A Taxa Referencial (TR) é aquele assunto que todo mundo na carreira financeira já ouviu falar e precisa entender sobre. Afinal, ela é uma grande conhecida de quem deixa o dinheiro investido na poupança, por exemplo, e volta e meia ressurge em meio às notícias, causando alguns impactos no mercado de capitais.

Antigamente, essa relação se justificava pelo fato de a TR funcionar mais ou menos como funciona, hoje, a taxa Selic — um instrumento para controle da inflação. Por mais que o indicador já não ocupe esse papel, ele segue influenciando, por exemplo, fundos imobiliários e títulos de capitalização.

Curioso para saber mais e dominar esse assunto que, com certeza, vai cair na prova? Então, siga comigo!

O que é Taxa Referencial TR?

A TR foi criada para ser uma taxa de juros. Em suma, a intenção é que ela fosse um parâmetro para os juros praticados no Brasil naquela época, em 1990. Achou parecida com a Selic? Pois é, o objetivo era bem semelhante, sim.

Atualmente, entretanto, ela é um indicador de atualização monetária de algumas aplicações financeiras e operações de crédito. Em termos mais simples, vem para corrigir os valores ao longo do tempo – como um parâmetro do índice de inflação.

Qual é a importância da Taxa Referencial na economia?

A Taxa Referencial é um indicador econômico. Logo, a sua importância reflete no fato de que ela interfere em vários títulos de investimento, assim como também são afetados por taxas de juros, por exemplo. 

No caso desta taxa, ela é ainda mais influente no que diz respeito a alguns dos investimentos mais populares entre o povo brasileiro. Para entender mais, continua comigo!

Para que a TR foi criada?

A taxa referencial foi criada em 1991, durante o conturbado período de hiperinflação que precedeu o Plano Real, para servir como um índice de referência para corrigir os juros cobrados no Brasil. Seu principal objetivo, nesse contexto, era auxiliar a barrar a tendência de indexação dos preços e salários.

Parte do Plano Collor II, um pacote de medidas econômicas que buscava trazer estabilidade econômica ao sistema financeiro, a TR foi inicialmente utilizada como mecanismo de correção para a rentabilidade da caderneta de poupança, buscando assegurar o poder de compra de investidores e poupadores.

Qual o impacto da TR nos investimentos e financiamentos?

Ok, a Taxa Referencial influencia bastante alguns investimentos. Porém, quais são eles? Dá uma olhada:

FGTS

Quem é regido pela CLT sabe: todo mês, 8% do salário é depositado em uma conta. Esse valor, por sua vez, só pode ser resgatado em algumas ocasiões, como para a compra de um imóvel, ou demissão sem justa causa.

Enquanto permanece na conta, esse recurso é remunerado. A rentabilidade, no caso, é de 3% ao ano, mais a variação da TR. Assim, se a taxa referencial sobe, há uma diferença no valor do FGTS também.

Financiamento imobiliário

Em muitos contratos, o saldo devedor é ajustado conforme a TR. Assim, além dos juros, o montante que ainda falta pagar também sobe de acordo com a taxa.

É claro, nem todos os contratos seguem esse modelo. Alguns, inclusive, fazem uso do Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), o Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M) ou até o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Poupança

Se a Taxa Referencial sobe ou desce, ela impacta a caderneta de poupança. Até o momento, a remuneração da poupança muda de acordo com os juros básicos da economia

Ou seja, a poupança mensalmente paga 0,5% a mais do que a variação da TR quando a Selic está acima de 8,5% ao ano. Entretanto, independente da Selic estar alta ou não, a TR vai entrar na conta.

Títulos de capitalização

Teoricamente falando, um título de capitalização não é considerado investimento. Contudo, os bancos o oferecem como uma aplicação financeira. 

Se um valor fica depositado até sua data de vencimento, a taxa referencial tem papel em sua atualização. Na maioria das vezes, eles não pagam juros ou qualquer outra remuneração além disso, por isso o valor da TR é tão importante aqui.

Há quem acredite que um título de capitalização rende mais que a poupança. Esse, porém, é um grande equívoco. Como vimos, a poupança sempre oferece juros além da atualização.

Títulos públicos

Antigamente, havia títulos públicos que rendiam de acordo com a taxa referencial. À época, até podia ser uma opção atraente, porém, hoje já não é mais. Tanto que, inclusive, esses títulos foram descontinuados.

Hoje em dia, porém, o Tesouro Direto oferta opções melhores, como Tesouro IPCA e Selic.

Como funcionava a poupança antes da TR?

Antes da TR, a poupança era corrigida mensalmente considerando a Taxa de Juros Básica (TJB) — que era determinada pelo Governo — e as correções monetárias para ajustar o valor dos depósitos mensais à inflação.

Ao ajustar os retornos com base na taxa inflacionária acumulada, esse sistema acabava por impulsionar um ciclo vicioso, onde a inflação passada fomentava a futura. 

A TR substituiu a indexação pela inflação passada por juros já praticados pelo mercado financeiro, que consideravam, em seus cálculos, perspectivas acerca da inflação futura. 

Com a mudança, o rendimento da poupança, na época, passou a ser igual a 0,5% dos recursos aplicados mais a TR.

O que é TR Diária e TR Mensal?

Sabia que a Taxa Referencial se divide em duas categorias? São elas TR Diária e TR Mensal. Conheça:

TR Diária

A TR Diária é uma fatia divulgada pelo Banco Central que corresponde ao valor mensal. Assim, a soma de todas as TRs diárias resultam na TR mensal, que veremos a seguir.

Dessa forma, se o investidor solicitar o resgate do título antes de completar um mês cheio, o reajuste vai ser feito com base na taxa referencial desta data.

