Negociado unicamente na Bolsa de Valores, o Mercado Futuro é questão de 8 ou 80 no setor financeiro: enquanto é amplamente utilizado por alguns, é também um completo desconhecido para outros.

Fato é que o Mercado Futuro pode ser uma opção de carreira para você – mas, antes, é preciso se familiarizar com ele. Vamos lá?

O que é mercado futuro?

Apesar de seu nome, sua negociação é feita no presente. Assim, ele funciona dessa forma: acerta-se hoje o preço de compra ou venda de algum bem (oficialmente chamado de ativo subjacente) que será liquidado no futuro, em uma data também pré-determinada. O preço em questão deve se basear nas expectativas do mercado para o ativo em questão, no período futuro estipulado.

Aliás, eis aqui alguns dos ativos mais negociados:

  • Índice Bovespa;
  • S&P 500;
  • Dólar;
  • Boi gordo;
  • Milho;
  • Café.

 Como eu já expliquei, todo esse processo acontece na Bolsa de Valores. Dessa forma, para evitar que um mesmo bem seja negociado com mais de uma cotação, os contratos do Mercado Futuro são todos homogêneos. Em outras palavras, seguem um padrão no qual o preço e o prazo da negociação são os únicos detalhes que podem mudar.

Pense na soja como um ativo subjacente, por exemplo. Sem o amparo da homogeneidade, vários tipos desse grão poderiam ser vendidos e comprados, a preços distintos. Como a B3 não autoriza essa prática, então, todos os contratos de soja têm especificações minuciosas, como definição de tipo, porcentagem de impurezas, quebrados e óleos, entre outras.

Como você pode perceber, os detalhes são muitos. Por consequência, temos, ainda, o benefício da transparência: os investidores sabem exatamente o que estão negociando.

Outro exemplo frequente é o dólar. Se uma empresa brasileira tem alguma dívida em dólar, estará sempre à mercê da cotação dessa moeda. Correto? Nesse cenário, se o dólar subisse, a dívida acabaria sendo bem maior do que era quando foi feita.

Contudo, no Mercado Futuro, um contrato de dólar pode congelar o preço de câmbio, protegendo a empresa dessa variação.

Para que serve o Mercado Futuro?

Agora, você vai compreender alguns dos objetivos e vantagens que temos com todo esse processo.

Proteção ou hedge

Primeiramente, me permita explicar o hedge para você: é uma estratégia na qual o investidor busca proteger o ativo contra possíveis desvalorizações futuras. Dessa forma, mais do que apenas visar o lucro, esta pessoa age para evitar prejuízos.

O Mercado Futuro, então, tem essa finalidade de proteger o investidor contra variações que possam causar grande impacto no preço de um ativo.

Voltemos ao exemplo do dólar, que mencionei anteriormente: o preço da moeda pode subir ou descer devido a inúmeros fatores, como crises políticas, taxa de juros e nível de exportações e importações. Às vezes, essa variação pode ser enorme. 

Para esse tipo de cenário, o Mercado Futuro entra como uma estratégia efetiva de proteção.

Para especular

Esta estratégia é basicamente o oposto da anterior. Enquanto o hedge busca pela proteção contra perdas, a especulação visa principalmente o lucro.

E como isso acontece? Aqui, o investidor não se importa especificamente com o ativo subjacente que está negociando, mas com a expectativa de ganhar dinheiro com as mudanças de seu preço no futuro.

O Day Trade é basicamente isso: operações diárias baseadas na especulação do preço, na qual ativos são comprados e vendidos no mesmo dia – eu, pessoalmente, não considero o Day Trade uma boa ideia. Por outro lado, temos também investidores que realizam este mesmo processo, porém com intervalos mais longos entre a compra e a venda, a fim de esperarem por oscilações mais significativas do setor.

Para fazer arbitragem

Quando um produto está disponível para negociação com dois preços diferentes, por exemplo, temos a estratégia da arbitragem.

Como eu expliquei, no Mercado Futuro, isso não pode acontecer: toda a dinâmica do processo existe para que um mesmo ativo não seja negociado por mais de um valor. Contudo, nem tudo é perfeito o tempo todo, logo, às vezes acontece de haver dois preços distintos, sim.

Quem faz arbitragem tende a agir rápido, antes que a B3 perceba o erro e o corrija. Em geral, os lucros desse tipo de estratégia não são grandes, já que as discrepâncias costumam ser ligeiramente diferentes apenas.

Como funciona o mercado futuro?

Tudo certo até aqui? Então, agora vamos partir para o entendimento sobre como funciona esse mercado – que difere-se em muitos aspectos do mercado à vista.

Liquidação financeira e liquidação física

Colocando o processo em termos bem simples, a liquidação é a hora do pagamento, quando se transfere o valor combinado, no prazo pré-estabelecido, para finalizar a negociação de um ativo. Aliás, a B3 conta com mecanismos complexos que garantem que ambas as partes cumpram suas obrigações – a de comprar e a de vender no preço estipulado.

