quanto o mercado está disposto a pagar por um investimento em específico. Se o risco é alto e o prêmio é baixo, o preço tende a cair — afinal, ninguém quer arriscar sem uma boa recompensa. Mas se o prêmio for atrativo, mesmo com riscos, o ativo pode ganhar valor e chamar atenção de mais investidores.
Não por acaso, o prêmio de risco serve de base para modelos
de precificação como o CAPM (Capital Asset Pricing Model), usados no mercado para calcular quanto uma ação deve render, levando em conta o risco que ela oferece.
Reflexo na economia real
O prêmio de risco também influencia na quantidade de capital disponível no mercado e no custo de captar esse dinheiro. Quando os prêmios estão em níveis razoáveis e atrativos, há mais investidores dispostos a aplicar — o que facilita o financiamento de empresas e projetos, estimulando o crescimento econômico.
Por outro lado, prêmios de risco muito altos, comuns em cenários de instabilidade, tornam mais caro levantar recursos. Empresas precisam oferecer retornos maiores para atrair capital, o que pode desincentivar investimentos em expansão. Isso pode implicar no travamento do desenvolvimento da economia real.
Impacto na política monetária
O prêmio de risco também é observado de perto pelos bancos centrais. Em cenários de juros baixos, por exemplo, o prêmio de risco diminui, o que estimula investimentos mais arriscados e aquece a economia. Já em períodos de alta nos juros, o prêmio aumenta, tornando os investimentos conservadores mais atrativos e ajudando a frear o consumo e conter a inflação.
Ou seja, o prêmio de risco é um canal indireto, mas relevante, da política monetária, influenciando o fluxo de capital no mercado.
Quer aprender mais sobre investimentos?
Como você aprendeu hoje, o prêmio de risco é um fundamento primordial para investir com embasamento. Mas, obviamente, não é o único. Entender como funcionam os diferentes tipos de produtos de investimento e os pormenores do mercado financeiro leva tempo e exige muito estudo — esforço que vale muito a pena, porque conhecimento financeiro é dinheiro no bolso.
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