Se os ativos de renda fixa se destacam pela previsibilidade, com a renda variável acontece o contrário. São investimentos voláteis, cujos preços variam constantemente de acordo com os humores do mercado.
De uma hora para outra, uma ação que vinha estável — ou até mesmo em alta — pode começar a cair, fazendo todo o lucro do investidor evaporar. Ou pior: gerar prejuízo.
Parece arriscado, né? Mas, felizmente, existe uma maneira de controlar esse risco e sair automaticamente de uma posição antes que seja tarde demais. Como? Com o stop loss.
Não sabe do que estou falando? Relaxa. Neste artigo, você vai entender tudo o que precisa sobre essa ferramenta tão importante para quem investe em renda variável.
Você aprenderá:
- O que é stop loss?
- O que é um stop loss em ações?
- Para que serve o stop loss?
- Qual a importância do stop loss nos investimentos?
- Quando usar o stop loss?
- Como usar o stop loss?
- O que é preço de disparo e preço de execução?
- Qual o stop loss ideal?
Ao investir, saber se proteger é tão importante quanto lucrar. Continue a leitura e entenda como o stop loss pode servir de escudo no mercado.
O que é stop loss?
Estrangeirismo bastante comum entre investidores acostumados à renda variável, o stop loss é uma ordem para execução automática de venda.
Trata-se de uma configuração feita pelo próprio investidor no home broker (a plataforma de investimento disponibilizada pela corretora), que determina a venda de um papel caso este atinja um valor mínimo preestabelecido — o chamado “preço de parada”.
O que é um stop loss em ações?
Se deparou com o termo stop loss ao configurar suas ações no home broker e ficou na dúvida sobre o que significa? Trata-se de uma ordem programada de venda, na qual o investidor define um preço mínimo para o ativo.
Por exemplo, imagine que um investidor tenha comprado ações da Ambev por R$13,00 e programado o sistema para vendê-las caso o preço caia para R$10,00.
Ou ainda: que ele tenha comprado ações da Petrobrás por R$20, e agora, com elas cotadas a R$32,00, decida estabelecer um stop loss em R$25,00. Em ambos os caso, se as ações começarem a cair, elas são automaticamente vendidas caso cheguem nesse patamar. O conceito é fácil de entender, né?
O que pode gerar dúvida, no entanto, é: por que fazer isso? Ou seja, por que um investidor estabeleceria um preço de venda automática abaixo do valor que pagou ou poderia obter no mercado agora?
Sei que, num primeiro momento, isso pode mesmo parecer estranho. Mas a lógica também é bastante simples — e é isso que mostro a seguir.
Para que serve o stop loss?
Na falta de uma tradução mais precisa, stop loss pode ser entendido como “parar perda” ou “interromper prejuízo”. E é exatamente para isso que ele serve: limitar perdas em operações com ações.
Em outras palavras, trata-se de uma programação que protege o investidor contra movimentos bruscos do mercado. Essas ordens podem ser utilizadas tanto para conter prejuízos, quanto para garantir parte dos lucros já obtidos em uma posição.
Retomando o exemplo anterior: imagine que o investidor comprou 100 ações por R$13,00 cada, e configurou um stop loss em R$10,00. Na prática, ele está aceitando um prejuízo máximo de R$3,00 por ação, ou seja, R$300 no total.
Se essa ação começar a despencar, o sistema executa a venda automaticamente nesse valor, evitando que ele perca ainda mais. Sem essa proteção, caso o preço caísse para, digamos, R$6,00, o prejuízo total saltaria para R$700 — mais do que o dobro.
O mesmo raciocínio vale para a segunda situação: quando o investidor já tem lucro acumulado.
Se o investidor comprou 100 ações a R$20,00, que hoje valem R$32,00, e decide configurar um stop loss em R$25,00, ele estabelece um limite para proteger parte do lucro obtido. Mesmo que o mercado vire e os preços comecem a cair, ele ainda garante um lucro de R$5,00 por ação — ou seja, R$500 no total.
Sem o stop, esse lucro poderia evaporar em minutos — e o retorno virar até prejuízo, dependendo da queda.
Qual a importância do stop loss nos investimentos?
O stop loss é uma medida importante de segurança nos investimentos, pois permite ao investidor limitar os prejuízos antes que eles se tornem excessivos. Ao definir um valor “tolerável” de perda, ele passa a ter mais controle sobre os riscos da volatilidade do mercado, sem precisar ficar grudado em frente ao computador durante o horário de pregão.
