Com o Project Finance, tanto empresas privadas como o setor público se beneficiam dessa modalidade de financiamento, que é liquidada a partir dos próprios retornos. Não conhecia esse meio ainda? Então, vem comigo que eu vou te explicar todos os detalhes.

O que é Project Finance?

O Project Finance é uma modalidade de financiamento voltada especificamente para empreitadas de grande porte. Como o abatimento da dívida do projeto é feito a partir do próprio retorno da obra, o Project é indicado para infraestruturas de médio ou longo prazo.

O maior exemplo de Project Finance, e também o mais clássico, é o Eurotúnel que conecta a Inglaterra à França por meio do Canal da Mancha. Naturalmente, a infraestrutura era de grande porte e, via de regra, implicaria em um processo burocrático gigantesco. Afinal, estamos falando do dinheiro público de dois países diferentes.

Para encurtar o processo e torná-lo mais fácil, o Project Finance foi a solução. Ou seja, através desse modelo de autofinanciamento, que contou até mesmo a venda de ações, a empreitada foi inegavelmente bem-sucedida.

Qual a diferença entre Project Finance e Corporate Finance?

O Corporate Finance é uma modalidade mais tradicional de investimento, na qual o patrimônio líquido de determinada empresa serve de garantia para o empréstimo de recursos. No Project Finance, pelo contrário, a garantia está nas receitas futuras do projeto, já que não haveria capital líquido suficiente para iniciar a empreitada de outra forma.

Caso o projeto financiado não dê retorno, o Corporate Finance prevê que o credor deve receber o que for estipulado em contrato. Um dos métodos clássicos utilizados pelo Corporate é a venda de ações.

Quais as vantagens do Project Finance?

Basicamente, temos três pilares que tornam o Project Finance bem vantajoso para grandes obras:

1 – Melhor definição de riscos

Para ser financiada dessa forma, a empresa responsável pelo projeto deve apresentar um projeto extremamente detalhado e realista sobre as expectativas de receitas futuras, após a concretização da empreitada. 

Possíveis excessos orçamentários, quantificação da produção, produtos específicos, metas e cronograma físico são alguns dos elementos que precisam fazer parte desse resumo do projeto.

A razão para este cuidado é que, no Project Finance, normalmente temos uma organização privada encarregada de autorizar o financiamento. Assim, a partir dessa análise minuciosa sobre os planos da obra é possível tentar minimizar os possíveis riscos.

2 – Compartilhamento de riscos

Ainda no âmbito dos riscos, temos a quantidade de instituições envolvidas no contrato. A lógica aqui é que se tivermos três diferentes entidades, por exemplo, estamos falando de três capacidades de endividamento diferentes. Quando as somamos, temos um respiro muito maior para dar vida ao projeto. Em resumo, um contrato assinado por várias empresas traz mais segurança para todos os envolvidos e para a obra em si.

3 – Maior alavancagem de recursos

Por fim, novamente temos um benefício que vem da quantidade de instituições envolvidas no Project Finance. O número maior de participantes torna mais fácil a alavancagem de recursos, especialmente em comparação aos modelos tradicionais de financiamento. Como resultado, temos mais um fator que reduz o risco da obra.

Quais os riscos do Project Finance?

O maior risco causado pelo Project Finance é quando um projeto extrapola os limites orçamentários para além do que foi previsto e quando a obra sofre atrasos. Ambos os problemas são extremamente sérios e acabam afetando a viabilidade da empreitada. 

Além deste, há ainda alguns outros riscos inerentes à modalidade. Dá uma olhada:

