Órgãos operadores do Sistema Financeiro Nacional (SFN), os intermediários financeiros são as instituições que fazem a ponte entre quem tem dinheiro sobrando — e quer investir — e quem precisa de crédito.

Como dá para perceber, esse é um tema fundamental para entender o funcionamento do mercado financeiro, e não dá para pular essa parte. Então, já separa uns minutinhos do seu dia e vem comigo. Hoje, você vai aprender tudo o que precisa saber para dominar esse assunto. Vou responder perguntas como:

  • O que são intermediários financeiros?
  • Qual a importância deles?
  • Quais são os tipos de intermediação financeira?
  • Como funciona esse processo?
  • Quem são os intermediários?
  • O que são agentes superavitários e deficitários?

Vamos nessa?

O que são intermediadores financeiros?

Termo auto-explicativo, os intermediadores financeiros são as instituições que fazem a ponte — a mediação — entre diferentes agentes em uma transação financeira. Em outras palavras, transferem recursos dos agentes superavitários (poupadores, credores) para os agentes deficitários (devedores). Alguns dos exemplos mais conhecidos incluem os bancos comerciais e as cooperativas de crédito.

De modo bem simples: essas instituições captam recursos de quem tem capital sobrando e os repassam para quem precisa de dinheiro, garantindo a segurança da operação. Ou seja, asseguram que o credor receba os juros a que tem direito e que o tomador do empréstimo cumpra com suas obrigações dentro dos prazos e condições estabelecidos.

Além disso, os intermediadores financeiros também cumprem o papel de avaliar riscos, estruturar produtos financeiros e oferecer mecanismos de proteção para as duas partes envolvidas — contribuindo, desse modo, para o bom funcionamento do sistema financeiro como um todo.

Qual a importância dos intermediários financeiros?

Os intermediários financeiros não servem apenas para aproximar agentes deficitários e superavitários, mas principalmente para garantir a segurança das transações entre esses dois lados.

Nada impede que uma pessoa ou empresa empreste ou tome dinheiro emprestado diretamente de outra, sem recorrer a um banco, por exemplo. Contudo, já pensou nos riscos envolvidos nesse tipo de situação?

Quem nunca passou pela experiência de pedir ou emprestar dinheiro a um familiar ou amigo — e depois teve dificuldade para devolver ou recuperar o valor, ou até mesmo simplesmente esqueceu? Situações como essa não são raras, não é mesmo?

É justamente aí que entram as instituições financeiras. No papel de intermediárias, elas preenchem essa lacuna e evitam que esse tipo de problema aconteça. De um lado, captam os recursos excedentes de poupadores; do outro, analisam o perfil dos devedores, para garantir que eles podem cumprir com suas obrigações.

Assim, quem empresta tem a segurança de receber seu dinheiro de volta, acrescido de juros, que compensam o tempo em que o valor ficou indisponível; e quem precisa de recursos para realizar um objetivo — como investir, abrir um negócio ou superar um momento difícil — pode acessar crédito de forma estruturada e segura.

Quais são os tipos de intermediação financeira?

O processo de intermediação financeira consiste em fazer o equilíbrio entre poupadores e tomadores de empréstimos, fazendo com que transferências de recursos sejam feitas de forma segura de uma ponta a outra. Os intermediários financeiros podem fazer isso de duas formas: por intermediação financeira indireta ou por intermediação financeira direta

Para facilitar a compreensão, explico cada uma dessas categorias separadamente:

Intermediação financeira indireta

Na intermediação financeira indireta, o intermediador apenas facilita o encontro entre quem tem dinheiro e quem precisa de crédito — sem assumir os riscos da operação.

Nesse modelo, os investidores compram títulos emitidos diretamente pelos agentes deficitários, que passam a dever aos próprios investidores. O intermediário apenas centraliza a transação, mas não se compromete com o pagamento.

Um exemplo típico são as ações e debêntures negociadas na bolsa de valores. A empresa (agente deficitário) emite os títulos e os disponibiliza no mercado. O investidor (agente superavitário), por meio de uma corretora, adquire esses papéis. O dinheiro vai direto para a empresa emissora — e o investidor é quem assume o risco da operação.

Intermediação financeira direta

Já na intermediação direta, os recursos são captados pelos próprios intermediários, como bancos e cooperativas de crédito, por meio de depósitos e aplicações feitas por poupadores.

Um bom exemplo são os Certificados de Depósito Bancário (CDBs). O banco emite esses títulos de dívida para captar capital, que será usado no financiamento ao crédito de outro cliente. Quem investe nesses títulos, portanto, está emprestando dinheiro ao banco — e não diretamente ao tomador final.

Além dos CDBs, outros instrumentos comuns incluem a caderneta de poupança, as Letras de Crédito Imobiliário ou do Agronegócio (LCIs e LCAs), e os fundos de investimento.

