Eis aqui um conceito basicamente universal, mas com tantos significados subjetivos distintos: o dinheiro. Impossível falar desse assunto sem mencionar também tudo o que deriva dele: poder, estilo de vida, status, desigualdade, liberdade, oportunidades, ambição, alívio, desespero… O assunto é complexo — definitivamente daqueles onde transitamos mais por áreas cinzentas, do que por ideias que são “preto no branco”.
Afunilando um pouco o olhar e focando no que se costuma aprender em processos de educação financeira, temos no dinheiro um tema que precisa ser explorado com mais frequência, para que deixe de ser uma espécie de tabu — é isso o que eu tenho pra te propor dessa vez.
Seja você um profissional da área de finanças, um investidor ou simplesmente alguém interessado no tema, te convido a deixar de lado ideias pré-concebidas sobre o dinheiro e seguir comigo em uma reflexão sobre ele. Topa?
Ao longo deste artigo, vou responder algumas perguntas que com certeza já passaram pela sua cabeça — algumas mais técnicas, outras nem tanto. Olha só:
- De onde veio o dinheiro?
- Qual o conceito de dinheiro?
- O que é dinheiro para você?
- Para que serve o dinheiro?
Vamos lá?
De onde veio o dinheiro?
A origem do dinheiro é tão marcada por incertezas quanto a sua definição. Alguns especialistas acreditam que os cereais, conchas do mar e gramas de prata utilizados há milhares de anos são os primeiros registros desse meio de troca. Outros, porém, preferem atribuir o início de tudo às moedas utilizadas na Mesopotâmia (atual Iraque) ou na Anatólia (atual Turquia).
Se a ideia for definir o dinheiro como uma unidade monetária (e não especificamente as moedas e as cédulas), podemos pensar que uma das origens mais prováveis está nos sumérios da Mesopotâmia, que utilizavam cevada e cereais, por exemplo, como unidade de troca.
Além do valor desses recursos em si, também serviam como uma forma de determinar o valor de outras coisas. Algo mais ou menos assim: determinada quantia de prata, vamos supor, correspondia ao valor de determinada mercadoria ou promessa de pagamento.
Passando agora para o dinheiro em forma física, as primeiras moedas das quais temos notícias remontam a um passado distante, por volta de 640 a.C., na Anatólia, que hoje é a Turquia.
Feitas de uma liga de ouro e prata, e com o selo do rei Alíates da Lídia, são ainda mais antigas que aquelas utilizadas na China ou na Índia. A partir daí, não é difícil entender porque o formato físico seguiu sendo adotado: moedas cunhadas eram mais duráveis, fáceis de transportar e tinham um valor próprio — o que deixa tudo mais prático e simples.
Algo interessante de se avaliar, já que hoje muitas pessoas lidam mais com o dinheiro em versão digital, do que física. Seria essa uma prova de que, para além de moedas e cédulas, o dinheiro é um conceito e uma unidade monetária? É exatamente disso que vamos falar a seguir.
Qual o conceito de dinheiro?
O dinheiro é o instrumento que permite que as trocas aconteçam de forma prática. Em vez de trocar um produto por outro, como no escambo, usamos o dinheiro para comprar o que precisamos — seja um bem, um serviço ou até um produto de investimento.
Desse ponto de vista, podemos descrevê-lo também como uma ferramenta para medir o valor das coisas, guardar valor ao longo do tempo e facilitar os pagamentos no dia a dia. Dessa maneira, torna tudo mais simples: ajuda a organizar os preços, planejar o futuro e movimentar a economia de forma mais eficiente.
Como explicar o que é dinheiro?
Uma forma simples de explicar o que é dinheiro é dizer que ele é uma ferramenta que usamos para facilitar trocas. Em vez de trocar algo que você tem por algo que precisa, você usa dinheiro para pagar e escolher exatamente o que quer.
O dinheiro também é um meio de dar valor a objetos, serviços e ativos, guardar esse valor ao longo do tempo e permitir que a gente compre, venda e até o economize.
