Sabe quando alguém compra um apartamento na planta? O imóvel ainda nem está pronto, mas a pessoa dá uma entrada para garantir o direito de comprá-lo no futuro por um preço já combinado.
Imagina a cena: hoje o apartamento custa R$500 mil, mas como a entrega será só em 2030, você paga R$30 mil de entrada para “segurar” o valor. Nesse meio tempo, tudo pode acontecer: o imóvel pode se valorizar e chegar a R$700 mil, ou até desvalorizar e cair para R$300 mil.
A vantagem é que, se ele realmente se valorizar, você poderá comprá-lo por aqueles mesmos R$500 mil combinados lá atrás — negócio da China! Mas, se desvalorizar, você não é obrigado a seguir em frente. Nesse caso, perde só a entrada, mas evita um prejuízo maior.
No mercado financeiro, as opções seguem a mesma lógica: você paga um valor (o prêmio) para ter o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender um ativo no futuro por um preço já definido.
Quer entender melhor como isso funciona na prática? Então acompanhe este guia, onde vou responder:
- O que é o mercado de opções?
- Como funciona o mercado de opções?
- Quem pode operar no mercado de opções?
- O que determina o preço no mercado de opções?
- Quais são os códigos das opções?
- Quais são as vantagens de investir em opções?
- Quais os riscos do mercado de opções?
- A opção tem validade?
- Como investir em opções?
- Opções de ações e opções binárias são a mesma coisa?
- Vale a pena entrar no mercado de opções?
Bora descomplicar o mercado de opções?
O que é o mercado de opções?
O mercado de opções é um segmento da bolsa de valores onde são negociados os direitos de compra ou venda de um ativo, em uma data futura, por um valor previamente definido.
Na prática, é como se o preço ficasse “congelado” até o vencimento. Lá na frente, quando chegar a data combinada, o titular (quem comprou a opção) tem a possibilidade — mas não a obrigação — de comprar ou vender o ativo-objeto. Já o lançador (quem vendeu a opção) tem a obrigação de honrar a negociação, caso o comprador decida exercê-la.
Ficou perdido(a)? Pode relaxar. Eu sei: a ideia de comprar o direito de adquirir ou vender um ativo pode parecer meio estranha à primeira vista. Afinal, por que não comprar ou vender logo o ativo, certo?
A lógica, prometo, é mais simples do que parece. A melhor forma de entender é pensar na opção como uma espécie de apólice de seguro.
- Quem compra uma opção de venda (put) paga um valor — chamado de prêmio — para se proteger contra uma possível queda. Assim, se o ativo desvalorizar, ainda terá o direito de vendê-lo pelo preço acordado, evitando perdas maiores;
- Quem compra uma opção de compra (call) também paga um prêmio, mas para se garantir contra uma possível alta. Se o ativo disparar, poderá comprá-lo mais barato, pelo preço definido no contrato.
Na prática, o mercado de opções serve tanto para quem quer fazer hedge (proteger investimentos) quanto para quem busca especular (apostar em movimentos de alta ou baixa com menos capital do que precisaria para comprar o ativo inteiro).
Como funcionam as opções?
As opções funcionam como compromissos financeiros de compra ou venda firmados hoje, mas para serem concretizados no futuro, a um preço definido.
Até aqui, são bastante semelhantes a outros derivativos — swaps, contratos a termo ou futuros. A diferença, porém, está no essencial: o que se negocia numa opção é o direito de comprar ou vender um ativo. Quem compra uma opção paga um valor agora para ter essa prerrogativa no futuro.
E qual o benefício? Se a operação for vantajosa, exerce o direito; se não for, simplesmente desiste e perde apenas o valor pago. Já quem está do outro lado, o lançador, não tem essa escolha: precisa cumprir o combinado caso o titular decida exercer.
É, como dá para perceber, um produto financeiro bastante peculiar. Por isso, embora a explicação acima já resuma bem a lógica de funcionamento, vale ser um pouco mais minucioso e detalhar os componentes essenciais dessa engrenagem:
- Ativo-objeto;
- Titular;
- Lançador;
- Prêmio;
- Call;
- Put;
- Exercício;
- Strike.
Bora lá entender o que significa cada um desses termos dentro de uma operação do mercado de opções?
Ativo-objeto
O ativo-objeto é o bem ou índice que serve de referência para definir o preço de um contrato no mercado de derivativos. Em outras palavras, é dele que o derivativo “deriva”.