  • Risco de produto: quando o preço do produto cai e, por consequência, o caixa gerado não atinge as metas esperadas;
  • Risco de aumento de custos: quando recursos, como matéria-prima e eletricidade, sofrem alterações nos seus preços. Aqui, podemos incluir operações do mercado futuro;
  • Risco de obsolescência: quando a empreitada tem o risco de se tornar obsoleta, bastante comum aos projetos relacionados à tecnologia – estes, inclusive, geralmente não são aceitos no Project Finance;
  • Risco ambiental: se refere às alterações ambientais causadas pela obra. Em geral, esse risco é reduzido pelo fato de que o Project Finance necessita da aceitação do projeto antes de começá-la. Porém, nada impede que, futuramente, outras exigências sejam feitas;
  • Riscos de força maior: quando fatores externos e fora de nosso controle afetam a obra, como momentos de crise ou fenômenos da natureza;
  • Riscos de performance operacional: estes se referem aos riscos que envolvem a participação das indústrias que fornecem equipamentos e recursos para a obra. Para reduzi-lo, o mais recomendável é que haja apenas um fornecedor. Porém, na prática, por estarmos falando de projetos de grande porte, é natural que isso seja uma orientação bem difícil de seguir.

Quando utilizar o Project Finance?

O que, afinal, configura a situação ideal para utilizar o Project Finance em vez de um modelo tradicional de financiamento? Primeiramente, levamos em consideração o custo do projeto.

Se a empreitada exigir um investimento inicial bem maior do que aquele que sua empresa responsável tem para oferecer, então o financiamento tradicional já não é mais possível. Isso acontece porque, dependendo do tamanho de seu patrimônio, uma organização pode não conseguir nenhuma oferta de empréstimo que seja boa o suficiente.

Outra razão que favorece a escolha do Project Finance é que esta modalidade não impacta o crédito corporativo da empresa em questão. Assim, caso o local precise de caixa para outros investimentos, este ainda estará disponível.

Quais são as características marcantes do Project Finance?

Atenção, esse é um tema que você verá em muitos exames por aí! Além da sua adequação para empreitadas de grande porte e do seu retorno através do próprio projeto, temos ainda uma lista de características que dizem respeito à sua burocracia

  • A implementação do projeto pode configurar uma Sociedade de Ações. Assim, é possível separar os fluxos de caixa, o patrimônio e os riscos da obra;
  • O fluxo de caixa previsto após a finalização do projeto devem ser suficientes para abater a dívida gerada;
  • O retorno sobre o investimento da obra deve ser de 8% ao ano;
  • O caixa da empreitada pode ser considerado como capital próprio de seus investidores;
  • O arbítrio da gestão, bem como o direito de regresso dos credores são limitados.

Qual a estrutura do Project Finance?

A configuração do Project Finance começa pelo fato de que o projeto é uma entidade jurídica. Ou seja, é formada uma nova empresa sob o formato de Sociedade de Propósito Específico (SPE).

Na prática, sua estrutura tem como base seus fluxos de caixas futuros – afinal, como você já sabe, é esse dinheiro que vai reembolsar os investimentos realizados na obra. Dessa forma, temos essa engenharia financeira cujos pilares são as receitas que virão e os ativos do projeto.

Essa dinâmica é, inclusive, bastante comum em iniciativas de longo prazo por parte do governo e também em acordos de Joint Venture, ou seja, quando duas empresas formam uma sociedade temporária em prol de um objetivo específico e sem caráter definitivo, a fim de compartilhar despesas, lucros e obrigações.

Quais são os participantes de um Project Finance?

A estrutura do Project Finance é formada pelas seguintes partes:

  • A organização que começou a iniciativa do projeto;
  • Uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), composta pelos investidores do projeto;
  • Investidores de 3º nível. Ao contrário dos tradicionais, que investem em projetos prontos, estes investem em empreitadas em andamento e a longo prazo;
  • Bancos, especialmente se considerarmos que um Project Finance é comumente bastante complexo e requer a presença de uma instituição financeira de grande porte;
  • Uma empresa responsável por firmar o contrato do projeto;
  • Uma empresa a cargo da administração da obra;
  • Outros agentes de financiamento, como credores e fiduciários.

Quem pode fazer Project Finance?

O Project Finance é uma alternativa possível tanto para empreitadas realizadas por governos quanto por empresas privadas. Ou seja, a modalidade está disponível, desde que tenha seu projeto aprovado.

Recapitulando: para isso acontecer, é preciso o desenvolvimento de um plano de ação extremamente detalhado e realista que considere todos os gastos e expectativas para a obra. 

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