De forma mais abrangente, a rentabilidade pode ser conceituada como o retorno sobre o capital investido.

Porém, quando falamos de investimentos, a rentabilidade por si só não é o suficiente. Desta insuficiência surge a necessidade de análise da rentabilidade absoluta e da rentabilidade relativa

Quer entender de que forma e quando aplicar cada um desses conceitos? Então, vem comigo. Ao longo deste artigo, apresentarei tudo o que é preciso saber para dominar esse assunto. Entre outras coisas, você verá:

  • O que é e como calcular a rentabilidade absoluta;
  • O que é e como calcular a rentabilidade relativa;
  • Quais as vantagens da rentabilidade relativa e da rentabilidade absoluta;
  • Quais as semelhanças e diferenças entre rentabilidade absoluta e rentabilidade relativa.

Vamos lá?

O que é rentabilidade absoluta?

A rentabilidade absoluta corresponde simplesmente à diferença percentual entre o valor aplicado inicialmente por um ativo e o retorno final obtido com esse investimento.

Para ficar mais claro, imagine um CDB hipotético que paga 10% ao ano. Esse é exatamente o percentual de lucro que esse investimento renderá anualmente. Outro exemplo? Um título do Tesouro prefixado que paga 12% ao ano, rende exatamente 12% a.a. Simples assim.

 Em suma, a rentabilidade absoluta é igual ao do retorno bruto alcançado por um investimento determinado. Ou seja, o valor absoluto recebido. Esse “valor absoluto”, contudo, não representa o lucro real, já que a rentabilidade absoluta não tem nenhuma base de comparação. Desconsidera a inflação e outros benchmarks indicadores de referência do mercado —, como o Ibovespa, CDI, Selic, e assim por diante.

A rentabilidade absoluta é normalmente relacionada a papéis prefixados, onde a taxa de juros que incidem sobre um investimento são conhecidas pelo investidor desde o princípio, e permanecem inalteradas independentemente das condições do mercado. Um exemplo comum são os títulos prefixados do Tesouro Direto.

Como calcular rentabilidade absoluta?

Calcular a rentabilidade absoluta é muito fácil. Para isso, basta subtrair o valor inicial de um investimento do valor final alcançado, e então dividir esse resultado pelo valor inicial. 

A fórmula da rentabilidade absoluta é a seguinte:

Rentabilidade absoluta = (valor final – valor inicial) / valor inicial

Para ilustrar, vamos a um exemplo prático. Suponha que você tenha pago R$200,00 por uma ação de uma companhia X e, após um ano, esse título tenha se valorizado chegando a R$320,00. Para encontrar o percentual de rendimento absoluto desse produto é só distribuir esses valores, segundo a fórmula acima. Essa equação ficaria assim:

Rentabilidade absoluta = (320 – 200) / 200

Rentabilidade absoluta = 120 / 200

Rentabilidade absoluta = 0,6

Portanto, a rentabilidade absoluta desse investimento hipotético foi de 60% em um ano.

Quais são as vantagens da rentabilidade absoluta?

A rentabilidade absoluta é uma das ferramentas mais simples quando o assunto é análise de resultados financeiros. Entre as vantagens desse método estão:

  • Fácil de entender: essa fórmula oferece uma maneira bastante prática e objetiva de avaliar o resultado de um investimento ou o que lucro ele pode entregar;
  • Indica o valor ganho ou perdido: a rentabilidade absoluta apresenta de modo claro qual foi valorização ou depreciação de um ativo no período observado.

O que é rentabilidade relativa?

A rentabilidade relativa representa o retorno de um investimento em relação a outros produtos financeiros semelhantes ou a um benchmark — um índice de referência.

Mais complexa e menos superficial que a rentabilidade absoluta, a rentabilidade relativa não considera o retorno total de uma aplicação. Em vez disso, parte de um indicador pré-estabelecido para determinar a valorização ou depreciação de um ativo em comparação com a performance média do mercado.

Para deixar mais claro, me permita uma breve comparação com dados reais. 

Em 2023, as ações da famosa McDonald’s valorizaram 10,88%. Isso parece bom, não é mesmo? Na verdade, depende. 