Apenas para título de ilustração, no caso de um imóvel na planta — me valendo aqui do exemplo que usei na introdução — o ativo-objeto seria o imóvel em si. No entanto, no mercado de opções, esses contratos costumam ser atrelados a ativos mais líquidos, como ações, moedas ou commodities.
Titular
O titular é quem detém a opção. Ele paga um valor para ter o direito de comprar ou vender um determinado ativo-objeto no futuro, por um preço previamente acordado.
Dependendo do estilo da opção, ele poderá exercer esse direito apenas na data de vencimento (estilo europeu) ou a qualquer momento até o vencimento (estilo americano).
Lançador
O lançador é quem está do outro lado do balcão: quem vende ou emite a opção. Ele recebe um valor no presente em troca do compromisso de comprar ou vender o ativo-objeto no futuro pelo preço combinado.
Se o titular decidir exercer seu direito, o lançador é obrigado a cumprir a operação, mesmo que não seja vantajosa. Por outro lado, se o titular deixar o contrato expirar, o lançador sai ganhando, mantendo o prêmio recebido.
Prêmio
Embora ainda não o tenha nomeado, já o mencionei de outras formas. O prêmio é simplesmente o valor pago pelo comprador ao lançador para garantir o direito de exercer a opção nas condições acordadas. Ou seja, é o preço pago para adquirir uma opção.
Voltando ao exemplo do apartamento na planta, seria o depósito dado como entrada para garantir o negócio.
Call (opção de compra)
No mercado de opções, call é o nome dado à opção de compra. Ela concede ao titular o direito de comprar o ativo-objeto no futuro, pelo preço previamente combinado.
Por exemplo, imagine que um investidor pague um prêmio de R$100,00 para adquirir uma call de um lote de ações por R$2.000,00. Assim:
- Se, no vencimento, as ações tiverem desvalorizado e o lote estiver valendo, digamos, R$1.800,00, ele não exerce a opção e perde apenas o prêmio de R$100,00, evitando um prejuízo maior de R$300,00;
- Se as ações valorizarem e o lote passar a valer R$2.200,00, o titular pode comprá-las pelo preço combinado de R$2.000,00, ganhando R$200,00, descontando o prêmio pago.
Já o lançador da opção é obrigado a vender o lote pelo preço acordado, mesmo que isso represente uma desvantagem em relação ao valor de mercado.
Put (opção de venda)
Antônimo das opções de call, put é o nome dado à opção de venda. Ela confere ao titular o direito de vender o ativo-objeto no futuro, pelo preço previamente combinado.
Quase como um tipo de opção é comumente usado como instrumento de hedge. Ou seja, para cobrir o investidor contra prejuízos originados de uma eventual decorrência.
Se valendo do mesmo exemplo utilizado antes, imagine agora um cenário ligeiramente diferente: nesse caso, o investidor paga um prêmio de R$100,00 para adquirir uma put de um lote de ações por R$2.000,00. Assim:
- Se, no vencimento, as ações tiverem desvalorizado e o lote estiver valendo R$1.800,00, ele pode exercer a opção e vender o lote pelo preço combinado de R$2.000,00, garantindo um ganho de R$200,00, descontando o prêmio pago;
- Se, ao contrário, as ações tiverem valorizado e o lote estiver valendo R$2.200,00, o titular simplesmente não exerce a opção e perde apenas o prêmio de R$100,00.
Já o lançador da put é obrigado a comprar o lote pelo preço acordado, mesmo que isso represente uma desvantagem em relação ao valor de mercado.
Exercício
O exercício é como se chama o período de tempo entre a data de compra de uma opção e seu vencimento.
Ao estourar o prazo de exercício, a opção perde a validade. Se isso acontecer, o titular perde o seu direito de exercer a compra ou venda do ativo-objeto, conforme o valor combinado lá no início, e o dinheiro pago como prêmio “vira pó”.
Strike
O strike é o preço do ativo-objeto definido no momento da compra da opção. É o valor pelo qual o titular tem o direito de comprar ou vender o ativo.
No exemplo do lote de ações que usei para explicar call e put, o strike seria R$2.000,00.
Quem pode operar no mercado de opções?