Naturalmente, essa é uma explicação bastante técnica. Se nem mesmo suas origens são claras, não é a definição que vai ser. Partindo para uma perspectiva mais subjetiva, o dinheiro ganha novos significados. Bora refletir mais sobre isso?
O que é dinheiro para você?
Status, poder, oportunidade, liberdade: mais do que um pedaço de papel ou número na conta, o dinheiro ganha significados distintos em cada pessoa. É, afinal, uma ferramenta que abre possibilidades: morar, comer, estudar, viajar, cuidar de quem a gente ama — tudo isso custa.
Ao mesmo tempo, é um conceito que não existe sem um lado negativo. Dívidas, aperto, desigualdade, trabalho, preocupação. Nenhuma realidade é igual à outra e, infelizmente, para muita gente o dinheiro carrega definições negativas. Quando falta, quando a remuneração não é justa e quando as condições não são favoráveis, o dinheiro ganha significados que são, na verdade, o oposto da liberdade.
Como você pode notar, a resposta para a pergunta acima varia, e depende de muitos fatores. Vamos continuar nos aprofundando nessa reflexão?
O que o dinheiro significa para você?
Acredite: encontrar uma resposta para isso é mais complexo do que parece inicialmente. Para te ajudar, separamos 15 perguntas para te guiar na descoberta do que o dinheiro significa para você:
- O que eu sinto quando penso em dinheiro? Tranquilidade, medo, culpa, liberdade…?
- Quando penso em ter mais dinheiro, o que eu gostaria de fazer com ele?
- O que eu acredito que o dinheiro pode me proporcionar?
- Eu vejo o dinheiro como um fim ou como um meio para algo maior?
- Quais momentos da minha vida foram marcados por falta ou sobra de dinheiro? O que aprendi com eles?
- Com que frequência me preocupo com dinheiro? Isso afeta meu bem-estar?
- Tenho facilidade ou dificuldade em falar sobre dinheiro com outras pessoas? Por quê?
- Sinto que mereço ganhar bem pelo que faço?
- O que me impede de usar o dinheiro com mais consciência ou leveza?
- Qual é a minha maior motivação para querer ganhar, guardar ou investir dinheiro?
- Qual foi a principal lição sobre dinheiro que aprendi com a minha família?
- Se eu tivesse dinheiro ilimitado, como eu usaria meu tempo?
- O que significa “sucesso financeiro” para mim?
- Prefiro segurança ou liberdade quando o assunto é dinheiro?
- O que me daria mais paz: ganhar mais ou gastar melhor?
Todos esses questionamentos nos mostram que a definição do dinheiro e a atribuição de um significado a ele é uma tarefa carregada de nuances.
Antes de prosseguirmos, deixo aqui mais uma reflexão para você: por um lado, o dinheiro tem o significado que damos a ele. Por outro, esse significado é carregado pelo valor que outras pessoas (ou empresas, ou nações) dão a ele — e nós precisamos nos encaixar nesse ritmo.
Quais as principais lembranças que você tem sobre dinheiro na sua família?
As lembranças que temos sobre dinheiro na família influenciam (e muito) a forma como lidamos com ele hoje. Como nenhuma experiência é única, veja só alguns exemplos de memórias que você provavelmente tem:
- Frases que ouviam com frequência: “Dinheiro não dá em árvore”, “Tem que trabalhar duro para ganhar a vida”, “Guardar é melhor do que gastar”;
- Atitudes marcantes: alguém da família que escondia dinheiro, ou que era muito controlado com os gastos… Ou o contrário: alguém que gastava tudo assim que recebia;
- Momentos difíceis ou marcantes: períodos de aperto financeiro, dívidas, perda de emprego, ou a comemoração por uma conquista importante, como comprar a casa própria;
- Hábitos repetidos em casa: fazer lista de compras e calcular tudo, guardar moedas num cofrinho, conversar (ou não) sobre dinheiro na mesa do jantar;
- Quem tomava as decisões financeiras: isso também diz muito — era alguém centralizador? Ou as decisões eram discutidas entre todos?
Como essas lembranças moldaram a sua forma de lidar com o dinheiro?
