Sabe aquele “D+algum número” que aparece quando você está analisando um fundo de investimento? Ele indica o número de dias necessários para que o dinheiro aplicado seja convertido em cotas — ou, no caso de um resgate, para que as cotas sejam transformadas novamente em dinheiro na sua conta.
Esse processo tem nome: cotização.
Quer entender melhor como tudo isso funciona? Então vem comigo! Aqui você vai aprender:
- O que é cotização?
- Como funciona a cotização de um fundo?
- O que é cotização de resgate?
- O que significa D+0, D+1, D+2 no prazo de cotização?
- Quais são os tipos de prazo de cotização?
- Quais as diferenças entre prazo de cotização, resgate e liquidação?
- De que forma a cotização afeta seus investimentos?
Bora entender esse tal de D+0, D+1 e companhia?
Vamos lá?
O que é cotização?
Cotização é o nome dado ao processo que transforma o valor aplicado por um investidor em cotas de um Fundo de Investimento (FI) — ou, no caso do resgate, converte essas cotas de volta em dinheiro.
Na prática, a cotização representa o prazo necessário para que o fundo registre essa conversão. É o tempo que o gestor precisa para transformar dinheiro em cotas (quando você aplica) ou cotas em dinheiro (quando você resgata — processo também conhecido como “descotização”). Esse prazo geralmente aparece como D+0, D+1, D+2, e por aí vai — indicando quantos dias úteis esse processo leva.
Ou seja, diferentemente de outros ativos, nos Fundos de Investimento nem a aplicação e nem o resgate são automáticos.
A existência desses prazos não é por acaso. Essa estrutura de etapas é uma medida de segurança para todas as partes — para a instituição financeira, investidor, demais cotistas e, a depender do fundo, para o mercado como um todo.
Isso porque a compra e venda dos ativos do fundo exige cuidado. É preciso calcular valores com precisão, fazer transações seguras e movimentar recursos de forma estratégica. Os prazos de cotização garantem que o gestor execute tudo isso com ordem e calma — evitando decisões apressadas que possam prejudicar os cotistas ou causar instabilidade no mercado.
Como funciona a cotização de um fundo?
Para entender melhor como funciona a cotização, vale dividir a explicação em duas partes:
- Como o dinheiro é convertido em cotas (no momento da aplicação);
- Como as cotas são convertidas em dinheiro (no momento do resgate).
1. Aplicação: dinheiro → cotas
Quando você investe em um fundo, o dinheiro aplicado é dividido em cotas — que representam uma pequena fração da carteira. Por exemplo: ao investir R$1.000,00 em um fundo cuja cota vale R$100,00, você passará a ter 10 cotas daquele fundo.
Contudo, essa conversão não é instantânea. Cada fundo tem um prazo de cotização para aplicação, que pode ser de D+0, D+1, D+2, ou mais — sempre considerando dias úteis. Isso significa que, se o fundo tem cotização D+1, o número de cotas que você vai receber será definido com base no valor da cota do dia útil seguinte à data da aplicação.
Você aplica R$1.000 em um fundo com cotização D+1 na segunda-feira. O valor da cota que definirá quantas cotas você receberá será o de terça-feira (D+1). Se na terça-feira a cota estiver em R$100,00, você terá 10 cotas. Se estiver em R$105,00, você terá aproximadamente 9,52 cotas. E assim por diante.
2. Resgate: cotas → dinheiro
O mesmo raciocínio também vale para o resgate: quando o investidor solicita o resgate de suas cotas, elas não são convertidas imediatamente em dinheiro.
O fundo precisa de um prazo para calcular o valor das cotas e realizar a venda dos ativos da carteira, se necessário. Esse período é chamado de prazo de cotização do resgate.
Assim como na aplicação, esse prazo pode ser D+0, D+1, D+2, e por aí vai. A diferença é que ele indica em quantos dias úteis o valor da cota será apurado para saber quanto o investidor vai receber.
Se, por exemplo, você solicitar o resgate de 10 cotas na segunda-feira, o fundo tem cotização D+2. O valor da cota que será usado para calcular quanto você receberá será o de dois dias úteis depois, ou seja, quarta-feira. Caso a cota esteja valendo R$100,00, você receberá R$1.000,00. Mas se estiver valendo R$95,00, o valor do resgate será R$950,00.