Afinal, pode até parecer estranho aceitar perder algum dinheiro ao investir, mas é melhor assumir uma perda que se pode suportar do que arriscar perder tudo, não é?
Além disso, o stop loss também diminui a probabilidade de mudanças constantes de estratégia. Como assim?
Pensa comigo: como as ações são naturalmente voláteis, é perfeitamente normal que o preço esteja ora acima, ora abaixo do valor que o investidor pagou.
Sem um stop loss, ele pode se sentir impelido a comprar e vender a mesma ação com base em variações momentâneas, sem um critério definido.
Ao programar uma ordem automática, o investidor se poupa dessa ansiedade e de decisões impulsivas. Quer um exemplo?
Imagina que um investidor compra uma ação da Microsoft por R$100,00 e, horas depois, veja o valor cair para R$95,00. É natural que, no impulso, acabe vendendo esse papel por medo.
Mas e, se pouco depois, o jogo vira e a ação volta a subir, fechando em R$110,00? Nesse caso, o investidor se arrependerá duplamente: não só perdeu R$5,00, como deixou de ganhar R$10,00 — e de quebra, fica com aquela dúvida no fundo da mente, “ainda vale comprar essa ação agora?
Caso tivesse um stop loss ativo em R$90,00, por exemplo, o investidor teria evitado toda essa montanha-russa, sem passar por nenhum susto, já que o risco estava calculado.
Quando usar o stop loss?
O ideal é configurar a ordem de stop loss no momento da compra da ação. Ou seja, o “preço de parada” deve ser definido antes mesmo da operação, como parte da estratégia de entrada e saída.
Mas não se preocupe: também é possível habilitar essa configuração para ações que já estão na carteira. Em caso de dúvida sobre como proceder, o mais indicado é entrar em contacto com a sua corretora.
Atenção: o stop loss é ainda mais importante no gerenciamento de riscos de day trade e outras estratégias de especulação, especialmente em momentos de alta volatilidade no mercado.
Como usar o stop loss?
O stop loss é configurado pelo próprio investidor, por meio do home broker disponibilizado pela corretora. Essa funcionalidade normalmente já vem integrada à plataforma. Embora os comandos possam variar sutilmente de uma corretora para outra, o caminho costuma seguir uma lógica semelhante:
- Acesse o home broker da sua corretora: faça login com seu usuário e senha na plataforma (web ou app) e vá até a área de negociação de ações;
- Selecione o ativo que deseja configurar: encontre a ação na sua carteira ou digite o código do ativo (ticker) no campo de busca;
- Clique em “venda” ou “ordem de venda”: inicie o processo de venda para o ativo que deseja proteger com o stop loss;
- Escolha o tipo de ordem “stop” ou “stop loss”: em vez de uma ordem de venda comum, selecione a opção de ordem condicionada (stop, stop loss ou stop de perda, dependendo da plataforma);
- Defina o “preço de disparo” (ou preço de ativação): esse é o valor que, ao ser atingido, fará com que a ordem de venda seja enviada ao mercado;
- Defina o “preço limite” (ou preço de execução): é o valor mínimo pelo qual você aceita vender o ativo. Isso evita que a venda ocorra por um valor muito abaixo do esperado em momentos de forte oscilação;
- Informe a quantidade de ações e a validade da ordem: escolha quantas ações deseja proteger com o stop e até quando a ordem ficará válida (ex: até o fim do dia ou até ser executada);
- Revise e confirme a ordem: antes de enviar, revise todos os campos e confirme o envio da ordem de stop loss.
Após configurar o stop loss inicial, é interessante que o investidor ajuste esse valor periodicamente, à medida que a posição se mova a seu favor. Essa estratégia é chamada de trailing stop — algo como “acompanhamento de parada”, numa tradução literal —, e serve para proteger os lucros à medida que o preço do ativo sobe.
Ou seja, o objetivo aqui não é mais evitar prejuízos, mas garantir retornos.
- Você compra Bitcoin a US$100.000,00;
- Define um trailing stop de 5%;
- O stop começa em US$95.000,00;
- Se o preço da bitcoin para US$110.000, o stop se ajusta para US$104.500.
- Se o preço cair a partir daí, o stop é executado e você vende com lucro.
Note: que só faz sentido ajustar o stop loss para cima.
O que é preço de disparo e preço de execução?