O mercado de opções não é para qualquer investidor — e não estranhe se a sua corretora não oferecer esse tipo de operação logo de início. Trata-se de um investimento mais adequado para investidores experientes, que possuam conhecimento sólido do mercado.
Mesmo em estratégias mais conservadoras, como a utilização de opções para proteção (hedge) de carteira, ainda é recomendado ter experiência, já que o instrumento exige compreensão de seu funcionamento.
Quando utilizado para especulação, o mercado de opções é indicado apenas para investidores com perfil arrojado, capazes de lidar com a possibilidade de perdas financeiras.
Por isso, muitas corretoras exigem que o investidor assine um termo de ciência de risco antes de liberar o acesso a esse tipo de negociação.
O que determina o preço no mercado de opções?
O preço das opções não é arbitrário. Ele é impactado principalmente pela soma de dois componentes: o tempo (exercício) e o valor intrínseco.
De modo direto, é possível afirmar que quanto maior a chance de uma opção ser lucrativa para o titular, mais alto tende a ser seu preço — o prêmio pago ao lançador.
Tempo
Opções com prazos mais longos tendem a ser mais caras. Isso acontece porque quanto maior o prazo de exercício, mais tempo o titular tem para que a opção se valorize, aumentando suas chances de lucrar.
Em outras palavras, o investidor tem mais oportunidades de escolher o momento ideal para exercer a opção.
Valor intrínseco
O valor intrínseco é o ganho imediato que uma opção daria ao titular se fosse exercida naquele momento, sem considerar nenhum outro fator. Quanto mais alto esse valor, maior o preço.
Se esse ganho existe, se diz que a opção está dentro do dinheiro (in the money). Se não existe, o valor intrínseco é zero, e a opção está fora do dinheiro (out of the money).
Nas opções de compra (calls), a opção está dentro do dinheiro quando o preço do ativo no mercado é maior do que o preço de exercício. Exemplo: ação a R$50,00 e call com preço de R$45,00. O valor intrínseco é, portanto, de R$5,00. Já se o preço de exercício for R$55,00, a call está fora do dinheiro, pois não compensa pagar R$55,00 por algo que vale R$50,00. Nesse caso, o valor intrínseco é zero.
Nas opções de venda (puts) acontece o contrário. A put está dentro do dinheiro quando o preço de exercício é maior que o valor de mercado da ação. Exemplo: ação a R$50,00 e put com preço de R$55,00. O valor intrínseco é de R$5,00. Se o preço de exercício for R$45,00, a put está fora do dinheiro, já que não faz sentido vender a R$45,00 algo que vale R$50,00. Valor intrínseco: zero.
Mesmo assim, opções fora do dinheiro podem ter valor temporal, que existe porque ainda há chance de o preço do ativo se mover a favor do investidor até o vencimento. Por isso, muitos compram opções fora do dinheiro: elas custam menos, oferecem alavancagem e podem servir como proteção (hedge). O risco, claro, é perder todo o prêmio pago.
Quais são os códigos das opções?
Assim como as ações, as opções também possuem códigos de negociação.
Mais do que um simples nome, esse código funciona como um resumo das principais características da opção: o ativo-objeto, o mês de vencimento e o preço de exercício.
Ou seja, só de olhar para o código, o investidor consegue identificar rapidamente os detalhes da operação. Decifrá-lo não é nenhum mistério — a ideia é justamente tornar a comunicação mais ágil e padronizada na bolsa — e vou te mostrar isso agora.
O código de uma opção é formado sempre por sete dígitos. São cinco letras seguidas por dois números, sendo que:
- As quatro letras iniciais representam o ativo-objeto da opção. Por exemplo, PETR indica uma ação da Petrobras;
- A quinta letra indica se a opção é de compra (call) ou venda (put) e também o mês de vencimento:
- De A a L: são opções de call, sendo que A indica que o vencimento é em janeiro, B em fevereiro, e assim consecutivamente;
- De M a X: são opções de put, sendo que M indica vencimento para janeiro, N para fevereiro, e assim por diante.
- Os dois números finais indicam o preço de exercício da opção.
Com essa lógica, ao ler um código como PETRA25 você já sabe:
- PETR = Petrobras;
- A = call (compra);
- 25 = preço de exercício.
Ou seja, trata-se de uma opção da Petrobras, de compra, com vencimento em janeiro e preço de exercício de R$25.
Quais são as vantagens de investir em opções?