As memórias que você tem em relação a esse assunto geralmente revelam crenças que muitas vezes a gente carrega sem perceber — e que podem tanto ajudar quanto atrapalhar nossa relação com o dinheiro. Por isso, vale a pena pensar: o que eu repito hoje, sem querer, do que vivi na infância?
Por exemplo, se você cresceu ouvindo que “dinheiro é difícil de ganhar”, talvez hoje sinta culpa ao gastar com algo que deseja, mesmo tendo condições. Ou, se via alguém da família gastando tudo logo após o pagamento, pode ter desenvolvido o hábito de evitar qualquer controle financeiro, o que te leva a acreditar erroneamente que “não adianta tentar economizar”.
Pense nessas crenças como programas silenciosos que guiam nossas decisões. Elas moldam o que acreditamos ser possível financeiramente, como nos sentimos ao lidar com dinheiro, e até o quanto achamos que merecemos ganhar.
Algumas, é claro, nos fortalecem: como o valor do esforço, da disciplina, do planejamento. Outras, nos limitam — aqui, temos o medo de investir, a culpa por prosperar ou a crença de que dinheiro sempre vem com sofrimento.
Por isso, vale muito a pena parar e se perguntar:
- Quais atitudes minhas com o dinheiro parecem ter sido herdadas?
- O que, da minha história, eu quero manter? E o que já não faz mais sentido carregar?
A reflexão é importante, afinal, quando você finalmente consegue identificar essas heranças invisíveis em relação ao dinheiro, consegue também transformá-las. Desse jeito, fica mais fácil reconstruir a sua forma de administrar as próprias finanças e tornar os seus hábitos mais saudáveis e adequados com quem você é hoje (e com quem deseja ser).
Para que serve o dinheiro?
De um ponto de vista mais técnico, o dinheiro serve para a gente comprar o que precisa, adquirir produtos ou serviços, guardar para o futuro e realizar planos. De um viés mais subjetivo, o dinheiro é o que nos dá autonomia para fazer escolhas — seja cuidar da saúde, estudar, viajar, empreender ou simplesmente ter mais tranquilidade com o passar dos meses.
Aqui, trouxe uma lista de funções pessoais do dinheiro:
- Liberdade: o dinheiro te ajuda a fazer escolhas com mais autonomia, como decidir onde morar, trabalhar ou viajar. Serve, então, como ampliador de possibilidades e redutor de dependências;
- Prazer: com dinheiro, é possível investir mais em experiências que propiciam bem-estar, como lazer, hobbies e conforto;
- Status: o dinheiro pode ser usado para demonstrar conquistas, poder, posicionamento social ou estilo de vida — inclusive, ele é associado à ideia de sucesso com uma frequência altíssima;
- Segurança: ter dinheiro guardado dá mais tranquilidade para lidar com imprevistos, e também te ajuda a manter a estabilidade e planejar o futuro com mais confiança;
- Alavancagem: o dinheiro funciona como um recurso para crescer, seja abrindo um negócio, estudando ou aproveitando boas oportunidades de investimento;
- Comprovação: em alguns contextos, o dinheiro é visto como um sinal de competência, esforço ou mérito, o que o torna um instrumento de validação externa das conquistas pessoais.
Essa lista, é claro, apenas compila as diferentes serventias que o dinheiro tem, para diferentes pessoas. A ideia não é definir o dinheiro como um elemento exclusivo e indispensável para a felicidade, ou afirmar que ele é um atestado de sucesso e realização social. Aqui, meu papel é unicamente abrir caminhos na sua mente para olhar de outras maneiras para essa ferramenta que é tão presente no seu dia a dia, seja você um profissional das finanças ou não.
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Comentários
O dinheiro é a força de trabalho ,transportado para o papel .Com ele fazemos a troca por outras forcas de trabalho . Vejo dessa forma ,não sei se estou certo .
Oi Nonato, tudo bem? Todo ponto de vista é válido! hehehe Visite meu canal no YouTube! Adquira nosso curso completo da para as provas da ANBIMA. Siga a gnt no Intagram e não esqueça de compartilhar nosso conteúdo para que possamos continuar com a educação financeira gratuita. Siga-nos no instagram. Um abraço, Kléber Stumpf