TR Mensal

Essa taxa, por sua vez, é utilizada no rendimento do dinheiro após aplicado por um mês cheio. Esse mês, aliás, possui aproximadamente 23 dias.

Como é definida a taxa referencial?

Todos os dias a Taxa Referencial é calculada pelo Banco Central. Para chegar até ela, é preciso encontrar o valor da Taxa Básica Financeira (TBF).

Até 2018, esse cálculo se baseava na média ponderada dos juros pagos por CDBs prefixados das maiores instituições financeiras do país. Entretanto, em fevereiro deste já citado ano, o BC passou a se basear nas taxas de juros das Letras do Tesouro Nacional.

Na prática, isso não altera nada para o investidor.

Quanto é a Taxa Referencial?

Depois de tanto tempo zerada, a Taxa Referencial finalmente saiu da estagnação. Logo, atualmente ela está calculada em 0,11% (considerado outubro de 2023).

Como calcular a TR?

Para chegar à Taxa Referencial, temos primeiro que encontrar o Redutor. Basicamente, esse elemento existe para deixar de fora o efeito dos impostos sobre o resultado. 

A fórmula para isso é a seguinte: 

R = a + b x TBF

Aqui, considere:

  • R = redutor;
  • a = valor fixo de 1,005, definido quando a TR foi criada;
  • b = valor definido pelo Banco Central, divulgado junto ao valor da TBF;
  • TBF = Tarifa Básica Financeira.

Depois de encontrar o Redutor, a fórmula que deve ser usada para a Taxa Referencial é:

TR = 100 x {[(1 + TBF / 100) / R] – 1}

Qual é a variação histórica da TR?

Foi só em 1995 que a TR entrou em queda e alcançou valores menos exorbitantes – isso porque, à época, os juros finalmente tinham começado a cair.

No primeiro ano de sua criação, contudo, em 1991, a taxa chegou a bater cerca de 355%. Em 1993, conquistou até um recorde: 2.474%.

Por que a TR passou tanto tempo zerada?

Como você aprendeu nesse artigo, a Taxa Referencial é calculada a partir de um redutor, certo? Depois de 2015, a Taxa Selic passou por várias quedas. Esse fato poderia ter deixado a TR negativa, porém, segundo a definição do Banco Central, a TR jamais fica negativa, apenas zerada.

Qual a projeção da Taxa Referencial?

Uma nova regra agora estabelece que a TR seja calculada sempre que a Selic estiver acima de 8,5%. Como atualmente este segundo indicador não tem nenhuma projeção de queda antes de 2024, é muito provável que a Taxa Referencial siga no radar dos investidores por um bom tempo. Entretanto, o melhor a se fazer é continuar de olho nas oscilações do mercado financeiro – que, como sabemos, não são poucas!

Qual é a diferença entre Taxa Referencial diária e Taxa Referencial mensal?

A grosso modo, conforme já vimos, a taxa referencial mensal pode ser entendida como a soma de todas as TRs diárias observadas ao longo do mês. A grande diferença está, portanto, no prazo de cálculo utilizado em cada uma das taxas.

Esse prazo, por sua vez, impacta na finalidade com que cada uma dessas taxas é utilizada, conforme demonstrado abaixo:

  • Taxa referencial mensal: é utilizada para corrigir rendimentos de aplicações que são mantidas pelo período de um mês cheio (23 dias). Assim, pode ser utilizada como referência para contratos financeiros de médio e longo prazo, como o financiamento de um carro, por exemplo.
  • Taxa referencial diária: serve para calcular o resgate de investimentos que são mantidos por um prazo inferior a um mês. Essa taxa pode, portanto, servir de parâmetro para contratos financeiros de curto prazo, incluindo empréstimos pessoais. Esse valor também é comumente utilizado como base para análises e previsões econômicas.

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Curtiu aprender sobre a Taxa Referencial comigo? Então, acho que você vai gostar de continuar sua jornada de aprendizado no blog da TopInvest, ou no Canal da TopInvest no YouTube.

Perguntas frequentes sobre a taxa referencial

O que é a Taxa TLP?

A Taxa de Longo Prazo (TLP) é uma taxa de juros utilizada como parâmetro para contratos de financiamento de longo prazo, sobretudo aqueles fomentados pelo governo brasileiro, como os programas de habitação. Ela é calculada com base na soma de dois componentes: 

  • Variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): considera a expectativa quanto a variação da inflação (IPCA) para os próximos doze meses, segundo as metas anuais estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN);
  • Taxa de Juros Prefixada dos Títulos Públicos NTN-B: trata-se de uma taxa de juros prefixada utilizada como prêmio de risco.

O que é IPCA e para que serve?

Mais conhecido pela sigla IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é considerado o indicador oficial da inflação no Brasil. Essa taxa reflete as variações nos preços dos produtos e serviços essenciais que fazem parte do consumo dos brasileiros.

No mercado de capitais, o IPCA costuma ainda ser utilizado como parâmetro para taxas de rentabilidade de diferentes produtos de renda fixa.

O que é a Taxa Selic?

A Selic é a taxa básica de juros brasileira. Ou seja, é a taxa que serve de referência para grande parte das operações financeiras no Brasil, incluindo empréstimos e financiamentos. É, ainda, o indicador de mercado atrelado à rentabilidade de boa parte dos títulos de renda fixa negociados no mercado de capitais.

A meta da taxa de juros Selic é definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil (Bacen). 

Qual o valor da taxa referencial hoje?

A taxa referencial de hoje é igual a 0,11%, referente ao mês de outubro de 2023. A TR acumulada no ano é de 1,61%. Para se manter atualizado, é possível consultar a Calculadora do Cidadão, plataforma do Banco Central do Brasil (Bacen), utilizada para simular reajustes e rendimentos de investimentos que utilizam a TR como referência.

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