Se o investidor considerar a rentabilidade absoluta, esse é certamente um resultado positivo. Caso analise a rentabilidade relativa, nem tanto. Isso porque o desempenho da gigante do fast food ficou aquém do crescimento de 13% apresentado pelo The Dow Jones Industrial Average, indicador que mede o desempenho das 30 maiores empresas dos Estados Unidos, incluindo o McDonald’s

Ou seja, quando comparado a esse benchmark, apesar do retorno absoluto positivo, sua performance foi negativa, -2,22% para ser mais preciso. Conclusão: existiam melhores opções de investimento entre seus pares.

Ao analisar um investimento com base na rentabilidade relativa é preciso ter o cuidado de utilizar um indicador de referência adequado. Mantendo o mesmo exemplo, não faria sentido avaliar a performance das ações do McDonald’s em comparação ao CDI, índice utilizado para alguns investimentos de renda fixa do Brasil. Seria como misturar cebola em salada de frutas.

Quais os principais Benchmarks?

Como destaquei acima, para calcular a rentabilidade relativa é preciso selecionar o indicador de mercado mais relevante para cada tipo de ativo. Para evitar comparações desmedidas, abaixo separei uma breve lista com os principais benchmarks e para que cada um deles é aplicado:

  • Indicadores nacionais
    • Ibovespa: índice de referência do mercado de ações brasileiro, representa a performance média das empresas listadas na B3;
  • IbrX (Índice Brasil): carteira teórica formada pelas ações mais negociadas da B3. É utilizado para avaliar fundos de ações brasileiras;
  • CDI (Certificado de Depósito Interbancário): a taxa de juros de empréstimos entre bancos é um benchmark para certos títulos de renda fixa;
  • DI Futuro: contrato futuro com base na taxa de Depósito Interbancário, é utilizado como referência para operações no mercado futuro de juros;
  • Dólar Comercial:  a taxa de câmbio do dólar norte-americano serve como indicador para investimentos em moeda estrangeira;
  • IFIX (Índice de Fundos de Investimento Imobiliário): indicador que mede o desempenho dos FIIs negociados na bolsa de valores brasileira;
  • IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado): índice de referência para alguns papéis de renda fixa atrelados à inflação, como LCIs;
  • IMA (Índice de Mercado Anbima): representa o desempenho médio do mercado de renda fixa brasileiro;
  • IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo): o índice oficial da inflação brasileira é referência para ativos atrelados à inflação;
  • ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial): mensura o desempenho de empresas segundo critérios ESG (Ambiental, Social e Governança);
  • Selic: a taxa básica de juros brasileira é usada como índice de mercado para muitos produtos de renda fixa, como o Tesouro Selic.
  • Indicadores internacionais
    • Dow Jones Industrial Average: carteira teórica formada pelas 30 empresas com maior capitalização da Bolsa de Nova Iorque (NYSE);
  • S&P500: indicador que mede a performance média das 500 maiores companhias do mercado acionário dos Estados Unidos;
  • Nasdaq Composite: mede o desempenho das mais de 3.500 ações negociadas na Nasdaq, a segunda maior bolsa de valores do mundo;
  • Nasdaq-100: índice composto pelas 100 empresas mais valiosas dentro da Nasdaq;
  • NYSE Composite Index: benchmark que mede a valorização média da NYSE, a maior bolsa de valores em capitalização dos EUA e do mundo;
  • NYSE U.S. 100 Index: indicador formado pelas 100 maiores companhias estadunidenses presentes na NYSE;
  • NYSE International 100 Index: índice composto pelas 100 maiores empresas de fora dos EUA negociadas na NYSE;
  • Índice Russell 3.000: benchmark que mede a performance das 3.000 empresas de maior capitalização das bolsas norte-americanas;
  • Índice Russell 2.000: índice que engloba as 2.000 menores companhias que compõem o Russel 3.000;
  • Índice Russell 1.000: mede o desempenho das 1.000 empresas mais grandes dentro do Russel 3.000;
  • Índice MSCI World Index: indicador composto pelas 1.600 maiores empresas do mundo, listadas em bolsas de 20 países desenvolvidos.

