Capital, investimento, economia, serviços… Com certeza, termos dessa natureza já se tornaram tão rotineiros que entram ou estão a ponto de entrar na ordem de palavras que perdem o sentido de tão repetidas. 

Isso porque essas e muitas outras terminologias básicas do dia a dia dos profissionais de finanças estão enraizadas na própria construção social, tendo sido criadas durante o desenvolvimento e os desdobramentos dos sistemas econômicos. Entender, portanto, como se deu a criação e a aplicação desses termos ao longo da história é essencial para compreender como chegamos até aqui. 

Se mais que um profissional do mercado financeiro você também é um curioso da área, te convido a vir comigo para saber um pouco mais sobre — ou simplesmente para relembrar — como se deu a origem dos fundamentos básicos econômicos.

Ao longo deste artigo, apresentarei de forma resumida, a definição de sistema econômico, as características gerais dos três modelos em atividade no mundo, e, ainda, exemplos de sistemas mais antigos que precederam o capitalismo e o socialismo. 

O que é um sistema econômico?

Termo bastante amplo, o sistema econômico é composto por pessoas e instituições, e abrange o conjunto de atividades desenvolvidas pela sociedade para ordenar a produção, distribuição e o consumo de bens e serviços com o objetivo de atender às necessidades humanas. 

Ao longo da história, diferentes agrupamentos sociais, em decorrência de contextos específicos, desenvolveram maneiras de definir quem será responsável pela produção de recursos, como essa produção será organizada e, por fim, como serão destinados os bens resultantes desse processo. 

Quais são os sistemas econômicos?

Embora os sistemas econômicos atuais sejam bem complexos, a conceituação histórica ainda pode ser aplicada. Uma vez que o modelo econômico adotado por um país é caracterizado, até hoje, pelo modo como os serviços e os bens são estendidos à sua população. 

As definições mais aceitas para explicar a economia atual dão conta de três sistemas econômicos em atividade: capitalismo, socialismo e economias mistas

Sistema econômico capitalista

O mais antigo e popularizado sistema econômico em vigência, o capitalismo é, em suma, o modelo que se baseia na propriedade privada dos meios de produção, visando o lucro e o acúmulo pessoal de riquezas

Nesse método de organização social, as atividades são controladas pelo mercado e, em tese, com pouca ou nenhuma intervenção por parte do Estado. Na teoria, a economia se autorregula pela lei da oferta e da procura.

Segundo o Oxford English Dictionary (OED), o termo “capitalismo” foi usado pioneiramente pelo escritor William Makepeace Thackerey em sua obra “The Newcomes” (1845), como sinônimo de “ter a posse do capital“. O termo, porém, já havia sido cunhado na Enciclopédia, em 1753, com o significado “estado de quem é rico”.

O desenvolvimento das primeiras sociedades capitalistas semelhantes às que conhecemos hoje — com relações sociais baseadas no dinheiro e na divisão entre uma classe majoritária de trabalhadores assalariados e uma classe econômica e política dominante, responsável pelo controle da riqueza — ocorreu no século XVIII, na Europa, em um processo que mitigou o mercantilismo, levando à Revolução Industrial. 

Desde então, o capitalismo, com diferentes graus de intervenção do Estado, se tornou o sistema econômico dominante no mundo ocidental. Apoiadores do sistema costumam defender os avanços econômicos, tecnológicos e ampla gama de produtos desenvolvidos como as vantagens desse modelo social.

Por outro lado, pensadores críticos ao capitalismo, destacam a exploração da mão de obra por uma classe minoritária, a desigualdade social e a priorização do lucro sobre o bem-estar social e o meio ambiente como alguns de seus problemas.

Sistema econômico socialista

Surgido como um contraste e uma resposta ao capitalismo, o sistema econômico socialista defende a criação de uma sociedade igualitária, focada no bem-estar social, em vez do lucro.

Na teoria, no socialismo, a presença do Estado é forte, a economia é planificada pelo Governo e a sociedade controla os meios de produção. 

Uma das teorias mais reconhecidas dá conta que a palavra “socialismo” vem do latim “sociare“, que significa “compartilhar”. A criação do termo também é reivindicada pelo filósofo francês Pierre Leroux, que alegou ter sido o primeiro a utilizar a palavra “socialismo” em um artigo do jornal Le Globe, em 1832, como antagonismo ao sentido de “individualismo”. 

A primeira linha de pensamento socialista, conhecida como utópica ou reformadora, foi uma resposta aos problemas originados pela Revolução Industrial, uma correção do capitalismo. Ao fim do século XIX, o socialismo científico, desenvolvido por Karl Marx e Friederich Engels, aprofundou esse sistema econômico, transformando-o em um sistema oposto ao capitalismo, onde os meios de produção seriam controlados pela e para a sociedade.