Uma dúvida comum ao configurar o stop loss no home broker pela primeira vez é a exigência de inserir dois valores diferentes: o preço de disparo e o preço de execução.
Apesar de semelhantes, essas configurações não são a mesma coisa — e não devem ser preenchidas com o mesmo valor:
- Preço de disparo (ou de ativação): é o valor que aciona a ordem de venda. Ou seja, quando a ação atinge esse preço no mercado, o sistema envia automaticamente uma ordem para vender o ativo;
- Preço de execução (ou de limite): é o valor mínimo pelo qual você aceita vender. Funciona como proteção adicional, impedindo que a venda ocorra por um valor muito abaixo do esperado, em momentos de forte oscilação.
Mas porque esses valores não podem ser iguais?
Para responder, vamos voltar ao exemplo de uma ação da Microsoft comprada por R$100,00, com um stop definido em R$90,00.
Se essa ação caísse abruptamente e abrisse o pregão sendo negociada a R$89,00, a ordem de venda só seria executada caso houvesse uma “folga” entre o preço de disparo e o preço de execução. Por isso, o investidor poderia configurar, por exemplo:
- Preço de disparo: R$90,00;
- Preço de execução: R$80,00.
Isso significa que, se o preço batesse em R$90,00, a ordem seria enviada. E, mesmo que a ação estivesse em queda rápida, o investidor estaria autorizando que ela fosse vendida por até R$80,00 — evitando ficar preso à posição.
Agora, se os valores estivessem muito próximos (por exemplo, R$90,00 e R$89,50) e a ação abrisse diretamente a R$89,00, o sistema poderia acabar pulando a ordem, por não encontrar compradores dentro da faixa permitida. Nesse caso, o investidor ficaria completamente desprotegido.
Qual o stop loss ideal?
O stop loss ideal varia de investidor para investidor. Não existe um “número mágico” cabe a cada um definir os limites de perda que considera aceitáveis — mas, claro, essa decisão não deve ser tomada de forma aleatória. Alguns fatores podem (e devem) ser considerados para embasar essa escolha:
- Tolerância pessoal ao risco: cada investidor possui um grau diferente de conforto diante de perdas. Perfis mais conservadores podem preferir stops curtos, já os mais arrojados aceitam oscilações maiores antes de encerrar a posição;
- Volume da operação: o tamanho da posição impacta diretamente no risco financeiro. Quanto maior o volume, menor pode ser a margem de perda aceitável em termos percentuais;
- Recursos disponíveis na carteira: investidores com mais capital disponível podem absorver perdas pontuais sem comprometer a estratégia geral, enquanto carteiras mais enxutas exigem stops mais rígidos;
- Percentual sobre o capital investido: uma das formas mais comuns de definir o stop é estabelecer uma perda máxima como percentual do dinheiro alocado. Se o investidor aceita perder até 5% por operação, uma posição de R$1.000 teria um stop de R$50,00;
- Volatilidade do ativo: ativos com maior variação de preços exigem stops mais largos para evitar saídas desnecessárias em oscilações normais. Já ativos menos voláteis permitem stops mais curtos;
- Estratégia adotada: um investidor de longo prazo (buy and hold) tende a usar stops mais amplos como 10% ou mais, que têm menos espaço para recuperação, costumam adotar stops menores, abaixo de 5%;
- Análises técnica e fundamentalista: Estudar os fundamentos e os gráficos históricos ajuda o investidor a identificar o preço justo de uma ação e entender o que é uma oscilação normal. Assim, evitar decisões precipitadas diante de variações pontuais;
- Indicadores específicos: indicadores como ATR (Average True Range), bandas de Bollinger ou IFR (Índice de Força Relativa) podem auxiliar na definição de stops mais técnicos e objetivos.
Para funcionar bem, o stop loss precisa ser bem pensado. Se for muito próximo do preço de compra, pode acabar vendendo suas ações cedo demais — mesmo que elas tivessem chance de se recuperar.
Por outro lado, se ficar muito distante, você corre o risco de perder mais do que gostaria, o que vai contra o objetivo do stop.
Por isso, o ideal é encontrar um meio-termo: um ponto que proteja seu dinheiro, mas que também dê espaço para o investimento respirar.
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Conhecer ferramentas como o stop loss faz toda a diferença na hora de investir — e, mais do que isso, aumenta a confiança para explorar produtos que antes pareciam fora do alcance.
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