Entre outras finalidades, a rentabilidade relativa é amplamente utilizada, por exemplo, para medir o desempenho de fundos de investimento com gestão ativa, aqueles onde o gestor atua de forma constante para superar a performance de um benchmark. Normalmente, quando isso acontece, há um pagamento de um bônus ao gestor — a taxa de performance — como recompensa por suas ações exitosas.

Como calcular a rentabilidade relativa?

Apesar de ser mais complexo do que a equação de rentabilidade absoluta, o cálculo utilizado para determinar a rentabilidade relativa de um ativo não é nenhum bicho de sete cabeças. Para calculá-la, é só subtrair o retorno do benchmark escolhido pelo lucro obtido por um investimento e, então, dividir o resultado obtido pelo índice de referência. Por fim, para transformar em percentual é só multiplicar o valor por 100.

A fórmula da rentabilidade relativa é a seguinte:

Rentabilidade Relativa = (retorno do investimento – desempenho do  benchmark) / desempenho do benchmark

Para deixar mais claro, voltemos ao mesmo exemplo que utilizei mais cedo para explicar como funciona a rentabilidade absoluta. Considere, portanto, que suas ações da empresa X tenham valorizado 60% (indo de R$200,00 para R$320,00 ao longo do último ano). Para descobrir qual foi a rentabilidade relativa desse papel, vamos comparar esse retorno ao desempenho do Ibovespa em 2023 (22,28%).

Ao distribuir esses valores na fórmula, teríamos o seguinte cálculo:

Rentabilidade relativa = (60% – 22,28%) / 22,28%

Rentabilidade relativa= 37,72 / 22,28

Rentabilidade relativa: 1,693 x 100

Rentabilidade relativa= 169,23 %

Logo, a rentabilidade relativa deste investimento foi de 169,23% quando em relação ao desempenho médio apresentado por ativos de mesma natureza.

Quais são as vantagens da rentabilidade relativa?

A rentabilidade relativa vai além do retorno absoluto apresentado por investimento, possibilitando que o investidor tenha uma ideia melhor do desempenho de seus papéis em relação ao mercado. 

Entre as vantagens da rentabilidade relativa, vale destacar:

  • Facilita a comparação entre investimentos: essa fórmula permite avaliar o retorno de um ativo em relação à média apresentada por outros investimentos semelhantes;
  • Leva em conta o contexto de mercado: cada título é comparado com indicadores relacionados de mercado, facilitando o entendimento de eventuais flutuações;
  • Ajuda a tomar decisões informadas: ao fornecer um valor referencial como comparação, a rentabilidade relativa facilita a tomada de decisão.

Quais as diferenças entre rentabilidade relativa e absoluta?

Ambas, a rentabilidade relativa e a rentabilidade absoluta, são ferramentas amplamente utilizadas para analisar o retorno de investimentos financeiros. Cada qual, contudo, possui suas singularidades e limitações. Para avaliações mais precisas, é recomendável que sejam sempre utilizadas em conjunto com outros indicadores e que, obviamente, não sejam confundidas entre si.

Para facilitar o entendimento, listo abaixo três diferenças essenciais entre a rentabilidade relativa e a absoluta:

  1. Base de comparação

A rentabilidade absoluta mensura o retorno de um investimento sem nenhuma base de comparação

Já a rentabilidade relativa, avalia os lucros de uma aplicação em relação a benchmark, apresentando qual foi seu desempenho frente a outros investimentos semelhantes e ao mercado.

  1. Interpretação

A rentabilidade absoluta pode ser compreendida como o retorno total de uma aplicação. Representa a diferença percentual entre o valor investido e o preço do ativo no momento do resgate.

Menos objetiva, a rentabilidade relativa avalia o retorno de um investimento frente a performance do mercado. 

A depender dos resultados apresentados, um título com rentabilidade absoluta positiva pode, por exemplo, apresentar uma rentabilidade relativa negativa.