Em resumo: a data de cotização indica quando o dinheiro se transforma em cota (na aplicação) ou quando a cota se transforma em dinheiro (no resgate). Nesse intervalo, o preço da cota pode variar.
O que é cotização de resgate?
A cotização de resgate é o processo que transforma as cotas do investidor em dinheiro. Trata-se do intervalo entre a solicitação do resgate e a data em que o fundo apura o valor da cota que será usada para calcular o montante a ser devolvido.
Durante esse período, as cotas continuam rendendo normalmente, o que significa que o valor final do resgate pode variar conforme o desempenho do fundo. Quanto maior o prazo de cotização, maior também a exposição à volatilidade do mercado.
O prazo de resgate consta na lâmina e no regulamento do fundo, e aparece sempre como “D + algum número”.
Já sei, agora você deve estar se perguntando, mas afinal:
O que significa D+0, D+1, D+2 no prazo de cotização?
Essas siglas representam simplesmente o número de dias entre as datas de solicitação do resgate e de cotização — ou seja, o dia em que será apurado o valor da cota que servirá de base para calcular a quantia a ser devolvida ao investidor. Fácil, né?
Mas para melhor fixar esse conceito, vale aqui o exercício de desmembrar essa sigla e explicar cada um de seus componentes:
- D = representa o dia da solicitação do resgate. É o dia útil em que o cotista faz o pedido ao fundo, respeitando o horário limite (geralmente até as 13h ou 14h, mas isso pode variar conforme a gestora);
- + = indica que será contado um prazo a partir do dia D. Ou seja, o evento (cotização ou liquidação) não ocorre no mesmo dia, mas após ele;
- Número (0, 1, 2, 3…) = corresponde à quantidade de dias úteis que se deve esperar a partir de D para que as cotas sejam convertidas em dinheiro. O valor base para cálculo do resgate será o da cota do respectivo dia (D+1, D+2…).
Portanto:
- D+0: significa que a cotização acontece no mesmo dia útil da solicitação;
- D+1: a cotização ocorre no dia útil seguinte ao pedido;
- D+2: a cotização se dá dois dias úteis após a solicitação.
Por exemplo, se você solicitar o resgate de suas cotas de um fundo D+4 em uma segunda-feira (dentro do horário limite), o valor a ser recebido só será calculado quatro dias úteis depois, com base no preço da sexta-feira.
É importante notar que essas siglas valem tanto para a aplicação quanto para o resgate. Contudo, na maioria das vezes, esses prazos não são iguais:
- Aplicações: são normalmente cotizadas em D+0 ou D+1, para que o gestor comece a investir os recursos rapidamente;
- Resgates: costumam ter prazos maiores (como D+3 ou D+5), para dar tempo ao gestor de vender ativos e honrar o pagamento sem prejudicar os demais cotistas.
Cabe ainda dizer que, no resgate, muitas vezes, após o prazo de cotização, pode haver ainda um prazo adicional de liquidação até o dinheiro efetivamente cair na conta. Mas sobre isso, falarei com mais profundidade, adiante.
Quais são os tipos de prazo de cotização?
Existe um período entre o pedido de resgate das cotas e o retorno do valor ao investidor. Em alguns fundos, isso pode levar poucos dias; em outros, semanas — ou até mais. De acordo com esse prazo, os fundos costumam ser categorizados em dois tipos principais:
- Fundos com cotização rápida: o processo de converter cotas em dinheiro costuma levar até 5 dias úteis;
- Fundos com cotização lenta: a duração pode passar de 15 dias.
Mas por que alguns fundos têm cotizações rápidas e outros demoradas? Como que esse período pode variar tanto?
Bom, esse tempo necessário para a cotização pode indicar eficiência na gestão e, às vezes, fazer parte da estratégia adotada. Porém, o mais comum é que seja reflexo do tipo de ativos que compõem o fundo.
Para esclarecer melhor, permita-me aprofundar um pouco mais na explicação sobre cada tipo de cotização.
Cotização rápida
Embora não seja regra, fundos com investimentos em renda fixa ou indexados ao CDI costumam ter cotização mais ágil. Isso porque aplicam em ativos de alta liquidez e com menor volatilidade, como o Tesouro Selic ou CDBs.
Como esses papéis podem ser vendidos facilmente, o fundo consegue converter cotas em dinheiro com rapidez, sem comprometer o rendimento dos demais cotistas.
Por isso, nesses casos, o prazo de cotização costuma variar entre D+1 e D+5.