Atualmente, partidos e governos socialistas, mistos ou mais puros, estão presentes ao redor de todo o globo. Baseados em ideias progressistas mais recentes, muitos socialistas atuais têm defendido causas como o ambientalismo e o feminismo. 

Entre as vantagens apontadas pelos socialistas estão a justiça social, a diminuição da desigualdade, a garantia de direitos humanos básicos para todos, a prevenção de exploração trabalhista e o bem-estar social.

Os críticos, por sua vez, costumam apontar que em um sistema econômico socialista o controle do Estado, historicamente, tende a se transformar em autoritarismo. Também listam a inovação e a tecnologia, que podem ser defasadas, a fuga de capital e surgimento de dificuldades para investidores e as taxações que, para garantir o bem-estar social, costumam ser caras.  

Sistema econômico misto

Embora tanto o capitalismo quanto o socialismo possuam bases bem fundamentadas, na prática, cada qual deu origem a diferentes vertentes político-econômicas, que divergem em certos pontos de seus princípios fundamentais. É por isso que teóricos defendem que boa parte das economias existentes atualmente são, na verdade, sistemas econômicos mistos.

Muitos países, entre eles grandes economias europeias, combinam elementos teoricamente divergentes, como mercado livre, intervenção estatal e planejamento econômico. Defendem, por exemplo, tanto o direito à propriedade privada, bem como o desenvolvimento de políticas sociais que visam reduzir a desigualdade e garantir acesso da população a direitos básicos como educação, habitação, entre outros.

Dois padrões híbridos econômicos foram consolidados nos anos 1990. O primeiro, conhecido como terceira via, teve por princípio criar um modelo capitalista orientado pelo “welfare state” (estado de bem-estar social) e por uma releitura do liberalismo clássico, aplicado somente ao plano econômico. O outro modelo, criado na China, foi alcunhado como socialismo de mercado. Esse sistema propôs a mescla da regulação do mercado com uma economia planificada.

Quais os elementos fundamentais de um sistema econômico?

Como visto, o sistema econômico é definido com base em princípios econômicos, políticos e sociais que direcionam uma determinada sociedade. O termo abrange, então, os tipos de propriedade, os processos produtivos e de distribuição, o consumo e o acesso aos bens, entre outros.

Dessa maneira, os três elementos básicos de um sistema econômico são:

  • Estoque de recursos produtivos: a mão de obra e a capacidade empresarial, o capital, a terra e as reservas naturais e a tecnologia;
  • Complexos de unidade de produção: ou seja, as empresas;
  • Organização social: instituições políticas, jurídicas e econômicas e sociais.

Quais os exemplos de sistemas econômicos ao longo da história?

Se hoje em dia os sistemas econômicos em vigência se resumem a três modelos — capitalista, socialista e misto —, antes deles, diferentes tipos de sociedade se organizaram e orientaram de maneiras distintas a sua forma de produzir e distribuir bens.

De modo cronológico, entre os mais famosos modelos econômicos desenvolvidos ao longo da história estão: 

  • Sistema primitivo: antes do surgimento do Estado e, portanto, das sociedades organizadas, as relações entre as pessoas se dava pelo coletivismo. As atividades se resumiam à caça, pesca e coleta de frutos e raízes. O trabalho, as terras e as conquistas pertenciam a todo o agrupamento;
  • Sistema asiático: é a origem das primeiras sociedades organizadas. Nesse sistema, o Estado era absolutista, controlado por um rei, imperador ou faraó. As terras eram de exclusividade do Estado, e a economia era, via de regra, agrícola. Para trabalhar na terra, os camponeses deviam pagar impostos ao monarca;
  • Sistema escravista: surgido nas civilizações grega e romana, se desenvolveu em paralelo a criação das cidades, divisas de terra e da propriedade privada. A sociedade permanecia estamental e a mão de obra escrava, por meio da perseguição e dominação de povos, se tornou a principal alternativa para manter as terras conquistadas pelos nobres por meio de batalhas;
  • Sistema feudal: nessa organização social, o sistema era fundamentado na relação entre servos e senhores. As terras pertenciam aos senhores, e os servos produziam em troca de moradia e alimento. A economia era agrícola e de subsistência.

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Entender a história é se munir de ferramentas para compreender o presente e aprender a olhar para o futuro – pensou que o mercado financeiro era composto apenas por números? Nada disso: o sistema econômico é complexo e demanda muito estudo sobre a sua teoria também.

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Comentários

Gessica - 28/11/2023

Amei esse artigo. Estou estudando esse assunto no curso técnico e "um pulinho" aqui me ajudou a fixar mais o assunto. Rsrs

Arunito Sadjo - 19/12/2023

Gostei bastante