O mercado de opções oferece, ao mesmo tempo, vantagens tanto investidores agressivos, que buscam especulação, quanto para os mais conservadores, que desejam proteger seu patrimônio. Entre os benefícios mais notáveis desse tipo de investimento, vale destacar:
Maior flexibilidade na estratégia de investimento
O que torna o mercado de opções tão popular é a sua versatilidade. Esses contratos podem ser usados em diferentes estratégias — algumas até opostas entre si —, como:
- Hedge: estratégia de proteção que “congela” o preço do ativo, usada para proteger o patrimônio contra as flutuações do mercado;
- Especulação: estratégia que busca lucrar com a valorização futura de um ativo, assumindo risco;
- Arbitragem: busca lucrar com diferenças de preço entre mercados, ativos ou contratos relacionados, como a própria ação e suas opções. O objetivo é aproveitar discrepâncias de valor existentes para obter ganho.
Em suma, as opções permitem ao investidor explorar oportunidades em qualquer tendência de mercado, seja em alta ou em baixa.
Mais acessível
As opções costumam ter preços muito mais baixos do que outros produtos de investimento, o que as torna uma alternativa acessível para diferentes objetivos — seja proteger a carteira (hedge) ou potencializar lucros.
Para o comprador, contratos out of the money ou com prazos mais curtos tendem a custar ainda menos. Porém, essa vantagem vem acompanhada de maior risco, já que a chance de expiração sem valor é mais elevada.
Por isso, embora sejam baratas de adquirir, exigem experiência para interpretar o mercado, prever cenários e, sobretudo, capacidade de suportar eventuais perdas financeiras.
Menos custos
Esse tipo de negociação costuma ter custos reduzidos. Muitas corretoras, inclusive, não cobram nenhuma taxa para operar opções.
Aumento do potencial de lucro
Com a estratégia certa e uma boa leitura de mercado, as opções podem gerar retornos elevados em pouco tempo — o que atrai especuladores e traders, que buscam lucrar com variações de preço no curto prazo.
Isso acontece porque esses contratos permitem aplicar estratégias de maior risco, capazes de multiplicar resultados, como:
- Alavancagem: devido ao baixo custo dos prêmios, o investidor consegue se expor a ativos de valor muito superior ao capital disponível. Assim, até pequenas oscilações no preço podem gerar ganhos bem maiores do que no mercado à vista;
- Venda a descoberto: operação em que se vendem opções sem possuir o ativo-objeto, buscando lucrar com a queda dos preços.
Diversificação
O mercado de opções também pode ser usado para diversificar a carteira, já que papéis podem estar atrelados a diferentes tipos ativos-objetos, como ações, moedas e commodities.
Gestão de risco
As opções não servem apenas para especular — elas também funcionam como um tipo de “seguro” contra perdas. Por exemplo:
- Um investidor que possui ações pode comprar opções de venda (puts) para se proteger de quedas no preço, garantindo vendas acima do valor de mercado;
- Quem quer aproveitar uma oportunidade, mas não tem o capital no momento, pode adquirir opções de compra (calls) para “travar” o preço e evitar surpresas com alta repentina, garantindo a compra por valores mais baixos.
Assim, as opções permitem proteger o patrimônio de forma flexível, sem precisar vender ativos em baixa ou comprometer toda a estratégia com realocações bruscas.
Quais os riscos do mercado de opções?
No mercado de opções vale a máxima: quanto maior o potencial de lucro, maior o risco de perda. Esses investimentos podem multiplicar rapidamente o capital, mas também podem gerar perdas significativas se o mercado não se comportar como o esperado.
De forma geral, os principais riscos que o investidor deve considerar são:
Perda total do investimento
O risco mais comum ao investir em opções é perder todo o capital gasto com o prêmio. Isso ocorre quando o prazo de exercício termina e o investidor não exerce o direito de compra (call) ou venda (put).
Lembra do exemplo do apartamento na planta? O comprador dá uma entrada de R$30 mil para assegurar o preço de R$500 mil. Se, na data de liquidação, o imóvel desvalorizar para R$300 mil, ele pode desistir do negócio. Não precisará pagar os R$500 mil, mas os R$30 mil do sinal estão perdidos — “viraram pó”, como se diz no mercado.
Perda de liquidez
A liquidez, para aqueles não familiarizados com o termo, a facilidade de transformar um ativo em dinheiro sem ter prejuízos.
