Instantâneo e gratuito, o Pix rapidamente se tornou o método de transferência financeira mais querido do Brasil. Antes dele, porém, quem precisava transferir dinheiro entre contas de bancos diferentes tinha duas opções: a Transferência Eletrônica Disponível (TED) e o Documento de Ordem de Crédito (DOC).

Com a ascensão do Pix, um desses métodos já ficou pelo caminho. O outro, talvez para sua surpresa, não apenas segue ativo, mas também movimenta mais dinheiro do que o Pix e todos os outros métodos de pagamento juntos. Ficou curioso?

Então, reserve alguns minutos e descubra o que são o TED e o DOC, as diferenças entre eles e, claro, o que levou um a cair em desuso enquanto o outro ainda permanece tão relevante.

O que é a transferência TED?

Sigla para Transferência Eletrônica Disponível, o TED é um método de transferência financeira utilizado para enviar dinheiro de uma conta corrente ou poupança para outra, entre bancos diferentes. Utilizado principalmente para operações de grandes quantias, o TED só pode ser realizado em dias úteis e não possui limite — nem mínimo e tampouco máximo — para valores. 

O TED foi criado em 2002 pelo Banco Central do Brasil com o objetivo de modernizar o sistema de transferências financeiras no país, permitindo que os valores fossem transferidos de forma mais rápida, segura e eficiente. 

Antes disso, as transferências bancárias eram feitas por meio de DOCs (Documentos de Ordem de Crédito), que tinham um limite de valor e levavam mais tempo para serem processados. O TED surgiu como uma solução para agilizar essas operações, com a principal vantagem de permitir que o dinheiro chegasse ao destinatário no mesmo dia, desde que realizado dentro do horário bancário. 

Como funciona o TED?

Embora menos prático que o Pix, o TED é uma forma simples e segura de transferir dinheiro. Para realizá-lo, basta ter uma conta de origem com saldo suficiente para o valor a ser transferido e eventuais taxas, além de informações básicas da conta de destino.

As transferências podem ser feitas pelo aplicativo do banco, internet banking, caixa eletrônico ou diretamente no guichê da agência bancária, dependendo da preferência ou necessidade do remetente — quem envia o dinheiro. Independentemente do método escolhido, o processo é igualmente simples:

  • Caixa eletrônico: Insira o cartão do banco e siga as instruções para transferências. Após concluir, guarde o comprovante até confirmar o crédito na conta de destino;
  • Internet banking ou aplicativo: Acesse sua conta pelo site ou app do banco, selecione “transferências”, insira os dados necessários e siga os procedimentos de segurança, como senha ou autenticação;
  • Agência bancária: Em casos específicos, como valores acima do limite diário, pode ser necessário ir à agência para cadastrar o favorecido ou realizar a transferência no guichê.

Não há limites de valor para o TED, e as transferências realizadas até às 17h em dias úteis são compensadas no mesmo dia. Caso contrário, o valor será transferido no próximo dia útil.

TED cai na hora?

Não. Diferentemente do Pix, o TED não cai na hora. As transferências feitas por esse método podem levar até um hora para serem descontadas.

Para agilizar o processo, é importante que o remetente observe o horário limite de funcionamento do banco, que normalmente é até as 17h (horário de Brasília) em dias úteis. No entanto, esse horário pode variar entre instituições bancárias.

Se a transferência for realizada dentro desse prazo, o valor é creditado no mesmo dia. Caso contrário, o dinheiro será transferido no próximo dia útil.

O que era a transferência DOC?

Sigla para Documento de Ordem de Crédito, o DOC foi um método de transferência bancária descontinuado em 2024, após quase 40 anos em funcionamento.

O DOC (Documento de Ordem de Crédito) foi criado em 1985 pelo Banco Central do Brasil com o objetivo de permitir transferências de valores entre contas bancárias de diferentes instituições. Ele surgiu como uma alternativa para facilitar transações financeiras antes do advento de tecnologias mais modernas, como o TED e o Pix.

Além de um limite de R$4.999,99 por transferência, os valores enviados por DOC só eram compensados no dia útil seguinte — desde que feitos até as 22h —, ou mesmo no posterior, a depender do horário da operação.

Qual a diferença entre TED e DOC?

A principal diferença entre o TED e o DOC é que o primeiro ainda está ativo, enquanto o segundo foi recentemente descontinuado.

Sob uma perspectiva histórica, o TED surgiu como uma evolução do DOC, trazendo uma tecnologia mais moderna e eficiente para transferências entre clientes de diferentes bancos. Antes do surgimento do Pix, essas duas modalidades eram as principais formas de envio de dinheiro no Brasil.

Entre as principais diferenças que existiam entre TED e DOC, destacam-se:

CritériosTEDDOC
Status AtualAinda ativoDescontinuado
Tempo de CompensaçãoMesma data (se realizado até 17h)No dia útil seguinte
Valor MáximoSem limiteAté R$ 4.999,99

Além disso, era comum existir uma diferença nas taxas cobradas por cada um desses serviços. Por oferecer vantagens como a inexistência de limites de valor e a possibilidade de compensação no mesmo dia, o TED geralmente tinha um custo maior em comparação ao DOC.

Quais as taxas para TED?

A maioria das instituições financeiras cobram taxas para a realização de TEDs. O valor dessas tarifas pode variar de banco para banco. Pode depender ainda do perfil do cliente e do pacote de serviços contratados.

