Vamos desmistificar mais um termo financeiro.

Se você nos acompanha há algum tempo já deve ter visto nosso artigo sobre Política Monetária.

Afinal é em política monetária que surgem termos técnicos como Redesconto, Taxa SELIC, depósito compulsório e outros. Estes termos técnicos são os instrumentos de política monetária utilizados pelo nosso Banco Central.

O que é redesconto?

Redesconto é como se fosse uma espécie de empréstimo em última instancia que o BACEN (Banco Central do Brasil) oferta aos bancos comerciais. E aqui é importante lembrar que o redesconto tem a “taxa de empréstimo” acima do mercado.

Ai você deve estar se perguntando… Mas Kleber, se as taxas são mais elevadas do que as taxas cobradas pelos bancos, por que eles fariam estes empréstimos?

A resposta para essa pergunta é bem simples e pode ser dividida em dois motivos.

Primeiramente é importante você compreender que ao final do dia precisam manter um fluxo de caixa positivo, ou seja, o caixa do banco não pode ficar negativo.

Em outras palavras, no dia a dia os bancos realizam empréstimos e recebem investimentos, realizam saques e recebem depósitos. Na hora de encerrar o expediente o saldo de todas operações deve ser positivo.

Então se em uma dia houveram R$ 10.000.00,00 (dez milhões) em depósitos e outros clientes sacaram R$ 11.000.000,00 (onze milhões) o banco tem um saldo negativo de 1 milhão de reais.

Para cobrir este valor negativo em caixa a primeira opção do banco é procurar empréstimos de fontes mais baratas. Essas fontes mais baratas, são os outros bancos com sobras de caixa.

Enquanto o Banco do nosso exemplo ficou com falta de R$ 1 milhão é perfeitamente normal que outro banco tenha em seu caixa sobrando este mesmo 1 milhão ou até mais e deseja emprestar este recurso.

Porém pode acontecer de que nenhum banco tem dinheiro sobrando para emprestar e o banco do nosso exemplo precisa recorrer ao BACEN.

Mas isso não significa que é só o banco chegar lá no Banco central e dizer: Quero R$ 1 milhão de reais emprestado porque faltou no meu Caixa.

Esse recurso faltante no mercado financeiro que o BACEN precisa intervir afeta diretamente políticas monetárias. 

Justamente por isso o redesconto é um dos instrumentos de política monetária e o aumento ou a redução da taxa de redesconto influencia diretamente a quantidade de moeda em circulação no mercado.

Maior segurança para o Mercado

Com o objetivo de trazer maior segurança para o mercado, antes de o BACEN ofertar o redesconto é feita uma avaliação de solidez da instituição pelo Banco Central do Brasil.

Caso essa verificação de solidez seja favorável, o empréstimo é concedido ao banco para que ele continue operando. Agora, caso seja desfavorável o empréstimo, este também ocorre.

Porém, neste caso ocorre a recapitalização do banco (aporte de mais recursos por parte dos sócios) ou o BACEN intervém para sua liquidação extra judicial (venda do controle do banco).

Redesconto como Política Monetária

De forma simples, quando BACEN deseja acelerar a economia do país, ele diminui o valor das taxas de empréstimo.

Essa redução das taxas coloca mais dinheiro em circulação e aquece a economia porque os agentes econômicos (todos nós pessoas físicas ou jurídicas) tem acesso a crédito mais barato o que estimula o investimento real e o consumo.

Em contrapartida em momentos de inflação alta o BACEN eleva a taxa de redesconto causando o efeito contrário.

Há uma redução da moeda em circulação o que visa desaquecer a economia e até criar recessão em alguns casos específicos.

Neste cenário há a elevação da taxa de juros dos empréstimos ofertados pelos bancos reduzindo a moeda em circulação e também o consumo o que causa um arrefecimento da inflação.

Este é apenas um pequeno resumo da utilização do redesconto como política econômica, você pode aprender muito mais sobre esse assunto em nosso material específico.

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