No caso das opções, a liquidez tende a cair à medida que o prazo de exercício se aproxima. Isso pode dificultar que o titular, em uma emergência, encontre alguém interessado em comprar o contrato.
Embora seja possível vender a opção no mercado secundário em vez de exercê-la, na prática isso pode gerar prejuízo, caso seja necessário se desfazer do ativo por um preço inferior ao pago.
Compreensão limitada
Já ouviu falar que “a ignorância é uma bênção”? Nos investimentos, isso não se aplica.
O mercado de derivativos, incluindo opções, não é fácil para iniciantes. É preciso interpretar tendências, antecipar cenários e usar ferramentas como travas e combinações de calls e puts para limitar perdas sem eliminar totalmente as chances de ganhos.
Se você não se sente preparado é porque provavelmente não está. Quem entra sem conhecimento está sujeito a perder dinheiro — e nem todo mundo pode ou está disposto a esse luxo.
Risco de crédito
Em maior ou menor grau, o risco de crédito está presente em todos os tipos de investimento. Em poucas palavras, é a possibilidade de o investidor não receber o que lhe é devido — ou seja, um calote.
No mercado de opções, esse risco é chamado de risco de contraparte: a chance de que a outra parte não cumpra suas obrigações, como entregar o ativo negociado ou realizar o pagamento caso o titular exerça seu direito.
Risco de volatilidade
O risco de volatilidade é um risco comum em ativos e derivativos de renda variável. Trata-se da possibilidade de flutuações adversas no preço desses papéis que possam resultar em perdas para o investidor.
Ao “travar” o preço de um ativo, o investidor está apostando na alta ou baixa desse ativo. Sempre que seu desempenho vai em direção contrária, ao esperado, o investidor perde dinheiro.
Imagine que você compra uma call esperando que a ação X, atualmente em R$50, suba. Se, de repente, por notícias inesperadas, ela cai para R$45, a sua opção perde valor rapidamente, mesmo que você acreditasse que subiria — isso é o efeito da volatilidade.
Risco de tempo
O futuro do mercado é incerto. Por mais cuidadosas que sejam as projeções, os resultados podem surpreender. Se, na data de vencimento, o mercado não estiver alinhado com as expectativas, o investidor pode ter prejuízo.
Quando o ativo-objeto não se move na direção prevista, o risco aumenta à medida que o prazo de exercício se aproxima. Por isso, o tempo é um fator determinante no cálculo do prêmio: opções com prazos mais curtos costumam ser mais baratas, mas também mais arriscadas.
A opção tem validade?
Sim, toda opção possui validade. Essa é uma das cláusulas fundamentais desse tipo de contrato.
Sem isso, o titular poderia manter a posição indefinidamente até encontrar o momento ideal para exercer o direito, e o lançador praticamente não teria nenhuma chance de lucro.
No mercado de opções, a validade é chamada de prazo de exercício. Até essa data, o titular pode exercer a compra (call) ou venda (put) do ativo-objeto. Após o vencimento, a opção expira e o investidor perde integralmente o valor investido — o prêmio.
Como investir em opções?
Investir em derivativos, como as opções, é consideravelmente mais complexo do que aplicar diretamente em um ativo no mercado à vista. Para quem já tem experiência e quer explorar esse mercado, o passo a passo básico é:
1. Abrir uma conta em uma corretora
O primeiro passo é escolher uma corretora de valores que permita a negociação de opções.
É importante avaliar taxas, plataformas e suporte, pois operar derivativos exige ferramentas para acompanhar preços, gráficos e cotações em tempo real. Em algumas corretoras, esse tipo de negociação não gera custos adicionais.
2. Realizar um depósito na sua conta
Após abrir a conta, é preciso transferir recursos para poder operar. O valor mínimo varia conforme a corretora e o tipo de opção, mas é essencial ter capital suficiente para cobrir os prêmios das opções e eventuais ajustes de margem, caso seja necessário.
Além disso, quem deseja lançar opções a descoberto — ou seja, sem ter o ativo-objeto como garantia — pode precisar apresentar uma margem de garantia, que pode ser em dinheiro, títulos ou outros ativos, a ser bloqueada pela corretora.