Neste modelo, a instituição financeira assume o risco da operação, sendo responsável tanto por devolver os recursos aos poupadores quanto por cobrar os devedores.

Para facilitar ainda mais, na tabela abaixo você pode comparar as principais diferenças entre os dois tipos de intermediação financeira:

CaracterísticaIntermediação diretaIntermediação indireta
Quem capta os recursos?Intermediador financeiro (ex: banco, cooperativa)Agente deficitário (empresa ou governo)
Quem assume o risco?O intermediador O investidor (credor)
Exemplos comunsCDBs, poupança, LCI, LCA, fundos de investimentoAções, debêntures, títulos públicos
Papel do intermediadorCapta, administra e empresta os recursosFacilita a negociação entre credores e devedores, mas não assume o risco
Relação entre as partesPoupador empresta ao banco, e o banco empresta ao tomadorInvestidor empresta diretamente ao agente deficitário, por meio de um intermediário
Remuneração do intermediadorFica com o spread (diferença entre taxas de juros)Cobrança de taxas operacionais ou corretagem

Como funciona a intermediação financeira?

O funcionamento da intermediação financeira se dá por meio da atuação de três personagens principais: o intermediador financeiro (mais comumente, um banco), o agente superavitário (investidor ou poupador) e o agente deficitário (quem toma dinheiro emprestado).

A lógica aqui segue um padrão cronológico de fácil entendimento, dividido em três etapas básicas:

  1. O agente superavitário — pessoa, empresa ou instituições com dinheiro sobrando em conta e a intenção de multiplicar esse valor — empresta seus recursos excedentes a um intermediador financeiro, em troca de uma taxa de juros;
  2. O intermediador financeiro capta esses recursos, organiza as condições (prazo, risco, remuneração) e os direciona a quem precisa de crédito;
  3. O agente deficitário, quem por alguma razão necessita de acesso à crédito, toma esse dinheiro emprestado do intermediador, assumindo a obrigação de devolvê-lo no futuro com acréscimos de juros.

Assim, o processo de intermediação financeira liga quem tem dinheiro sobrando a quem precisa de recursos, de forma segura para ambas as partes. O intermediador financeiro, por sua vez, é recompensado por esse serviço: ele cobra uma taxa de juros maior de quem toma o empréstimo e paga uma taxa menor a quem investe — a diferença entre essas duas taxas é chamada de spread bancário.

É com esse spread que o banco cobre seus custos, assume riscos e obtém lucro. Se você já se perguntou de onde vem o lucro das instituições financeiras — ou de onde elas tiram o dinheiro que emprestam aos clientes — agora já tem a resposta. Interessante, não é?

Quem faz a intermediação financeira?

Os intermediários financeiros são as instituições responsáveis por fazer a ponte entre quem tem dinheiro sobrando para emprestar e quem precisa de crédito. São elas:

  • Bancos comerciais;
  • Caixa Econômica;
  • Corretoras de valores mobiliários;
  • Bancos de investimento;
  • Cooperativas de crédito;
  • Sociedades de crédito imobiliário:
  • Financeiras.

Cada uma delas tem um papel específico dentro do mercado, com diferentes formas de captação, tipos de clientes atendidos e produtos oferecidos.

Vamos conhecer um pouco mais a fundo cada um desses intermediários?

Bancos comerciais

Certamente os intermediários financeiros mais conhecidos, os bancos comerciais têm como principal função conceder crédito de curto e médio prazo para pessoas físicas e jurídicas. Além disso, oferecem uma ampla gama de serviços financeiros, como contas correntes, cartões, pagamentos, transferências e cobranças bancárias.

Na prática, esses bancos vão muito além do crédito tradicional. É comum que atuem como bancos múltiplos, ou seja, que reúnam diversas carteiras de operação dentro da mesma instituição. Isso permite oferecer serviços em áreas como:

  • Investimentos;
  • Crédito imobiliário;
  • Financiamento de bens de consumo;
  • Arrendamento mercantil (leasing), entre outros.

Essa estrutura multifuncional é típica dos grandes bancos que operam no Brasil, como Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil.

Caixa Econômica

A Caixa Econômica se assemelha, em muitas maneiras, a um banco comercial: oferece empréstimos, financiamentos, contas correntes e outros serviços bancários tradicionais.

A grande diferença está no seu papel social. Por ser uma instituição financeira pública, a Caixa cumpre funções que vão além do mercado financeiro, como:

  • Gestão de programas sociais do Governo Federal, como o Bolsa Família;
  • Administração dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço);
  • Financiamento habitacional popular, por meio de programas como o Minha Casa, Minha Vida.

 Além de banco, a Caixa é, portanto, um dos principais braços financeiros das políticas públicas no Brasil.

Corretoras de valores mobiliários

As corretoras de valores mobiliários são instituições financeiras que atuam como intermediárias no mercado de capitais, conectando investidores à Bolsa de Valores (B3).