Qual o valor da taxa do TED?

Os valores da taxa do TED variam conforme as políticas tarifárias de cada banco, bem como da forma escolhida para realizar a transferência. 

Embora não seja uma regra, a taxa dos TEDs realizados por por meios eletrônicos (caixa eletrônico, internet banking ou aplicativo) costuma ser mais barata do que para transferências solicitadas presencialmente no guichê das agências.

Para ter uma ideia mais aproximada desse custo, separei abaixo os valores cobrados por algumas instituições financeiras populares:

Instituição financeiraTED Pessoal (Guichê)TED Eletrônico (Caixa eletrônico, Internet Banking ou App)
BradescoR$ 27,45R$ 13,10
SantanderR$ 24,85R$ 13,15
Banco do BrasilR$ 23,50R$ 11,80
Caixa Econômica FederalR$ 23,50R$ 15,00
ItaúR$ 20,70R$ 11,10
InterR$ 15,00R$ 15,00
SicoobR$ 13,00R$ 12,00
SicrediR$ 13,00R$ 9,00

Fonte: Banco Central / Valores referentes a janeiro de 2025

Caso queira conferir a taxa TED de uma instituição financeira em específico não presente na tabela acima, é só verificar essa informação diretamente no site do Banco Central, que compila de forma atualizada os preços de todos os serviços oferecidos pelos bancos.

Quando o TED é cobrado?

O TED é cobrado por evento. Ou seja, sempre que uma transferência é realizada entre contas de instituições financeiras diferentes, a menos que o cliente possua isenção de tarifas no seu pacote de serviços ou esteja utilizando uma conta que ofereça transferências gratuitas.

Existem alguns bancos que fornecem uma quantidade de TEDs gratuitos mensalmente e só passam a cobrar caso o cliente extrapole esse limite. Existem outros, ainda, que não cobram esse tipo de serviço. 

Como evitar as taxas de TED?

A maneira mais prática de evitar taxas de TED atualmente é utilizar o Pix, que é gratuito para pessoas físicas, tanto para enviar quanto para receber valores.

 Outra alternativa, naturalmente, é escolher instituições financeiras que não cobram por esse serviço. Fintechs como o Nubank, por exemplo, costumam oferecer TEDs gratuitos e ilimitados.

No entanto, é sempre importante verificar as condições específicas de cada instituição para garantir a isenção dessas tarifas.

O que é preciso para realizar uma TED?

Para efetuar uma transferência via TED, é essencial fornecer as seguintes informações:

  • CPF ou CNPJ do titular da conta de destino;
  • Valor a ser transferido;
  • Tipo de transferência (TED ou DOC);
  • Tipo de conta (corrente, poupança ou pagamento);
  • Dados bancários (banco, agência e número da conta).

Os códigos bancários podem ser encontrados no aplicativo do banco ou no site do Banco Central. É importante atenção ao preenchimento, já que qualquer erro pode cancelar a operação e o valor será automaticamente estornado para a conta de origem.

Em situações de erro no valor transferido, o remetente pode solicitar o cancelamento diretamente ao banco, seja pelo aplicativo, telefone ou presencialmente.

TED e DOC vão acabar?

Ainda há quem não saiba, mas, na verdade, o DOC já não existe mais. O TED, contudo, segue ativo e sem previsão para acabar.

O DOC foi oficialmente extinto em 29 de fevereiro de 2024. Após quase 40 anos de história, o método que surgiu como uma solução segura para transferências de recursos entre contas de bancos diferentes, se tornou obsoleto. 

Para ter uma ideia, com apenas um mês de funcionamento, o Pix já havia ultrapassado os Documentos de Ordem de Crédito no número de transações feitas. De acordo com levantamento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febrapan), no primeiro semestre de 2023, representaram apenas 0,05% do total de transações feitas no país, ficando atrás até mesmo dos cheques.

Muito embora esteja longe de ser o método de transferência mais utilizado, o TED, por sua vez, não deve ser descontinuado tão cedo, já que é muito utilizado para transferências de grandes quantias.

Ainda segundo a Febraban, em 2023, o total de operações feitas via TED foi de 892 milhões, ficando atrás de boleto, débito, crédito e, óbvio, do Pix — que, sozinho, superou o total somado ao de todos os demais. 

Por outro lado, quando o assunto são valores movimentados a história é diferente. O TED, nesse quesito, ainda ocupa a posição mais alta no pódio. Os valores transacionados via Transferência Eletrônica Disponível, no mesmo período, ultrapassaram os R$40 trilhões, o que representa mais que o dobro do dinheiro movimentado via Pix.

Atenção: desde o anúncio do fim do DOC, ainda hoje é comum encontrar artigos e notícias na internet que divulgam erroneamente que o TED também deixou de existir. Esse equívoco se dá porque muita gente acabou por confundir o TED com o TEC (Transferência Eletrônica de Crédito), o qual foi descontinuado junto aos Documentos de Ordem de Crédito.

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Comentários

Camila - 15/03/2018

Ótimo artigo!!! Parabéns... eu utilizo mais o Ted

Kleber Stumpf - 15/03/2018

Que bom que você gostou Camila! Sim, eu também... hoje é tudo muito rápido, não faz mais sentido utilizar DOC! Qualquer coisa só me chamar! Um grande abraço, Kléber Stumpf