No que diz respeito à liquidação, temos a financeira e a física. Na financeira, lida-se apenas com contratos e transferência de dinheiro, sem que o ativo em questão seja fisicamente entregue ao comprador. Na física, pelo contrário, há essa entrega.

O Mercado Futuro opera das duas formas, dependendo do tipo de contrato. Entretanto, a liquidação financeira é a mais comum, já que nem todo investidor negocia um bem porque o deseja fisicamente em casa.

Ajuste diário

Até aqui, você entendeu que o grande ponto do Mercado Futuro é que os preços de um ativo podem mudar diariamente, certo? Se hoje um bem custa X preço, amanhã pode estar custando Y.

É nessa diferença, então, que está o lucro ou o prejuízo dos investidores. Como uma forma de prevenir que grandes perdas se acumulem até o vencimento do contrato – além de evitar a inadimplência – a B3 conta com o recurso do ajuste diário.

Em resumo, é um sistema que apura as perdas e os ganhos dos investidores todos os dias. Para fazer essa mensuração, há um preço de referência, que é o ajuste diário. Quando a diferença está acima do ajuste, houve ganho. Quanto está abaixo, houve perda.

Ao contrário dos contratos a termo, as diferenças são creditadas (ou cobradas) do investidor sempre que ocorrem. No contrato a termo, esse processo todo só acontece na data de vencimento da negociação, o que torna maior o risco de inadimplência, especialmente quando há prejuízos grandes.

Quando um investidor fica inadimplente, a B3 o impede de fazer novas operações até que pague sua dívida, além de informar seu nome a todos os demais participantes do mercado financeiro, para que estes também estejam cientes de seu histórico.

Outra consequência é a execução das garantias registradas pelo inadimplente, que é o que você vai entender a seguir.

Margem de garantia

Pense nessa margem de garantia como um depósito de caução, tão comum em tantas negociações – contratos imobiliários, por exemplo. Uma medida de segurança, basicamente.

A B3 exige que seus investidores deixem uma garantia em suas corretoras. Esse, inclusive, é um dos grandes diferenciais da Bolsa, que ajudam a criar um ambiente seguro e tranquilo para seus participantes. Ademais, é ainda uma forma de garantir que a B3 tenha recursos suficientes para pagar por uma operação caso alguém não o faça.

Essa margem de garantia é, portanto, um percentual do total de uma negociação feita no Mercado Futuro. Esse pagamento, inclusive, não necessariamente precisa ser feito em dinheiro, já que podem ser utilizados outros títulos e ações também.

Há ainda outro exemplo de uso da margem de garantia. Imagine um investidor cuja estratégia no Mercado Futuro não deu certo e teve perdas no ajuste diário. Por consequência, esta pessoa estará devendo dinheiro à B3. Se esse pagamento não for feito no prazo combinado, então, acontece aquilo de que estávamos falando no tópico anterior: a Bolsa usa a margem de garantia para quitar a dívida.

Liquidação por inadimplência

Se mesmo com a margem de garantia a dívida não for quitada, então a B3 encerra o contrato em questão. Esse contrato, então, é vendido e a negociação encerrada. 

Nesses casos, o valor pendente pode acabar sendo pago pela margem de garantia oferecida pela corretora com a qual o inadimplente negociou e até pelo membro da compensação da corretora.

Há ainda os membros de compensação da própria B3, do fundo especial e do fundo de liquidação. Percebe como há uma estrutura de segurança bem complexa para casos de inadimplência? Isso acontece pois, caso esse exemplo de dívida da qual eu tanto falei até aqui seja grande, os efeitos do prejuízo poderiam se estender por todo o mercado financeiro, não fosse o sistema de proteção da B3.

Como acompanhar o mercado futuro?

Na prática, o Mercado Futuro pode ser acompanhado na própria B3, na corretora pela qual um investidor opera ou até mesmo pelo contrato que foi negociado. Entretanto, é claro que não é só isso.

Dólar, commodities… Os preços de todos esses ativos subjacentes negociados neste mercado têm motivos para serem voláteis – pormenores políticos, grandes eventos, circulação da moeda, taxa de juros, entre outros. Pense no café, por exemplo: além de tudo isso que citei, há ainda a interferência do clima e de outros fatores que podem afetar uma safra.

O que eu quero dizer com essa reflexão é que, mais do que apenas conhecer os meios oficiais de acompanhamento do mercado futuro, é preciso compreender todo o Sistema Financeiro Nacional em detalhes, entender como tudo está interligado e como esse sistema funciona no Brasil.

Como trabalhar com o Mercado Futuro?

Trabalhar no Mercado Futuro exige alto nível de competência e conhecimento em renda variável, commodities, ações, Bolsa de Valores e mais. Por isso, minha recomendação para te preparar para esse setor não poderia ser outra: os cursos preparatórios para certificações financeiras da TopInvest.

A certificação PQO, por exemplo, é uma das que foram desenvolvidas especialmente para quem deseja alcançar cargos específicos e de prestígio na carreira, principalmente dentro da B3. Tem interesse? Vem ser Top!

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