3. Escolher o ativo subjacente, o tipo de opção e o strike
Defina primeiro qual ativo deseja negociar, como ações, commodities ou moedas. Em seguida, escolha se a operação será de call (compra) ou put (venda) e determine o preço de exercício (strike). Observe:
- Volatilidade: quanto mais volátil o ativo objeto maior o potencial de ganho — e de risco;
- Tipo de operação: na call você aposta na valorização; na put, na desvalorização;
- Strike: é o preço-alvo da operação; sua escolha define diretamente o custo, o risco e o possível retorno.
4. Comprar ou vender a opção
Com todas as definições feitas, chega a hora de emitir a ordem:
- Comprar uma opção: o investidor paga o prêmio e adquire o direito de comprar (call) ou vender (put) o ativo, podendo lucrar se o preço se mover a seu favor.
- Vender uma opção: o investidor recebe o prêmio, mas assume a obrigação de cumprir o contrato caso o titular exerça. O lucro acontece se a opção expirar sem ser exercida.
5. Monitorar a posição e tomar medidas conforme necessário
Ordem emitida, é preciso monitorar o desempenho do ativo-objeto de perto. O preço pode oscilar rapidamente, e cada movimento impacta diretamente no valor da opção.
Por isso, o investidor precisa estar pronto para agir sempre que necessário, seja ajustando a margem, realizando uma venda antecipada ou rebalanceando a carteira.
- Titular: deve acompanhar o mercado para identificar se e quando vale a pena exercer o direito de compra ou de venda;
- Lançador: precisa estar preparado para honrar as obrigações do contrato, seja entregando o ativo ou realizando o pagamento, caso a opção seja exercida.
Opções e opções binárias são a mesma coisa?
Não! Apesar do nome parecido causar confusão, as opções tradicionais (call e put) e as opções binárias são instrumentos totalmente diferentes.
As opções tradicionais, negociadas na B3, são contratos que dão o direito de comprar ou vender um ativo numa data futura, por um preço previamente acordado. Trata-se de um produto regulamentado no Brasil, usado tanto para proteção (hedge) quanto para especulação.
Já as opções binárias funcionam mais como uma aposta sobre o comportamento de um ativo em prazos curtíssimos — geralmente entre 15 segundos e 30 minutos. O investidor escolhe entre duas possibilidades: alta ou baixa. Se acertar, recebe um percentual sobre o valor aplicado; se errar, perde tudo.
Vale destacar: esse tipo de operação não é regulamentada no Brasil e a CVM não recomenda a sua prática. Em geral, só é acessível por meio de corretoras estrangeiras, muitas delas sediadas em paraísos fiscais.
Como esse não é um mercado regulamentado, além do risco da aposta em si, é preciso ter ciência de que, em caso de problema com a operação, não haverá a quem recorrer ou solicitar ajuda.
Vale a pena entrar no mercado de opções?
A resposta é: depende. O mercado de opções não é para todo mundo. Ele é indicado principalmente para investidores experientes e, geralmente, com perfil arrojado.
Embora a possibilidade de obter lucros significativos no curto prazo faça das opções um investimento atrativo, considere que o risco de perdas — muitas vezes irreparáveis — é alto. Não à toa, alguns chamam esse mercado de “cemitério de malandros”.
Como lembra Warren Buffett: “O risco está em não saber o que você está fazendo”. Pergunte a si mesmo: você sabe gerenciar riscos? Equilibrar puts e calls? Fazer análises e prever cenários?
Se a resposta for sim, as opções se tornam um instrumento versátil, capaz de sustentar estratégias variadas, permitindo oportunidades de lucro tanto em mercados em alta quanto em baixa.
Se a resposta for não, é melhor você começar com investimentos mais simples e evitar a tentação de retornos rápidos.
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Eu sei, os derivativos — incluindo as opções — são todo um mercado à parte. É natural que, a princípio, sejam mesmo uma pequena dor de cabeça — para não dizer outra coisa.
Mas não tem jeito: se você é um investidor que quer ir além do básico, precisa entender os produtos mais complexos. Isso serve não apenas para diversificar a carteira, mas para proteger seu patrimônio e aproveitar oportunidades mais vantajosas do que as encontradas no mercado à vista.
Já se o que você quer é ingressar na carreira bancária, entender derivativos é ainda mais importante — é uma obrigação. Esse tema, nem preciso dizer, é recorrente em provas de certificações financeiras.
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Comentários
Ótimo
Bom dia Leonardo, tudo bem? Obrigado pelo feedback!!
Excelente!