  1. Utilidade

Ambas fórmulas são aplicadas para medir o retorno de qualquer investimento ou carteira. Contudo, a rentabilidade absoluta é comumente associada aos títulos de renda fixa com rendimentos pré-fixados, já que a taxa de juros (ou seja, o retorno) é definida desde antes da aplicação. Se um determinado ativo rende 15% ao ano, é exatamente esse o valor que o investidor irá receber no vencimento.

A rentabilidade relativa, por sua vez, é mais associada a títulos de renda fixa com rendimentos pós-fixados ou de renda variável. O retorno absoluto é sempre confrontado com um indicador de referência. Se o lucro absoluto de uma ação da Vale em um período específico foi de 25% e o do seu benchmark (o Ibovespa) foi de 20%, o retorno relativo foi de 2%. Como vimos, a rentabilidade relativa também é amplamente utilizada por fundos de investimentos que cobram taxa de performance.

Por fim, uma dica extra e bastante simples para memorizar a diferença entre essas duas rentabilidades é lembrar de que suas nominações partem de termos antônimos. Absoluto corresponde a algo completo, que não depende de referências externas. Relativo, pelo contrário, é algo que depende de outra coisa, que não é alheio.

Comparando Rentabilidade Absoluta e Rentabilidade Relativa

Ambas análises de rentabilidade são bem comuns no mercado financeiro, porém quando os prospectos de investimento apresentam rentabilidade de 0,80% por exemplo estamos tratando da rentabilidade absoluta.

A Rentabilidade Relativa, como o próprio nome diz, possui um índice de referência a ser comparado. Este índice de referência também é chamado de benchmark. Investimentos de renda fixa normalmente são comparados ao CDI, já investimentos de renda variável como em ações, por exemplo, são comparados ao Ibovespa.

Estes indicadores comparativos são extremamente importantes em uma decisão de investimento para verificar se a rentabilidade absoluta realmente é atrativa. 

Para compreender essa importância, podemos utilizar como exemplo um  fundo de investimento em renda fixa pré-fixado a taxas de 9% a.a.  No início de 2017, este era um investimento incrível uma vez que o CDI estava em 7,20% a.a. Em uma análise relativa (aplicamos a regra de 3) o fundo de renda fixa traria uma rentabilidade 125% do CDI.

Em uma outra situação econômica (vamos usar como exemplo setembro de 2016), a análise de rentabilidade relativa seria bem diferente. Utilizando o mesmo fundo com uma rentabilidade pré-fixada em 9% a.a, e o CDI então em 13,20% a.a, teríamos uma rentabilidade relativa de 68,20% do CDI.  Um péssimo investimento, já que as instituições financeiras oferecem CDBs com taxas a partir de 80%.

Veja um quadro simples de análises de rentabilidade relativa do nosso fundo de exemplo com rentabilidade pré-fixada em 9% a.a.

AnoRentabilidade AbsolutaBenchMark CDIRentabilidade Relativa
20159,00%13,23%68,03%
20149,00%10,81%83,26%
20139,00%8,06%111,66%
20129,00%8,39%107,27%
20119,00%11,59%77,65%
20109,00%9,75%92,31%
20099,00%9,87%91,19%
20089,00%12,37%72,76%
20079,00%11,81%76,21%
20069,00%15,03%59,88%

Para ajudar no seus estudos, uma forma fácil de memorizar a diferença entre rentabilidade absoluta e rentabilidade relativa é a memorização de sua leitura. Veja:

  • Rentabilidade Absoluta: o fundo de investimentos pré-fixado rendeu 9% em 2015;
  • Rentabilidade Relativa: o fundo de investimentos pré-fixado rendeu 68,03% do CDI em 2015.

Qual é o grande vilão dos investimentos?

O grande vilão dos investimentos é a tão falada inflação, que corrói o poder aquisitivo da moeda. Para realizar uma avaliação consciente da atratividade ou não de um investimento, existem diversos fatores como risco, liquidez e solvência da instituição financeira distribuidora do produto.

Porém, em relação apenas à rentabilidade é importante conhecer o conceito de rentabilidade absoluta e rentabilidade relativa, rentabilidade esperada e rentabilidade observada, e rentabilidade bruta e rentabilidade líquida.

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