São elas que executam ordens de compra e venda de ações, debêntures, fundos imobiliários e outros ativos financeiros, sempre em nome dos clientes.

Além disso, muitas corretoras também oferecem:

  • Plataformas digitais de investimento (home broker);
  • Relatórios de análise de mercado;
  • Assessoria para investidores iniciantes e experientes.

Em suma, são o canal que permite ao investidor acessar o mercado financeiro de forma prática, segura e regulada.

Bancos de investimento

Diferente dos bancos comerciais, os bancos de investimento não captam depósitos à vista (como contas correntes) nem operam com cheques. Seu foco está na concessão de crédito de médio e longo prazo, especialmente voltado para empresas.

Segundo o Artigo 1º da Resolução CMN nº 5.046/2022, que regula a atuação dessas instituições, os bancos de investimento são:

  • “[…] instituições financeiras de natureza privada, especializadas em operações de participação societária de caráter temporário, de financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros.

Em linhas gerais, esses bancos atuam com o financiamento de projetos corporativos, participação de reestruturações empresariais, fusões e aquisições, e subscrição de ações, debêntures e outros valores mobiliários. Também prestam serviços de assessoria financeira e gestão de carteiras de investimento.

Cooperativas de crédito

As cooperativas de crédito também funcionam de forma semelhante aos bancos comerciais: captam depósitos à vista e oferecem crédito de curto e médio prazo para pessoas físicas e jurídicas.

Diferem-se dos Bancos múltiplos e da Caixa Econômica, contudo, por serem destinados apenas aos cooperados, geralmente produtores rurais, profissionais de uma mesma categoria ou associados de uma entidade de classe.

Na prática, o dinheiro depositado pelos membros é utilizado para conceder empréstimos a outros cooperados, geralmente com taxas de juros e encargos mais baixos. Além disso, contam com características próprias, como a gestão participativa (governança cooperativa) e a distribuição das sobras financeiras entre os associados, ao final de cada exercício.

Sociedades de crédito imobiliário

Como o próprio nome indica, as sociedades de crédito imobiliáriod são instituições especializadas na concessão de financiamentos habitacionais, ou seja, voltados à aquisição, construção ou reforma de imóveis residenciais.

Para isso, essas instituições captam recursos principalmente através de cadernetas de poupança, Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

Financeiras

As financeiras captam recursos por meio de Letras de Câmbio e oferecem financiamento para produtos que não possuem linha de crédito específica. Atendem, normalmente, pessoas físicas e pequenas empresas.

O crédito concedido por essas instituições destina-se, por exemplo, à compra de bens duráveis (como veículos e eletrodomésticos), à contratação de serviços ou ao reforço do capital de giro.

O que são agentes superavitários e deficitários?

Os intermediários financeiros são as instituições financeiras que fazem o meio campo entre os agentes superavitários e os agentes deficitários. Mas quem, afinal, são estes?

Apesar dos termos um tanto rebuscados, a definição destes personagens é bastante simples  — uma vez aprendida, não tem como esquecer — e encontra sinônimos de uso bem mais comum no dia a dia. Olha só:

Agentes superavitários

De uso frequente no vocabulário contábil e econômico para descrever a condição de balanços, orçamentos ou contas públicas, o adjetivo “superavitário” vem de “superávit” e indica situações em que as receitas superam as despesas — ou seja, há lucro, sobra de receita.

Portanto, um agente superavitário nada mais é do que alguém que tem dinheiro sobrando. No contexto deste artigo, trata-se de um poupador: alguém que “empresta” (investe) seu dinheiro para um agente deficitário.

Na dúvida, basta lembrar do prefixo “super”, que denota excesso.

Agentes deficitários

O agente deficitário é o extremo oposto do agente superavitário. Ou seja, é quem está em déficit — ou assume uma dívida.

De forma mais simples: é quem precisa tomar dinheiro emprestado. Normalmente, esse agente recorre a um intermediador financeiro para obter os recursos necessários e dar andamento a projetos pontuais, como, por exemplo, comprar uma casa ou abrir um negócio.

Continue aprendendo com a TopInvest

Paradoxalmente — como você deve ter notado — explicar termos autoexplicativos como “intermediação financeira” pode não ser tão fácil quanto parece, enquanto definir palavras floreadas como “agentes superavitários” pode ser surpreendentemente simples.

É por isso que, para não se sentir perdido ao estudar para uma certificação financeira, você precisa de materiais com qualidade e boa didática — que expliquem sem complicar.

Minha sugestão, claro, é a TopInvest. Seja por aqui mesmo, no nosso blog, ou lá no canal da TopInvest no YouTube, você encontra centenas de conteúdos de educação financeira como este, que vão te ajudar a entender o mercado financeiro sem precisar arrancar os cabelos.

Vem com a Top!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comentários

EUGENIO - 22/10/2023

GOSTEI MUITO DA EXPLICAÇÃO, MUITO DIDATICA! PARABÉNS!