Cotização lenta
Já fundos como os multimercado, de ações e ou de câmbio levam mais tempo para disponibilizar o resgate ao investidor.
Isso acontece porque investem em ativos mais voláteis e que exigem mais estratégia e cuidado na venda, como ações — que nem sempre têm liquidez imediata.
Imagine um fundo com boa parte aplicada em ITUB4: ao receber um pedido de resgate, o gestor precisa vender ações para levantar o valor. Se o prazo for curto e o mercado estiver em queda, isso pode forçá-lo a vender com prejuízo.
Por outro lado, com um prazo mais longo (como 15 dias), o gestor tem mais flexibilidade para vender os ativos no melhor momento, reduzindo perdas — ou até obtendo lucro.
Quais as diferenças entre prazos de liquidação, resgate, aplicação e cotização?
Uma coisa que costuma confundir muita gente são os diferentes prazos envolvidos num fundo de investimento: cotização, aplicação, liquidação e o próprio resgate. Felizmente, as diferenças entre eles não são difíceis de entender — e, uma vez compreendidas, tudo começa a fazer sentido. Olha só:
- Prazo de cotização: é o tempo necessário para o fundo transformar dinheiro em cotas (no caso da aplicação) ou cotas em dinheiro (no caso do resgate). É quando o valor da cota é efetivamente calculado;
- Prazo de aplicação: é o intervalo entre a solicitação da aplicação e o momento em que o valor investido passa a render, ou seja, quando é convertido em cotas;
- Prazo de liquidação: é o tempo entre a cotização do resgate (quando a cota é calculada) e o pagamento do valor ao investidor. É quando o dinheiro, de fato, cai na conta;
- Prazo de resgate: corresponde ao total de dias úteis entre o pedido de resgate e o recebimento do dinheiro. Ou seja, ele engloba a cotização + liquidação.
Lembra que, mais cedo, eu disse que o prazo de cotização nem sempre corresponde ao dia em que o investidor vai ter acesso ao dinheiro? Isso está mais claro agora, né?
Por exemplo, se o fundo tem cotização em D+2 e liquidação em D+3, um pedido feito na segunda-feira será cotizado na quarta-feira, mas o dinheiro só cairá na conta na sexta-feira — totalizando cinco dias úteis para o resgate.
De que forma a cotização afeta os investimentos?
A cotização é um fator importante a considerar na hora de escolher um fundo — e pode, inclusive, influenciar diretamente a decisão de investir ou não. Investidores mais conservadores ou que possam precisar do dinheiro no curto prazo devem estar especialmente atentos a isso.
A principal questão envolvida é a liquidez, mas não apenas isso: o prazo necessário para converter dinheiro em cotas (ou o contrário) também pode acrescentar riscos ao investimento.
Em primeiro lugar, a cotização está diretamente ligada à agilidade da gestão do fundo em transformar recursos em cotas, e cotas de volta em dinheiro. Em caso de emergência ou de oportunidade, por exemplo, o capital aplicado num fundo com cotização lenta pode acabar inacessível no momento em que você mais precisa.
Além disso, quanto maior o prazo de cotização, maior a exposição do investidor às oscilações do mercado até que o valor da cota seja efetivamente apurado. Esse prazo também pode ser um indicador da complexidade da estratégia do fundo: cotizações mais longas costumam significar maior liberdade para o gestor operar com ativos menos líquidos — o que pode aumentar o potencial de retorno, mas também o risco.
Quer aprender mais sobre Fundos de Investimento?
Os Fundos de Investimento são uma excelente opção para quem está começando a investir ou para aqueles que não têm tempo (ou paciência) de acompanhar o mercado. Ao comprar cotas de um FI, você delega toda a responsabilidade da aplicação a um especialista. Assim de prático.
Mas, como em todo investimento, há detalhes que fazem diferença. A cotização é um deles. Quem ignora essa informação pode acabar em apuros se precisar resgatar o dinheiro com urgência — especialmente em fundos com cotização mais lenta.
E esse é só um dos cuidados necessários. Para investir com segurança e aproveitar boas oportunidades, é preciso entender como os fundos funcionam e identificar quais combinam com o seu perfil e objetivos.
Ou seja: é preciso estudar.
Mas calma — você não está sozinho nessa. Tanto no blog quanto no canal da TopInvest no YouTube, você encontra conteúdos gratuitos, claros e diretos sobre fundos e muitos outros produtos financeiros.
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